Americanas inicia, nesta semana, o processo de market sounding. Entenda!
Fachada Lojas Americanas (Foto: Divulgação Lojas Americanas)
, jornalista
9 min
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22 mai 2023
•
Atualizado: 30 mai 2023
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Americanas, depois do rombo bilionário, busca formas estratégicas de recuperar o fôlego. Uma delas, que vai ao encontro do plano de recuperação judicial, é vender o Hortifruti Natural da Terra.
Não à toa. O negócio, comprado pela varejista em agosto de 2021 por R$ 2,1 bilhões, deve ser crucial para o pagamento da dívida de R$ 43 bilhões. Assim, para sondar o mercado e fazer uma avaliação prévia, a Americanas inicia, nesta semana, o processo de market sounding.
Isso significa que os insights da sondagem podem influenciar a decisão de venda, como por exemplo: o momento adequado para vender, a definição de estratégias para aumentar o valor da empresa antes da venda e identificar possíveis desafios que podem surgir no processo de transação.
“A Companhia informa ainda que contratou o Citigroup Global Markets Brasil, Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários S.A., como seu assessor financeiro para a condução do processo de Market Sounding, com o intuito de alcançar interessados”, diz a Americanas em fato relevante.
“Eles pagaram caro e não estão com a negociação na mão. Um número mais próximo da realidade é perto de R$ 1 bilhão”, avalia um banqueiro de investimento.
Em 2021, a receita líquida foi de R$ 1,53 bilhão. Em fato relevante de quando a Americanas comprou o Hortifruti Natural da Terra, o resultado foi:
O que chamou a atenção, há quase dois anos, foi o número de lojas, as vendas no digital que representavam cerca de 16%, a equipe, o modelo de compra recorrente — um dos modelos de negócios que tem feito sucesso na Nova Economia —, e o uso intensivo de dados. Esse último, com certeza, foi um chamariz já que dados são o tesouro das empresas. Há quem faça a analogia de que dado é o novo petróleo. E é.
É uma forma da Americanas minimizar o rombo bilionário descoberto no início deste ano. A decisão em se desfazer do negócio, que parecia ser uma das apostas inteligentes, pode não ser fácil. Mas pode ser uma das soluções para pagar as dívidas e, quem sabe, recuperar o modelo de negócio depois. Ou criar um novo.
A empresa, que tem uma série de marcas no portfólio, pode ter escolhido começar o processo de avaliação de venda do Hortifruti Natural da Terra porque pode chamar a atenção de possíveis compradores justamente por causa do modelo e negócio: economia recorrente, estar atrelada aos hábitos saudáveis das pessoas e ao uso agressivo de dados.
Vale lembrar, no entanto, que essa não é a primeira vez que uma grande empresa se desfaz de uma marca para tentar dar a volta por cima. Em 2017, por exemplo, o grupo J&F, vendeu a Vigor para o grupo mexicano Lala, em uma transação de cerca de R$ 5,72 bilhões. No mesmo ano, também vendeu sua participação de 54,24% na Alpargatas.
Outras marcas do varejo, como Marisa e Magalu passam por um período turbulento. Para você ter uma ideia, a Marisa tem um prejuízo de R$ 188,6 milhões. Magazine Luiza também não está bem. Recentemente, apresentou o pior trimestre desde IPO, mas aposta em vertical para se diferenciar no varejo.
Por quê? Trazendo de forma ampla (já que cada negócio tem sua particularidade), uma das razões é a mudança de comportamento ― não esperada por esses negócios ― dos consumidores após dois anos de pandemia.
O impacto do rombo das Americanas pode acontecer no mercado de crédito, criando um cenário difícil para previsões e crescimento. Assim, os negócios capazes de discernir as oportunidades em meio às adversidades e elaborar uma estratégia ágil e sintonizada com as expectativas do público serão os que alcançarão a sobrevivência e o crescimento.
O fato é que tomar decisões difíceis faz parte do processo dos negócios. Estando em recuperação judicial ou não. Mas lembre-se: são as decisões difíceis que fazem dar a volta por cima. Por exemplo, a Puma quase saiu do mercado para sempre, mas o enxugamento de custos de produção e marketing a fizeram dar a volta por cima. A Pixar também chegou à beira da falência e deu a volta por cima. O segredo está em ousar com inteligência — e usar os dados para tomar uma boa decisão.
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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.
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