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Tudo sobre IPO: o que é e porque é tão importante para as empresas

Saiba como funciona a abertura de capital de uma empresa dentro da Bolsa de Valores e um passo a passo para a empresa fazer um IPO

Tudo sobre IPO: o que é e porque é tão importante para as empresas

IPO do Nubank na B3, em São Paulo em 2021 (foto: Cauê Diniz/Nubank)

, Redator

11 min

23 mai 2023

Atualizado: 23 mai 2023

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Com certeza você já deve ter lido alguma notícia de que determinada empresa fez um IPO e que, a partir daquele momento, a companhia passou a ter capital aberto. Diante disso, fica visível que existe uma grande importância quando algo deste tipo acontece. E, aí, vem aquele primeiro questionamento: o que significa IPO?

A sigla vem de Initial Public Offering – ou Oferta Pública Inicial, em português –, que nada mais é do que uma oferta pública inicial de ações de uma empresa. Ou seja, é a primeira vez que uma companhia emite ações para serem negociadas na Bolsa de Valores.

“O objetivo do IPO é captar recursos para financiar o crescimento da empresa e permitir que o público em geral invista em suas ações”, explica Guilherme Bruschini, sócio do SFCB advogados.


Como começa um IPO?

Geralmente, o processo de IPO começa com a contratação de uma equipe de profissionais, incluindo advogados, contadores, bancos de investimento e consultores financeiros, que ajudam a empresa a se planejar para abrir seu capital.

“A companhia deve preparar um prospecto, que é um documento detalhado que descreve a empresa, seus negócios, finanças e riscos, entre outras informações relevantes. Depois, a empresa solicita a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar o IPO. Se aprovado, a companhia fixa o preço das ações e começa a oferecê-las ao público em geral”, resume Bruschini.

Então, após essa operação, qualquer investidor poderá se tornar sócio, ou dono de um pedaço da companhia. “Para isto, basta comprar as ações - agora negociadas - através de uma corretora de valores”, afirma Rogério Kohlmann, sócio da Dividendos.

Por que o IPO é importante para uma empresa?

IPO da Locaweb na B3, em São Paulo (foto: Cauê Diniz/Locaweb)

Normalmente, as companhias que fazem a Oferta Pública Inicial são aquelas que já estão estabelecidas e têm um histórico comprovado de sucesso.

Mas, mesmo assim, O IPO é importante para uma companhia. “Isso porque, [a Oferta Pública Inicial] permite que a empresa levante capital para financiar projetos e investimentos futuros. Além disso, o IPO também aumenta a visibilidade e a reputação da empresa, o que pode ajudar a atrair novos clientes e parceiros de negócios”, afirma Raphaela Oliveira, head de investimentos da Efund.

Quanto custa um IPO para uma empresa?

O valor de um IPO para uma empresa pode variar bastante, dependendo de vários fatores, como o tamanho da oferta, a complexidade da estrutura de capital da empresa, a quantidade de trabalho envolvida na preparação do processo e as taxas cobradas pelos bancos de investimento e outras partes envolvidas no processo.

“Em geral, as empresas podem esperar pagar entre 5% e 7% do valor total da oferta em taxas e despesas associadas ao IPO. Isso inclui taxas pagas a bancos de investimento, advogados, contadores, agências reguladoras e outras partes envolvidas no processo”, conta Kohlmann.

Além disso, a empresa também deve estar preparada para arcar com os custos contínuos de ser uma empresa de capital aberto, como a divulgação regular de relatórios financeiros e outras informações relevantes para o mercado. “Esses custos podem ser significativos e devem ser levados em consideração ao decidir se fazer um IPO é a melhor opção para a empresa”, acrescenta o especialista.

IPO da Smart Fit na B3, em São Paulo, em 2021 (foto: divulgação/B3)

Ganhos para o investidor

E além de ser uma excelente operação para a empresa, o processo de IPO também pode gerar bons retornos para os acionistas que financiaram o seu projeto.

“É mais uma opção para o investidor aplicar os seus recursos, claro, sendo um negócio vantajoso. Investir em empresa de IPO significa que você ficará por dentro das informações financeiras, pois as exigências de divulgação são maiores”, conta Caritsa Moreira, analista da VG Research.

