Relatório alerta: sem ação imediata, a IA pode desfazer 50 anos de avanços econômicos e inaugurar uma era de desigualdade sem precedentes.
Para a ONU, IA deve evidenciar desigualdade social
, redator(a) da StartSe
6 min
•
2 dez 2025
•
Atualizado: 2 dez 2025
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A inteligência artificial pode não ser apenas a próxima grande revolução tecnológica — pode ser também a próxima grande crise de desenvolvimento.
Esse é o alerta duro e direto do novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado nesta terça-feira, que coloca a IA no centro de uma possível “grande divergência” econômica entre países.
Segundo o documento, intitulado “A Próxima Grande Divergência: Por que a IA Pode Ampliar a Desigualdade Entre Países”, a tecnologia pode reverter décadas de convergência econômica global e aprofundar desigualdades estruturais entre nações desenvolvidas e emergentes.
O PNUD concentra sua análise na região Ásia-Pacífico — um laboratório global para medir o impacto da IA.
E o diagnóstico é claro: enquanto alguns países correm na frente, outros permanecem presos ao ponto de partida.
China detém cerca de 70% das patentes globais de IA, consolidando liderança tecnológica.
Coreia do Sul e Singapura já estão construindo infraestrutura avançada e ecossistemas de IA robustos.
Do outro lado, Afeganistão, Maldivas e Mianmar ainda lidam com desafios básicos como eletricidade estável e conectividade mínima.
O contraste é brutal. Segundo o relatório, 25% da população da Ásia-Pacífico ainda não tem acesso à internet, e mulheres no sul da Ásia têm 40% menos probabilidade de possuir um smartphone.
Isso significa que a base para usufruir da IA simplesmente não existe para milhões de pessoas.
A ONU alerta que, se nada for feito, a IA pode:
ampliar a desigualdade educacional,
destruir empregos altamente expostos à automação,
acelerar fluxos migratórios,
aumentar tensões geopolíticas,
e agravar a insegurança em países que ficarem para trás.
Há ainda um alerta específico:
as mulheres serão desproporcionalmente afetadas.
Segundo o PNUD, empregos ocupados por mulheres têm quase o dobro de exposição à automação em comparação aos ocupados por homens.
Apesar dos riscos, o relatório destaca que a IA também pode ser uma enorme alavanca de crescimento:
O PIB da Ásia-Pacífico poderia crescer 2 pontos percentuais adicionais ao ano com adoção responsável da IA.
Só os países da ASEAN poderiam adicionar US$ 1 trilhão à economia regional na próxima década.
A questão não é se a IA será transformadora — mas quem será transformado positivamente.
Kanni Wignaraja, Subsecretária-Geral da ONU, foi direta:
“A IA está avançando rápido — e muitos países ainda estão na largada.”
O PNUD recomenda que os governos invistam de forma urgente em:
infraestrutura digital,
educação e capacitação,
marcos regulatórios que garantam competição justa,
proteções sociais para populações mais vulneráveis.
O objetivo é claro: impedir que a IA, em vez de reduzir desigualdades, se torne a força que vai ampliá-las.
O relatório da ONU deixa uma mensagem inequívoca:
a próxima década não será definida apenas por quem constrói a melhor IA, mas por quem garante que seu impacto seja inclusivo, seguro e distribuído.
Sem ação coordenada, a tecnologia mais poderosa da nossa era pode se tornar também um dos maiores fatores de divisão da história moderna.
O tempo para agir é curto — e a curva da IA não espera ninguém.
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Jornalista e Copywriter. Escreve sobre negócios, tendências de mercado e tecnologia na StartSe.
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