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O que está por trás do novo recorde de demissão voluntária no Brasil?

Em agosto, foram registrados 1.773.161 desligamentos, desses 632.798 foram voluntários. Entenda!

O que está por trás do novo recorde de demissão voluntária no Brasil?

Cansado, triste, trabalho (Foto: pixelfit via Getty Images)

, jornalista

12 min

12 mai 2022

Atualizado: 19 mai 2023

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O Brasil bateu recorde de demissão em agosto deste ano. Para você ter uma ideia, foram registrados 1.773.161 desligamentos, desses 632.798 foram voluntários, segundo dados da LCA Consultores nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Trata-se de 35,7% do total.

COMO COMEÇOU?

Começou nos Estados Unidos: uma onda de demissão voluntária. Agora, chegou ao Brasil. Milhares de pessoas estão pedindo para sair de seus empregos. Alguns dos motivos são: cultura corporativa tóxica, busca por realização pessoal e mais flexibilidade no trabalho. É o que mostra um estudo feito pela Blue Management Institute (BMI).

QUAL O PERFIL DAS PESSOAS QUE PEDEM DEMISSÃO?

Profissionais de 18 a 24 anos (38,5%) são os que mais têm tendência a pedir demissão. Já a faixa etária de 50 a 64 anos tem o percentual de 23,5%, segundo dados divulgados na quarta-feira (10/08) pela gerência de Estudos Econômicos das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Previdência.

Quando o assunto é escolaridade, as pessoas com mais anos de estudo — como graduados e doutores — têm maior índice de sair do emprego de forma voluntária (48,2%). 

As profissões dos trabalhadores são, em sua maioria, do mercado de Tecnologia da Informação.

O levantamento também aponta que 57,3% dos pedidos de demissão foram feitos por homens; 42,7% por mulheres. 

Quando o recorte é estado, Sul e Centro-Oeste têm os maiores números; Nordeste os menores.

MAS AFINAL, O QUE É GREAT RESIGNATION?

De forma resumida, Great Resignation ou A Grande Renúncia é um movimento em que trabalhadores se demitem. A onda foi impulsionada no final de 2020 nos Estados Unidos, quando as pessoas — de idade entre 30 e 45 anos, os millenials — saíram de seus empregos após repensarem a prioridade do trabalho em suas vidas. Em 2021, mais de 39 milhões de trabalhadores pediram demissão por lá.

Logo, era esperado: mais cedo ou mais tarde chegaria em outros países — como no Brasil. Pois é. Se de um lado, o país permanece com alta taxa de desemprego, do outro pessoas pedem demissão voluntária.

A título de comparação, em março de 2022, houve um aumento de cerca de 37% de trabalhadores brasileiros que pediram as contas do emprego quando comparado com o mesmo período do ano passado.

Mas, diferente dos Estados Unidos, as pessoas que pedem demissão em terras tupiniquins são as que têm mais anos de estudo, de acordo com o levantamento da BMI.

“O movimento, no entanto, não se trata de apenas conseguir outro emprego ou apenas deixar o mercado de trabalho. Trata-se de assumir o controle de seu trabalho e de sua vida pessoal — e para isso, muitas vezes, é necessário tomar uma grande decisão, como renunciar ao emprego”, diz à CNBC Anthony Klotz, psicólogo organizacional e professor na Texas A&M University.

POR QUE AS PESSOAS ESTÃO PEDINDO DEMISSÃO?

Além dos citados no começo deste texto, segundo um levantamento pela McKinsey, outros principais fatores são: falta de reconhecimento da empresa (54%) ou de seus gestores (52%); e não sentirem-se pertencentes ao ambiente de trabalho (51%).

“Saúde mental (burnout e estresse), demandas de cuidados familiares e reflexões propositais por causa da pandemia de covid-19 também fizeram com que trabalhadores pedissem demissão”, conta a McKinsey.