 Nesse sentido, o retorno financeiro pode ocorrer tanto pelo crescimento do valor de mercado da empresa, através da valorização das ações, quanto através da distribuição de dividendos, que é uma parcela do lucro destinada aos acionistas.

Sem esquecer que antes de investir em um IPO, o investidor deve considerar vários fatores, como:

  • A saúde financeira da empresa e sua capacidade de gerar lucros no futuro;
  • O histórico e a reputação da empresa, incluindo sua governança corporativa e ética empresarial;
  • O potencial de crescimento do setor em que a empresa atua;
  • A concorrência no mercado e a posição da empresa em relação a seus concorrentes;
  • A estabilidade política e econômica do país em que a empresa opera.

 “Além disso, é importante que o investidor entenda os riscos envolvidos em investir em ações de empresas em fase inicial, que podem ser mais voláteis e arriscadas do que empresas estabelecidas”, aponta Guilherme Bruschini.

Quais foram os maiores IPO de todos os tempos no mundo?

  1. Saudi Aramco (energia) – 15 de dezembro de 2019 - US$ 25,6 bilhões
  2. Alibaba (tecnologia) – 18 de setembro de 2018 – US$ 21,8 bilhões
  3. SoftBank (comunicações) – 10 de dezembro de 2018 – US$ 21,3 bilhões
  4. NTT Mobile Communication Network (comunicações) – 22 de outubro de 1998 – US$ 18,1 bilhões
  5. Visa (finanças) – 18 de março de 2018 – US$ 17,9 bilhões
  6. AIA Group (finanças) – 21 de outubro de 2010 – US$ 17,8 bilhões
  7. Enel (serviços de utilidade pública) – 1 de novembro de 1999 – US$ 16,4 bilhões
  8. Meta (antigo Facebook, tecnologia) – 17 de maio de 2012 – US$ 16 bilhões
  9. General Motors (mobilidade) – 17 de novembro de 2010 – US$ 15,8 bilhões
  10. ICBC Bank (finanças) – 20 de outubro de 2006 – US$ 14 bilhões

Quais foram os maiores IPO de todos os tempos no Brasil?

  1. Santander (finanças) –  2009 – R$ 13,19 bilhões
  2. BB Seguridade (seguridade) – 2013 – R$ 11,47 bilhões
  3. Rede D' Or (saúde) – 2020 – R$ 11,39 bilhões
  4. Cielo (antiga Visanet, pagamentos) – 2009 – R$ 8,39 bilhões
  5. OGX (petróleo e gás) – 2008 – R$ 6,71 bilhões
  6. Bovespa (bolsa de valores) – 2007 – R$ 6,62 bilhões
  7. BM&F (bolsa de valores) – 2007 – R$ 5,98 bilhões
  8. BR Distribuidora (combustíveis) – 2017 – R$ 5,02 bilhões
  9. Carrefour Brasil (varejo) – 2017 – R$ 4,97 bilhões
  10. Redecard (finanças) – 2007 – R$ 4,64 bilhões

Passo a passo para a empresa fazer IPO

IPO da XP Inc. na Nasdaq, EUA, em 2019 (foto: divulgação/Nasdaq)

Todo o processo de abertura de capital é essencialmente demorado e, principalmente, dispendioso. Durante essa operação, várias formalidades devem ser cumpridas, com a solicitação de registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e de listagem na BM&FBovespa.

 Além disso, a empresa tem que arcar com diversos custos, entre eles não só os gastos com a estruturação da oferta. Isso porque, existem também várias despesas com a manutenção de listagem das ações na Bolsa após o processo de abertura de capital.

“Desse modo, a companhia terá de elevar o seu nível de governança ao abrir capital. Nesse sentido, será necessário, por exemplo, um setor de relação com investidores (RI) ativo. Esse setor é obrigatório e serve para atender às demandas dos novos investidores que compraram ações pelo mercado primário ou secundário”, fala Rogério Kohlmann.

Confira, a seguir, o passo a passo de como uma empresa deve fazer um IPO e os requisitos dessa operação.

1. Planejamento

Inicialmente, será preciso analisar e planejar todo o processo e o momento do IPO. Isso porque essa é uma operação muito custosa, tanto em tempo quanto em dinheiro.

