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Eles chegaram: sua empresa está preparada para a Geração Z?

A Geração Z está ingressando no mercado em um período turbulento, mas promete revolucionar o jeito como se enxerga trabalho hoje

Eles chegaram: sua empresa está preparada para a Geração Z?

, Jornalista

13 min

22 jul 2022

Atualizado: 19 mai 2023

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Por Camila Petry Feiler

Até 2025, 27% da força de trabalho nos países da OCDE serão profissionais da Geração Z – nascidos do final dos anos 1990 ao início de 2010,  de acordo com o Fórum Econômico Mundial (WEF), embora outros dados coloquem esse número ainda mais alto. Ou seja, em apenas 3 anos, é provável que sua empresa viva um choque geracional – se é que já não está acontecendo. 

O CEO do LinkedIn, Ryan Roslansky chama este movimento de a Grande Reorganização, numa alusão à Grande Demissão, e é claro que as empresas vão ter que se mexer para garantir os grandes talentos oriundos desta geração, mas não só: a reorganização vai exigir novos olhares para toda a operação. 

Sabe por que? Luiz Menezes, fundador da Trope, consultoria que co-cria soluções de negócios com a Geração Z, explica que “o mercado mundial está caminhando na direção dessa galera. Conhecê-los é mais do que saber quem é Olivia Rodrigo, por exemplo, mas sim, entender seus interesses, suas motivações, filosofias, e como já estão lutando por um mundo melhor, mais igualitário para todos, e o quanto tudo isso impacta no comportamento e consumo de produtos e serviços.”

COMO A GERAÇÃO Z ENCARA O TRABALHO?

“Uma geração que prioriza a experiência e não apenas o produto, foca no que pode aprender e viver com o ambiente, procura lugares que reconheçam e se preocupem com pessoas além do trabalho operacional e técnico. Questionam, querem de fato entender e se preocupam com inovação, em uma era com muita trend e atualizações, a geração Z se preocupa com a saúde mental, emocional e no dia a dia, procuram tarefas desafiadoras e ambientes dinâmicos, são pessoas com estímulo muito aversivo à monotonia e estagnação. Preferem incertezas e altos riscos mirando em assertividade agressiva e mudança do que segurança e estabilidade para resultados medianos”, afirma Thaís Bruni, do time de People da StartSe.

Isso significa que, no dia a dia, a geração Z está remodelando o que se entende por jornada de trabalho, focando mais na qualidade das entregas e menos no tempo que passa dentro da empresa. Claro que esse modelo foi acelerado pela pandemia, que trouxe estofo para que eles reivindicassem espaços de trabalho mais flexíveis e autônomos. Tendências como semana com 4 dias de trabalho e o nomadismo digital ganham ainda mais força aliados às crenças da GenZ. 

Inclusive, o tópico de retorno aos escritórios volta com força. Afinal, “sabemos que desde 2020 a maioria das empresas passou a utilizar essa maneira de trabalho [o home office] e, apesar das diversas formas existentes por aí (híbrido, flexível e presencial), nós acreditamos que esta geração requer praticidade, então se não há necessidade de ir ao escritório, por que fazê-lo?”, diz Luiz. 

Já Thaís defende o modelo híbrido: “para que eles sintam que a empresa de fato confie no potencial e capacidade deles, ao mesmo tempo que proporciona a interação com os demais colaboradores e a imersão na cultura.”

Mas o fato principal é que eles estão sem tempo para a velha economia e isso pode ser fundamental para as empresas que desejam avançar em um mercado cada vez mais competitivo, seguindo tendências mais digitais. Inclusive, Thaís reitera que “pode ser negativo quando uma empresa com uma cultura de comando e controle e velha economia se deparam com esse perfil porque não são pessoas que conseguem se adaptar à cultura vertical e de hierarquia.”

O PAPEL DA LIDERANÇA MUDA?

Os avanços digitais e a pandemia trouxeram novos anseios aos colaboradores, evidenciando a necessidade de um espaço de transparência e acolhimento – considerado, inclusive, uma parte do salário emocional

+ Empatia: a soft skill que a Brex busca na contratação de pessoas

Com as demandas da GenZ, a liderança deve estar atenta, ouvir mais e cocriar soluções “São as trocas multigeracionais, com pessoas de diferentes idades e repertórios, que cativam a liberdade que permitem uma construção de ideais com foco na transformação social. Uma boa liderança deve estar atenta para saber dialogar para construir espaços seguros para isso”, explica Luiz.

A linha comando e controle faz menos sentido e muda o papel: “o líder da geração Z não é um líder autoritário, cético e inacessível. O líder dessa geração costuma trabalhar em uma linha horizontal, fazendo provocações para que o liderado se desenvolva e não comandando/restringindo/reprimindo ele.” Isso faz parte da construção de uma cultura diferente dentro da empresa, como comenta Thaís. 

+ Fim do modelo de Planejamento, Comando e Controle

Entretanto, um problema, ainda de acordo com ela, é que são pessoas que podem ter facilidade em desistir, podem ter um perfil mais desapegado, escalando um nível de dificuldade para as lideranças.

O QUE MUDA NA HORA DA CONTRATAÇÃO?

A gente contou sobre as contratações no metaverso, sendo “também uma maneira de aproximar as empresas e seus processos seletivos com o universo digital em que a Geração Z está inserida,” conta Tiago Mavichian, fundador e CEO da Companhia de Estágios. 

Ainda assim, é perigoso que as empresas caiam na generalização da geração de jovens conectados – existe um contexto que deve ser analisado que faz essa geração cruzar referências de várias fontes de informação e de integrar experiências virtuais e offline. Inclusive a forma como eles aprendem e se desenvolvem. Luiz traz a dificuldade de conseguir emprego entre os formados entre 2020 e 2021 – isso se deve também ao fato de como as empresas analisam currículos e perfis.

“O alto padrão de exigência pode desqualificar experiências e/ou repertórios que não seguem o background tradicional (adquiridos via mercado ou academia) e que são muito absorvidos pelos nativos digitais. Existem muitas skills que não são ensinadas em faculdades e que o nativo digital já tem e que pode contribuir com diversas empresas que estejam com um olhar mais atento e com abertura para receber a Geração Z. Atentar-se a essas mudanças comportamentais e das formas de aprendizado podem contribuir para aproximar cada dia mais companhias tradicionais das novas gerações”, diz ele. 

O olhar da área de People de Thaís agrega em como manter essas pessoas por perto: “garantir uma retenção de talentos para essa geração é investir em cultura, transparência e principalmente ser fiel ao que passamos para nossos colaboradores. Criar um ambiente acessível, dinâmico e com espaço para que os colaboradores possam agir e pensar livremente. Questões de liberdade com horário, vestimenta, piercings e tatuagens são importantes também.”

POR QUE IMPORTA?

A Geração Z já vinha mexendo com o mercado, com a forma como consome e olha para os produtos – buscando valores sustentáveis, sociais e de impacto, exigindo posicionamento das empresas. Agora esse olhar se volta para o mercado de trabalho, onde eles vão exercer influência garantindo novos modos de funcionamento. 

Hiperconectados, eles agregam no processo de transformação digital das empresas, buscando construir pontes entre mundo físico e virtual. Afinal, eles nasceram em contato com o digital, não passaram por um transição para isso, por isso convivem de forma mais fluida com tecnologias. 

Nas empresas, eles buscam espaço de desenvolvimento profissional, mas principalmente de conexão com seus propósitos, galgando culturas mais inclusivas, abertas e menos hierárquicas, colocando o trabalho como mais uma parte da vida. 


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Imagem de perfil do redator

Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.

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