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Ozempic corporativo: como a inteligência artificial poderia estar 'emagrecendo' as big techs

Nesta coluna, Michelle Schneider, opina sobre o artigo de Scott Galloway onde ele aborda o impacto da IA nos negócios. Confira!

Ozempic corporativo: como a inteligência artificial poderia estar 'emagrecendo' as big techs

Inteligência Artificial (Foto: Pexels)

, redator(a) da StartSe

8 min

29 fev 2024

Atualizado: 29 fev 2024

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Desde que eu me desliguei do mundo corporativo para mergulhar mais fundo no estudo sobre o impacto da tecnologia no mercado de trabalho, já me peguei pensando muitas vezes sobre as recentes ondas de demissões nas big techs: seriam eles os primeiros sinais tangíveis do tão discutido impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho? 

Por mais que as justificativas dos CEOs sobre os layoffs ainda fossem sobre contratações exageradas durante a pandemia e ajustes estratégicos, a promessa — ou ameaça — de que a IA excluiria milhões de empregos nos próximos anos teria uma relação direta com esses eventos?

Na semana passada li um artigo brilhante do Scott Galloway onde ele aborda o impacto da IA nos negócios e faz uma analogia com as drogas GLP-1 (tecnologia por trás do medicamento Ozempic) para perda de peso e validou que esses meus pensamentos faziam muito sentido. 

Scott, professor da NYU Stern School of Business, autor e comentarista aguçado sobre as intersecções entre economia, tecnologia e cultura, é reconhecido por suas perspectivas penetrantes e muitas vezes provocativas sobre o futuro dos negócios e da sociedade. 

Ele não se coíbe de desafiar o status quo, mergulhando fundo nas implicações muitas vezes perturbadoras da inovação desenfreada.

Ele argumenta que, assim como as drogas GLP-1 estão revolucionando a perda de peso ao suprimir o desejo por comida, a IA está remodelando o ambiente de negócios ao permitir que as empresas "emagreçam" sua força de trabalho. 

Essa redução não ocorre pela diminuição de sua importância ou valor, mas pela otimização de processos e pela racionalização da força de trabalho. Contudo, da mesma forma que poucos admitem usar Ozempic, embora muitos claramente o façam, poucas empresas reconhecem que suas demissões estão relacionadas à substituição de humanos por máquinas.

As notícias financeiras recentes pintam um quadro de demissões e lucros recordes. 

  • As empresas de tecnologia demitiram 165 mil pessoas em 2022, 260 mil em 2023 e estão no ritmo para demitir 270 mil em 2024. 

A narrativa predominante na mídia é que essas empresas estão eliminando o excesso adquirido durante a pandemia, e agora testemunhamos uma correção de curso. Isso até faz sentido inicialmente. Mas, 18 meses depois, houve tempo suficiente para ajustar o quadro de funcionários. Isso levanta a questão: “Não há incentivo para uma empresa retardar esse processo — há algo mais acontecendo.”

Ao mesmo tempo, essas mesmas empresas estão registrando lucros sem precedentes, mostrando uma desconexão entre a redução da força de trabalho e a saúde financeira da empresa. A Meta, por exemplo, alcançou um trimestre de resultados recordes, reduzindo sua força de trabalho em -13% e aumentando seus lucros em +73%. 

Provavelmente a IA está desempenhando um papel maior nas demissões do que os CEOs estão dispostos a admitir. Eles podem estar sendo cuidadosos sobre isso, pelo menos publicamente, porque há um sentimento de medo em torno do novo mundo da IA. 

A narrativa de que a IA está destruindo empregos é perigosa para os políticos e pode atrair regulamentações indesejadas. Além disso, os líderes empresariais temem assustar seus funcionários restantes, muitos dos quais já estão preocupados com a possibilidade de serem substituídos por máquinas.


Trazendo um pouco do meu olhar para o assunto, vejo que sempre que falamos sobre o futuro do trabalho, é muito comum a gente se deparar com visões completamente distintas sobre o assunto.

Alguns creem que estamos na antessala do paraíso, com máquinas assumindo nossas tarefas laborais e nos liberando para desfrutar plenamente da vida; outros acreditam que estamos prestes a embarcar em uma distopia terrível, na qual a escassez de empregos causará enormes abalos econômicos e sociais, além de uma crise de identidade e propósito para muitos que, tradicionalmente, encontram significado e valor no trabalho.

Quando falamos sobre a automação de empregos, é crucial lembrar que nenhum emprego é um conjunto inalterado de atividades que pode ser completamente automatizado.

Em vez disso, cada trabalho é composto de muitas tarefas, e algumas dessas tarefas são muito mais fáceis de automatizar do que outras. Poucos trabalhos poderiam ser completamente feitos por máquinas, mas a maioria poderia ter pelo menos uma parte significativa deles assumida por máquinas.

Uma vez que você decompõe a maioria dos trabalhos profissionais em tarefas que os compõem, muitas dessas tarefas acabam sendo 'rotineiras' e podem ser automatizadas.

As máquinas não farão tudo no futuro, mas farão mais. 

E à medida que, lentamente, mas implacavelmente, assumirem cada vez mais tarefas, os seres humanos serão forçados a recuar para um conjunto cada vez menor de atividades.

Ao meu ver, esse movimento já começou e para nos mantermos relevantes, é crucial que nos preparemos para navegar neste novo mundo, não apenas adquirindo habilidades técnicas relevantes para a era da IA, mas também valorizando e desenvolvendo aquelas qualidades intrinsecamente humanas que a IA não pode replicar.

Como Scott diz em seu texto, eu também acredito que nos próximos trimestres os CEOs se manifestarão nas teleconferências de resultados e dirão claramente: "Vamos ser uma empresa menor que faz mais negócios graças à IA." É o Ozempic corporativo. Não se trata de menos pão e doce, mas de menos desejo por pão e doce.

*Este artigo não representa a opinião da StartSe; a responsabilidade é do autora

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Imagem de perfil do redator

Michelle Schneider é apaixonada por pessoas, tecnologia e inovação e nos seus 20 anos de experiência profissional já atuou nas áreas de Marketing, Vendas e RH. Ao longo de sua carreira, ela desempenhou papéis cruciais em gigantes da tecnologia como Google, LinkedIn e TikTok, liderando times de vendas de alta performance. Michelle é autora de um dos TEDx mais vistos do Brasil, intitulado 'O profissional do futuro', com quase 3 milhões de visualizações e recentemente decidiu pausar sua carreira no mundo corporativo para se aprofundar em estudos de futurismo e inovação, escrever um livro e buscar projetos alinhados a um propósito maior. Formada em Comunicação Social pela Esamc, Michelle é pós-graduada em Gerenciamento de Projetos pela DBS - Dublin Business School. Além disso, possui diversas especializações em Inovação em instituições renomadas como Universidade Hebraica de Jerusalém e Hyper Island

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