Saiba o que significa, quais são os sintomas e como tratar a síndrome.
Homem usando óculos preocupado (Foto: Getty Images)
, jornalista
6 min
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21 mai 2021
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
Você costuma se achar uma fraude? Não se sente merecedor do cargo, salário e elogios que recebe? Para você, a qualquer momento as pessoas vão descobrir que você não é bom — e elas se decepcionarão? Cuidado. Você pode ter a síndrome do impostor. Isso porque, a síndrome faz com que as pessoas se sintam incapazes de aceitar suas qualidades e o próprio sucesso.
“Trata-se de um termo psicológico que descreve um padrão de comportamento ou de pensamento em que você constantemente duvida das suas realizações — e isso te gera medo e insegurança”, explica Tais Targa, psicóloga e especialista em carreira.
Medo constante de ser exposto como alguém não competente, nervosismo na hora de entregar as tarefas, insegurança em excesso. Segundo Tais, esses são alguns dos sintomas. “É a pessoa que sente — é uma sensação — de impostor ou impostora. Sente que não merece sentar naquela cadeira. Sente que é muito menos do que as pessoas enxergam. […] Ela tem pensamento de não merecimento, pensamentos de desesperança, muita ansiedade, alguns até compensam estudando mais, trabalhando mais, e outros se sentem ali paralisados e procrastinam a entrega das demandas."
Avalie se você tem pensamento autodestrutivos com frequência ou se está se cobrando demais. “Isso drena e suga a energia e acaba prejudicando o bem-estar e a saúde”, diz Tais. “Porque nossos pensamentos ditam os sentimentos e interferem no comportamento." Por exemplo, uma pessoa que tem pensamento de menos valia a maior parte do dia, ela vai ter a energia sugada. Às vezes ela não faz quase nada, mas chega no final do dia, ela não tem energia para nada. […] Prejudica até as relações mais próximas", diz Tais.
São pessoas que sempre foram perfeccionistas. Normalmente, na época de escola também achava que era uma fraude, que quando tirava boas notas era sorte, não inteligência; quando não ia bem, achava que descobriram a fraude. “São aquelas que não comemoram pequenos passos e pequenas vitórias e que tem, às vezes, planos audaciosos.” Por exemplo, quando recebem um elogio ou quando fazem uma excelente apresentação “não comemoram. Ou quando consegue uma promoção, mas diz 'ah! Quando eu chegar na diretoria, aí sim vou ter a certeza que sou competente."
O primeiro passo é observar os funcionários. Não apenas o que ele diz, mas quais são as expressões faciais deles. “Ofereça espaços para conversas sobre sentimentos também. […] Pergunte como eles se sentem”, aconselha Tais. Além disso, quando fizer alguma reunião, no final da conversa, pergunte o que o colaborador entendeu. “Às vezes você fala e manifesta elogios, mas a pessoa não entendeu o que você quis dizer, por exemplo." Por isso, é sempre importante o diálogo.
Tais diz que a síndrome do impostor tem cura. Algumas dicas para se livrar da síndrome, segundo a especialista, é pedir feedback ao líder, mas ter cuidado. “Temos como característica o viés da negativa. Sempre damos ênfase no negativo”, explica. Por isso, faça uma lista e anote os pontos positivos para si próprio, ou tire print dos elogios. “E no momento que você se sentir mal, com sentimento de menos valia, leia de novo esses feedbacks positivos”, diz Taís.
Vitor Silva, branch manager na Robert Half, consultoria de recursos humanos, explica que quando não se tem o feedback claro, as pessoas com a síndrome se auto sabotam. “Se você não perguntar, não ter uma conversa com o seu chefe, você não tem informações conclusivas. São apenas informações baseadas em sua própria mente”, diz ele.
“Permita-se continuar aprendendo e aceite que todos têm suas vulnerabilidades, não importa o cargo atual ou idade”, diz a consultoria de recursos humanos Michael Page.
“Procure um mentor que tenha visão apreciativa. Não busque um mentor que gosta de bater. Procure alguém honesto que tenha a visão apreciativa, se abra com essa pessoa, diga como você se sente e peça ajuda”, aconselha Tais.
Os exercícios e terapias vão ajudá-lo a ter autocontrole de seus pensamentos. “É importante fazer práticas meditativas quando esse pensamentos de não merecimento estiverem presentes. Outra importância é ter um momento terapêutico: seja com psicólogo ou com um coach, mas tenha. O esporte ajuda muito também. A caminhada, o pilates e o yoga vão trabalhar a postura e vão ajudar a controlar a respiração. E, através disso, ir mudando o fluxo e a sua energia ajudando-o a ter mais autocontrole de seus pensamentos”, diz Tais.
Segundo uma pesquisa realizada pela KPMG, com cerca de 700 executivas, 75% das entrevistadas já vivenciaram a síndrome da impostora em alguns momentos da carreira. “Muitas dessas mulheres enxergaram o sucesso no trabalho como resultado da sorte ou de estar no lugar certo, na hora certa, e não do trabalho duro e das qualificações necessárias", diz a pesquisa. “Ter o apoio da liderança foi identificado por 47% das entrevistadas como o principal fator para ajudar a reduzir os sentimentos da síndrome da impostora no local de trabalho, enquanto 29% delas citaram que se sentirem valorizadas e serem recompensadas de forma justa é essencial para um ambiente positivo."
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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.
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