“Para se ter uma ideia, as empresas gastam milhões de reais para abrir capital, sendo que a conclusão de todas as etapas pode levar mais de um ano. Por isso, a análise das perspectivas futuras do mercado acionário e da demanda dos investidores por ações é essencial no processo de planejamento do IPO”, explica Kohlmann.

 2. Equipes

Essa etapa será fundamental para a agilidade do processo de abrir capital na Bolsa. Nesse momento, será necessária a designação de equipes para recolher, organizar e juntar todas as informações financeiras.

“Isso porque todos os documentos contábeis e financeiros são meticulosamente analisados para a realização do processo de oferta pública de ações”, fala o especialista.

Normalmente, essas equipes contam com o trabalho de vários profissionais, como:

  • Firmas de auditoria para avaliações contábeis
  • Contadores
  • Consultores
  • Escritórios de advocacia
  • Bancos de investimentos e de reestruturação societária para uma Sociedade Anônima (S/A) de capital aberto

 Outro ponto importante é estar atento, principalmente, na estruturação e na conferência de todas as informações contábeis e de todos os demonstrativos. “O erro nessas informações pode prejudicar bastante a credibilidade da companhia realizando o IPO”, alerta Kohlmann.

3. Registro e listagem

Outra etapa formal do Initial Public Offering é a solicitação de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e autorização para venda de ações ao público. Ainda, é preciso também pedir registro de listagem na BM&FBovespa.

Enfim, depois dessas formalidades, a empresa também deverá realizar um aviso ao mercado. É nesse aviso que é informado, dentro vários pontos, que foi protocolado junto à CVM o pedido de registro da oferta pública de distribuição de ações.

4. Prospecto 

Então, após essas etapas, a empresa precisará montar o prospecto de um IPO e o divulgar para comentários. Neste documento, a companhia divulga informações do seu histórico operacional. Inclusive, com os resultados dos últimos 3 exercícios.

5. Roadshow

Inicialmente, antes de ofertar as ações dentro de uma faixa de preço, a companhia que está abrindo capital passa pelo processo chamado de roadshow.

 “Esse processo é o período no qual o projeto da empresa é apresentado a potenciais investidores, principalmente grandes fundos de investimento. Desta forma, a empresa busca atingir a demanda necessária para realizar a sua oferta com sucesso”, esclarece o especialista.

IPO do Facebook na Nasdaq, EUA, em 2012 (foto: divulgação/Nasdaq)

6. Bookbuilding

Então, após o roadshow e depois da divulgação dos prospectos, os investidores poderão passar pelo processo conhecido como bookbuilding.

De acordo com Kohlmann, o bookbuilding, que em uma tradução livre para o português significa “construção do livro”, diz respeito ao livro de ofertas. “Ou seja, durante o período de reserva do IPO, diversos investidores fazem as suas ofertas por um determinado preço dentro de uma faixa previamente estipulada pela empresa. Essa listagem das ofertas acontece por meio do bookbuilding”, conta.

Por exemplo, suponha que você seja dono de uma empresa que está sendo listada em Bolsa e foram estabelecidos os preços indicativos na faixa entre R$ 10 e R$ 12 por ação.

Então, os investidores irão dar seus lances dentro dessa faixa de preço, informando quantas ações irão comprar e a qual valor. Nesse sentido, alguns investidores podem optar por entrar apenas se a ação estiver a no máximo R$10, outros a no máximo R$11.

É possível, ainda, que outros façam suas ofertas ao preço do mercado. Isto é, ao preço do resultado do bookbuilding.

“Enfim, após o fim do período de reserva, o livro de ofertas é analisado, finalizado também o bookbuilding. Assim, fica definido o preço por ação e a quantidade total vendida no IPO”, diz o especialista.

7. Contratos e auditoria

Nesse momento, o setor jurídico responsável pelo processo de abertura de capital da companhia deve redigir os contratos de transição de propriedade para fazer as ações.

E então, as demonstrações financeiras e contábeis do histórico operacional da companhia são auditadas. Essas demonstrações são feitas por especialistas em contabilidade societária.

8. IPO

Após todas essas etapas, e passado o período de reserva dos investidores, chega o dia do esperado IPO. Esse é o primeiro dia que as ações da companhia são negociadas na bolsa de valores.

Diante disso, fica perceptível que para realizar a Oferta Pública Inicial é necessário muita atenção e, claro, certeza de que a empresa, de fato, pode ter capital aberto.

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