(Foto: Peter Dazeley via Getty Images)

DEMISSÃO E REDES SOCIAIS

A medida que a taxa de demissão atinge máximas históricas, o assunto viraliza nas redes sociais. A hashtag “Quit my job”, por exemplo, ganha força. Isso porque, após pedir demissão, profissionais postam nas redes sociais — e comemoram — a atitude tomada.

A onda de postagens nas redes sociais estaria, de certa forma, influenciando o movimento Great Resignation? Talvez. Já que apenas no TikTok a hashtag tem mais de 256 milhões de visualizações.

(Foto: Dimitri Otis via Getty Images)

COMO A EMPRESA DEVE LIDAR COM O GREAT RESIGNATION?

Primeiro, segundo Silverio, a empresa deve entender se os pedidos de demissão que estão acontecendo é uma tendência dentro da companhia. Depois, é importante descobrir o motivo. “Pode ser necessário reavaliar a política de benefícios, remuneração, modelo de trabalho, entre outros”, conta.

“Se o motivo maior for, por exemplo, o modelo de trabalho, vale fazer uma pesquisa interna para entender qual é o formato ideal (home office total, híbrido ou presencial?)”, completa o executivo.

Mas não apenas… “Em vez de fazer os questionamentos apenas após o pedido de demissão, faça entrevistas de “permanência”. Como assim? Pergunte às pessoas como estão indo e o que precisam para continuar em suas funções, aconselha a McKinsey. Desta forma, você consegue adaptar os benefícios de acordo com o desejo dos atuais funcionários e, como consequência, retém os talentos.

Outro ponto a considerar é a transparência salarial.

O que não fazer? De acordo com a McKinsey, aumentar a faixa salarial do cargo pode não ser uma boa opção. Afinal, vai chegar um momento em que o leilão ficará insustentável para as companhias.

COMO ATRAIR NOVOS TALENTOS?

“Na maioria das empresas, as equipes de aquisição de talentos se concentram em atrair, selecionar, entrevistar e contratar candidatos com pré-requisitos tradicionais. No entanto, [para lidar com a onda de Great Resignation] é importante pensar de forma mais criativa sobre os candidatos”, afirma a McKinsey.

Por exemplo, você já pensou em contratar estudantes, pessoas que preferem trabalhar meio período ou que fizeram pausa na carreira? “Com base em nossos cálculos, essa fonte inexplorada de trabalho pode chegar a 23 milhões de pessoas”, diz a McKinsey.

Contudo, para isso, é preciso quebrar algumas barreiras, como: exigência de outro idioma e formação.

A abordagem da contratação também deve ser outra: em vez de usar apenas as mesmas plataformas de contratação online, vale estimular a indicação interna. Lançar, por exemplo, uma campanha: indique dois amigos.

“A nova competição por talentos não se trata apenas de empregadores competindo entre si para encontrar os melhores trabalhadores; trata-se de empresas descobrindo as muitas opções que os trabalhadores de hoje têm e encontrando maneiras eficazes de competir com todas essas opções. As velhas cartilhas não funcionarão. Mesmo para as empresas que acabam descobrindo como trazer algumas pessoas de volta, haverá reveses inevitáveis ​​(e mais ondas de desgaste) se não conseguirem descobrir como reter esses trabalhadores”, afirma a McKinsey.


POR QUE IMPORTA?

Milhares de profissionais estão pedindo demissão de seus empregos ao redor do mundo — incluindo o Brasil. 

Diante da onda de demissão voluntária, as empresas precisam ficar de olho para atrair e reter talentos. E focar apenas no aumento salarial, segundo a McKinsey, não é mais uma solução. Isso porque, é como nadar contra a maré, já que vai virar um ciclo de leilão de funcionários.

Com o movimento, é preciso analisar e, se for o caso, mudar os benefícios corporativos, modelo de trabalho e buscar novas formas e perfis de contratação.

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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.

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