Empresa anuncia demissão em massa; movimento tem a ver com o atual momento da indústria e, consequentemente, impacta o futuro do trabalho. Entenda!
Sede global da 3M, nos EUA (Foto: divulgação)
, jornalista
6 min
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3 mai 2023
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Não é apenas nas big techs que as demissões em massa assombram os corredores do escritório. Seja ele físico ou home office. Na indústria também.
O que aconteceu: a 3M ― conhecida pela fabricação de máscaras PFF2, post-it, tela para celular, entre outros ― anunciou a demissão de 6 mil pessoas. Esse movimento tem a ver com o atual momento da indústria e, consequentemente, impacta o futuro do trabalho (entenda mais adiante).
O motivo, segundo a companhia, é que a demanda por produtos manufaturados continua diminuindo. O crescimento da 3M estagnou em 2018.
Tanto que o desligamento em massa era esperado e já estava acontecendo ― não nessa magnitude:
A 3M tem portfólio diversificado: segurança e industrial, transporte e eletrônico, cuidados de saúde e consumo. E todos eles foram impactados.
Por quê? Por um lado, a queda dos resultados da empresa está relacionada à guerra comercial entre China e Estados Unidos. No entanto, outros acontecimentos também contribuíram, como a alta de juros em 2022, reabertura econômica instável da China, redução da demanda de respiradores com filtro e novos hábitos de consumo das pessoas.
Apesar de ser a maior fabricante de respiradores e máscaras dos Estados Unidos, a companhia não chegou em 2023 bem. A receita com a venda de modelos N95 foi de US$ 600 milhões em 2019 para US$ 1,5 bilhão em 2021. Porém, a dificuldade em atender à alta demanda por equipamentos de respiração durante a pandemia afetou a capacidade de lucro da empresa.
3M processada pelo exército americano: além disso, a 3M enfrenta um processo que pode fazê-la desembolsar entre US$ 1 bilhão e US$ 3 bilhões.
Isso porque, o exército americano comprou tampões de ouvido para proteger os soldados, no entanto, alguns dos itens estavam com defeito. Como resultado, alguns usuários ficaram surdos. Assim, a empresa foi processada.
Agora, a 3M faz um movimento contrário do habitual: se antes a ideia era ter um portfólio bem diversificado, agora menos será mais.
“A 3M está realizando ações de reestruturação que visam tornar a 3M mais forte, mais enxuta e mais focada”, diz a empresa em comunicado.
“A reorganização estrutural reduzirá o tamanho do centro corporativo da empresa, simplificará a cadeia de suprimentos, agilizará a presença geográfica da 3M, reduzirá as camadas de gerenciamento e alinhará os modelos comerciais de entrada no mercado para os clientes”, completa.
Não é só a 3M que está fazendo reestruturação no negócio. Outras empresas da indústria também. A Philips, há alguns meses, fez um movimento parecido após reportar prejuízo bilionário e perder uma batalha judicial: demitiu cerca de 4 mil funcionários.
Em fevereiro deste ano, a Basf, companhia química, anunciou a demissão de 2.600 funcionários, depois de registrar nova queda nos resultados causadas pela incerteza gerada pela guerra na Ucrânia e aumento de juros. A Ford também anunciou mais de 3 mil demissões.
Em dados gerais:
No quesito mercado trabalho, se antes trabalhar na indústria era sinônimo de um emprego mais estável ― porque a tecnologia industrial era mais sólida e demorava para ter tantas disrupções ―, agora não mais. As inovações estão evoluindo com muita rapidez, impactando, consequentemente, a indústria.
Agora, a palavra da vez é eficiência ― fazer mais com menos ― e saber, por exemplo, usar máquinas inteligentes, faz com que profissionais saiam na frente.
No caso da 3M, por exemplo, a empresa fabrica post-its (adesivos colantes). Com a digitalização, home schooling e home office, o comportamento das pessoas mudou. Elas usam adesivos virtuais ― o que pode ter sido uma das causas da queda da linha consumo. Assim, profissionais da área precisam encontrar novas inovações ― com base no comportamento das pessoas ― para evitar uma queda abrupta. O mesmo com as máscaras de proteção: como a empresa poderia, por exemplo, se preparar para a baixa demanda com a chegada da vacina contra covid-19? Mas, esta é conversa para se aprofundar em outro artigo.
Algumas lições: por mais que a empresa tenha anos de trajetória, seja conhecida no mercado, tenha um portfólio gigante, é preciso estar preparada para o Mundo BANI (frágil, ansioso, não-linear e incompreensível), como também preparar os funcionários para isso. Afinal, as transformações acontecem de uma hora para outra. Assim, é preciso ter atenção na qualidade do serviço ou produto oferecido, ficar de olho nos novos comportamentos do consumidor, do mercado, das tecnologias e, com base na análise, entender como deve ser a atuação (um novo produto? Encerrar outros? Etc).
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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.
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