Saiba quais são as características de um chefe abusivo, como mudar essa forma de gestão e quais são os impactos de uma liderança tóxica na empresa.
Líder tóxico (Foto: Reprodução)
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10 min
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31 mar 2021
•
Atualizado: 16 jun 2023
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Por Sabrina Bezerra
Se você costuma olhar mais para o erro do que para a solução, se é uma pessoa narcisista, se você se acha mais inteligente do que os seus subordinados, é melhor ficar atento. Você pode ser um líder tóxico. Segundo Tais Targa, psicóloga e especialista em carreira, essas são algumas das características do chefe abusivo.
“O líder tóxico tem uma exigência levada ao extremo. Para ele, nunca nada está bom o suficiente. Ele sobrecarrega a equipe. Geralmente são pessoas que têm o foco grande no problema, e não na solução”, diz Tais. “Ele se acha mais inteligente, mais produtivo, e é uma pessoa que tem pouco autoconhecimento. Por exemplo, não consegue enxergar o quão arrogante e narcisista é. Ele acha que está fazendo o que deve ser feito e as outras pessoas que são moles. Seu comportamento é abusivo e agressivo", completa.
O chefe tóxico tem outra característica de gestão: “é autoritário e lidera por meio do medo e da imposição da competitividade destrutiva entre a equipe. Ele faz os funcionários competirem entre si. Não está preocupado se o ambiente de trabalho é bom”, afirma a especialista. Geralmente são pessoas muito inteligentes, mas que tem uma gestão ruim de suas próprias emoções. "Não conseguem se segurar, ou seja, são extremamente impacientes. Às vezes são grosseiras, mas outras não (agem com sutilidade)."
De acordo com a especialista, quando se tem uma liderança tóxica, os funcionários tornam-se mais inseguros e com medo. Consequentemente, “eles produzirão menos e, aos poucos, passam a sentir aversão à empresa”, diz ela.
Além disso, pode causar problemas de saúde nos funcionários, como: baixa autoestima, síndrome do impostor (sentimento de ser uma fraude, não enxergam valor no próprio trabalho) e síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento profissional (ansiedade, alteração do apetite, falta de concentração, dor de cabeça frequente, pensamentos negativos).
Segundo uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR), 30% dos brasileiros sofrem da síndrome de burnout. Em 2019, a OMS (Organização Mundial da Saúde) a incluiu na Classificação Internacional de Doenças da OMS, como uma síndrome relacionada ao trabalho. A lista entra em vigor a partir de 2022.
Outros impactos negativos de uma liderança tóxica são: falta de inovação (por medo de errar, os funcionários não aproveitam a criatividade e fazem sempre as mesmas tarefas) — o que impacta o faturamento da empresa; aumenta a taxa de turnover (rotatividade de funcionários); e o índice de absenteísmo tende a subir.
A primeira questão, segundo Tais, é perceber que existe uma liderança tóxica. Pois, na maioria das vezes, o líder acha que está fazendo o bem para as pessoas. “Para ele, os funcionários que são molengos e precisa de alguém como ele para liderar”, diz ela. Por isso, o primeiro passo é ter autoconhecimento. De acordo com Tais, ao ler esse artigo, faça uma reflexão se você se encaixa na maioria das características. Além disso, peça feedback para a equipe. “Por meio de reuniões individuais ou até mesmo de forma anônima”, diz Tais.
Se você perceber que tem uma liderança tóxica, é importante procurar a área de recursos humanos da empresa e “processos de coaching e terapia (seja psicológica, alternativa ou espiritual)”. Será preciso entender por que se transformou em um chefe tóxico. E lembre-se: é possível deixar a liderança abusiva para trás. Afinal, "o cérebro aprende através de repetição e a repetição. Então, use consciência para aprender sobre liderança e repita os comportamentos saudáveis de como fazer gestão”, diz a especialista.
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O primeiro ponto: é importante não julgar, mas sim oferecer ajuda. “Muitas vezes, o líder tóxico também sofre de uma liderança tóxica. Ou seja, são vítimas de vítimas. Ele aprendeu que é dessa maneira que extrai os bons resultados. É importante ter esse olhar sobre o líder: geralmente são pessoas que se encontram em processo de extremo sofrimento”, explica Tais. “Quando a gente acaba entendendo que o outro, na verdade, é mais uma vítima, acaba tendo mais compreensão”, completa.
No entanto, vale checar se o comportamento do líder é tóxico mesmo, ou se você não está fazendo alguma correlação com o seu passado. “Pode ser uma questão sua, que você esteja vendo com o olhar de dores e traumas que você teve anteriormente”, diz Tais. Por isso, é importante checar a percepção de outras pessoas da equipe para entender se é uma opinião unânime.
Se realmente for abusivo, “é importante manter o diálogo com essa pessoa. Chamá-la para um feedback e fazer acordos. É importante, aliás, registrar todos os acordos verbais por e-mail. E se o líder for autoritário ou desrespeitoso, não responda. Evite falar em um ambiente que não tenha testemunhas. Se for o caso, procure a ouvidoria da empresa — se não funcionar apenas com a área de recursos humanos. Se ainda assim não tiver resultado, é importante que você trace um plano para se desligar da companhia", afirma a especialista.
Outra possibilidade, segundo ela, é reforçar o networking interno. E de repente, mudar de equipe.
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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.
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