Companhias como Oracle e PepsiCo oferecem programas de recolocação profissional para trabalhadores que fizeram pausa na profissão — seja relacionada a ano sabático, maternidade ou qualquer outro motivo. Entenda!
(Foto: Delmaine Donson via Getty Images)
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11 min
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6 mai 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
Tem se tornado comum ouvirmos histórias de pessoas que fizeram pausa na carreira. Mas o que acontece quando elas gostariam de voltar para o mercado de trabalho? Dificuldade de recolocação profissional? Talvez. No entanto, algumas empresas querem mudar isso: é o caso da Oracle e PepsiCo.
Essas companhias começaram a criar programas de recolocação profissional para trabalhadores que fizeram pausa na profissão — seja relacionada a ano sabático, maternidade ou qualquer outro motivo — mas que, agora, querem voltar ao mercado de trabalho.
O objetivo é que, após a contratação, recebam mentoria e treinamento. Além da iniciativa ser uma das formas de atrair e reter talentos, “também valoriza a pausa e a experiência que as pessoas tiveram neste período”, conta Bruna Claro, especialista na área de recrutamento de diversidade e inclusão na Oracle, em entrevista à StartSe.
Isso porque, segundo Bruna, dificilmente o profissional que ficou anos fora do mercado de trabalho seria valorizado. “Muitas vezes, nem o currículo dele seria avaliado.”
O comentário da especialista vai ao encontro de uma pesquisa recente feita pelo LinkedIn, que mostrou que cerca de 44% dos profissionais acham que a interrupção no trabalho pode ser menos atraente para executivos e recrutadores. Por outro lado, “51% dos entrevistadores dizem que são mais propensos a entrar em contato com um candidato que conte o porquê da interrupção de carreira”, relata a rede social profissional.
No entanto, ainda segundo o estudo, as pessoas que tiraram um tempo de seus trabalhos ganharam experiências e outras competências comportamentais que ajudaram também na vida profissional.
Como: paciência (47%), organização (39%), tomada de decisão (36%), comunicação (36%) e resiliência (33%).
Os motivos são os mais diversos, como “se dedicar à família, cuidar de parentes idosos, fazer trabalho voluntário, priorizar a saúde mental e viajar”, diz Dani Botaro, head de Diversidade e Inclusão da Oracle América Latina, em entrevista à StartSe.
Em termos de números, segundo o LinkedIn, dos mais de 23 mil profissionais entrevistados, quase dois terços (62%) fizeram uma pausa em algum momento de sua carreira e pouco mais de um terço (35%), a maioria mulheres, gostariam de fazer uma pausa na carreira no futuro.
“Independente do motivo, a pausa dessa pessoa é valiosíssima, principalmente do ponto de vista da diversidade. Afinal, ao criar o programa de recolocação profissional, nós abrimos portas para todos os tipos de experiência e de pessoas”, diz Bruna. “Não importa se ela passou 15 anos fora do mercado — ela terá muito a contribuir”, completa.
Dani Botaro contou em seguida o exemplo de uma funcionária contratada que ficou este período longe da carreira. “Ela teve uma experiência com o filho no quesito diversidade e trouxe várias contribuições para a empresa em relação ao assunto. (...) Por isso, [a contratação de pessoas que fizeram pausa na carreira] é o certo a ser feito. A contribuição dessas pessoas vai impactar de forma sustentável o crescimento da empresa”, conta ela.
Para a PepsiCo, o programa é importante para agregar “novas ideias para fazer o diferente, além de construir um ambiente de trabalho mais inclusivo”, afirma a empresa.
“Começou nos Estados Unidos há dois anos e, em abril de 2022, trouxemos em um teste piloto para o Brasil”, diz Dani. Na prática, funciona como um processo seletivo convencional: o colaborador se inscreve à vaga e faz a entrevista. A diferença está na pós-contratação — em que ele participa do Oracle Career Relaunch.
O programa é dividido em 3 linhas: onboarding mais longo, com duração de 12 semanas; treinamento e mentoria; e comunidade da qual o trabalhador interage com pessoas que também fizeram pausa na carreira. “O que é superimportante. Assim, eles se reconhecem como grupo”, conta Bruna. Durante o período, recebem normalmente a remuneração e os benefícios corporativos.
As primeiras vagas já foram preenchidas e foram um sucesso, afirma Bruna. “Tivemos um retorno positivo.” Mais de 200 pessoas se inscreveram em uma vaga.
Chamado de Ready to Return é uma iniciativa global da PepsiCo. No Brasil, começou em 2018. “Já tivemos 3 edições do programa, com mais de 6 mil inscritos”, diz a empresa em comunicado enviado à StartSe.
Funciona assim: “as pessoas selecionadas trabalharão nas áreas das vagas para a qual se inscreveram e contarão com mentoria, treinamentos e imersões para atualização e capacitação, além de um projeto a ser desenvolvido nos primeiros 3 meses de atividades”, conta a PepsiCo.
Para participar é necessário estar há pelo menos 2 anos fora do mercado corporativo, além de cumprir os requisitos da vaga que se inscreveu. “Nessas 3 edições já realizadas, 11 pessoas foram contratadas por meio do programa e esse público demonstra ter uma experiência de vida e profissional que agrega à cultura da empresa, que tem entre seus pilares o fomento à diversidade, à equidade e à inclusão, dentro e fora da PepsiCo”, diz a empresa.
Primeiro, é importante que você saiba que não se trata apenas de abrir uma vaga para profissionais que fizeram pausa na carreira. “É importante alinhar internamente e conversar com cada manager e explicar a importância desta contratação”, afirma Dani.
“Para reter o talento, por exemplo, é preciso que ele se sinta acolhido. Por isso, o onboarding mais longo, as mentorias e o grupo de reconhecimento é importante”, completa.
Já quando o assunto é o processo seletivo, Bruna conta que é importante olhar com cuidado o currículo da pessoa. “Veja o período que ela ficou fora, o porquê, valorize a experiência de pausa dela”, diz.
O LinkedIn, por exemplo, criou um campo no perfil para que usuários expliquem a pausa na carreira (veja abaixo) — o que facilita na hora do recrutamento. Usuários podem incluir o motivo da pausa na carreira: demissão em massa, cuidado com a saúde mental, luto, entre outros.
O programa de recolocação profissional é uma forma de quebrar tabu de pausa na carreira. Como contamos ao longo deste texto, não importa o motivo da interrupção, mas sim, quais foram as habilidades adquiridas no período e que podem impactar o modelo de negócio da sua empresa. Afinal, a parte técnica pode e deve ser treinada durante o programa.
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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.
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