Entenda e saiba o que você pode aprender quando o assunto é priorizar a saúde!
Cansado, triste, trabalho (Foto: pixelfit via Getty Images)
, jornalista
11 min
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29 jul 2021
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Atualizado: 19 mai 2023
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Quando você menos esperava, o coração estava acelerado. O amor pelo seu trabalho já não existia mais e, todos os dias, o mesmo sentimento: pressão e sobrecarga para ser o melhor profissional da firma. Você não poderia — de forma alguma — decepcionar o time e as expectativas criadas sobre você. Até que crises de ansiedade, depressão, síndrome de burnout e síndrome do pânico passaram a ser rotina em sua vida. E agora: vale a pena pedir demissão para cuidar da saúde mental?
“Antes de tomar qualquer medida, o profissional precisa entender o que desencadeou tudo isso [os sentimentos listados acima]”, diz Tais Targa, psicóloga e especialista em carreira. Se questione: “é algum problema relacionado ao trabalho? É uma questão pessoal? Tem a ver com a nossa criança ferida que num evento isolado apenas despertou isso? Ou é uma questão que foi puramente desencadeada no trabalho?"
Feito isso, Tais recomenda consultar um especialista sobre o assunto. “Se necessário, consulte médicos e área de recursos humanos [da companhia], mas de preferência, não tome nenhuma decisão em momentos de crise de forte impacto emocional”, aconselha. Isso porque, é importante que a escolha seja muito bem avaliada. “Você nunca pode tomar uma decisão importante de vida quando está muito mal, no fundo do poço ou longe do seu estado natural."
“Tire uma licença de alguns dias ou férias. Use esses dias para um momento de reflexão: trace os objetivos de vida e carreira e veja o quanto é possível sair dessas questões e continuar com o trabalho. É uma decisão muito íntima. E nesse ponto, vale o apoio de um especialista porque às vezes o profissional não está em condições de tomar [a decisão] sozinho”, afirma a psicóloga.
Falar sobre desistir para cuidar da saúde mental ainda é um tabu, mas que está sendo quebrado. Na Olimpíada Tóquio 2021, Simone Biles, quatro vezes medalhista de ouro nas Olimpíadas, desistiu de competir na final. O motivo? ‘Preciso cuidar da minha saúde mental’, disse ela. "Acho que a saúde mental é mais importante nos esportes neste momento. Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos, e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos", disse Simone.
E segundo Tais, se o profissional, assim como Simone, desistir do emprego — para cuidar da saúde mental — acaba sendo um ato de coragem. “Às vezes, a gente para tudo externamente e internamente. A gente está numa evolução dando saltos de desenvolvimentos e é uma trajetória incrível de autoconhecimento, de resgate, de fortalecimento emocional e técnico”, avalia.
“Geralmente são pessoas que passam por transformações e a partir disso se tornam mais conscientes e mais presentes. Eu vejo que são profissionais que numa próxima oportunidade — depois de toda essa mudança interior [às vezes radical] — vão performar muito mais e isso pode ser a grande lição de contar a própria jornada. Afinal, só o fato de expressar a sua vulnerabilidade acaba surpreendendo você mesmo e acaba sendo um ato de coragem”, diz ela.
“A pandemia trouxe reflexão para muitas empresas, fazendo com que elas começassem a olhar com mais cuidado para esse assunto. O melhor produto de qualquer organização são as pessoas”, diz durante o evento RH Revolution Bianca Bastos, CHRO na brMalls. “A pessoa é única. Ela não tem o pessoal e o profissional separados. Em função disso, aquilo que impacta a saúde mental, obviamente impacta na produtividade e no engajamento que ela tem dentro das organizações”, diz a executiva.
De olho nisso, Bianca aconselha — assim como feito na brMalls — criar um programa de qualidade de vida, saúde e bem-estar. “Para dar ao colaborador ferramentas que ele possa usar e conseguir cuidar da saúde mental”, afirma ela. Saiba mais sobre a importância da área de RH na saúde mental dos profissionais aqui.
Precisamos falar sobre saúde mental. “O tema nunca esteve tão em pauta. Hoje, a gente vive em um contexto extremamente incerto e instável. O que gera insegurança. Afinal, não temos a mínima previsibilidade do que vem a seguir”, diz Tais. “Isso torna as pessoas mais frágeis, mais vulneráveis e suscetível a desenvolver várias questões de transtorno mental.”
Não à toa que 18 milhões de brasileiros, por exemplo, convivem com ansiedade, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Quando o assunto é Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, 30% dos brasileiros sofrem da síndrome, de acordo com uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR). A urgência sobre o tema fez a OMS a incluir na Classificação Internacional de Doenças da OMS, como uma síndrome relacionada ao trabalho. A lista entra em vigor a partir de 2022.
Além disso, no ano passado, houve alta de 26% no número de concessões de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez por causa de problemas de saúde mental. Os números só comprovam a importância (e urgência) de todos — sem exceção — em olhar para a própria saúde mental e auxiliar os colegas de trabalho a fazer o mesmo.
O RH sempre foi um setor importante nas empresas. Mas agora, com a mudança de comportamento das pessoas, a introdução de novas tecnologias e a criação de novas profissões, seu papel fica ainda mais relevante. Conheça o Gestão Inovadora para RHs e aprenda as técnicas que estão transformando os RHs na área mais Estratégica dentro das empresas.
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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.
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