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Pode faltar ovo no mundo? Conheça a possibilidade plant based

Amanda Pinto, fundadora da N.ovo, foodtech brasileira, conta como é feito o ovo vegano, quais foram os insights para empreender e o que esperar do mercado de plant-based.

Pode faltar ovo no mundo? Conheça a possibilidade plant based

Ovo à base de plantas, da N.ovo (Foto: divulgação Instagram @n.ovoplantbased)

, jornalista

11 min

22 set 2021

Atualizado: 19 mai 2023

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Por Sabrina Bezerra

Prateleiras de ovos vazias em supermercados da Inglaterra, Estados Unidos, Lisboa e até na Nova Zelândia, viraram realidade. E com isso, um fato: o mundo enfrenta uma escassez global da proteína.

As explicações, entretanto, são distintas. Nos EUA, o problema é um surto de gripe aviária. De acordo com informações do Departamento de Agricultura, a doença já levou à morte mais de 44 milhões de aves poedeiras, cerca de quase 5% do total do país. Na Europa, a alta dos custos dos grãos e da energia elétrica, em decorrência da guerra na Ucrânia, também tem afetado a oferta de ovos. Na Nova Zelândia, o problema acontece devido a transição para a criação de aves livres de gaiola - o que encarece o processo. 

MAS E O BRASIL, CORRE RISCO DE FICAR SEM OVOS?

Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do conselho administrativo de Instituto Ovos Brasil, tranquiliza os consumidores brasileiros: 

“Por aqui, não devem faltar ovos. Mas uma produção menor em 2023 deve manter os preços elevados."

OVOS FEITOS DE PLANTAS: UMA NOVA POSSIBILIDADE

Ovos de galinha? Só que não. A N.ovo, foodtech brasileira, tem em seu portfólio ovos e maioneses feitos à base de plantas. Segundo Amanda Pinto, fundadora da empresa, não é possível sentir diferença de sabor quando comparado aos alimentos tradicionais.

“Porque usamos — com a ajuda de inovação, pesquisa e tecnologia — bases diferentes. Fazemos uma combinação delas e conseguimos replicar o cheiro, a cor, o sabor e a textura dos alimentos tradicionais”, conta Amanda.

+ Clique aqui para conhecer um pouco mais sobre o mercado de plant-based

Como é o ovo vegano? 

  • N.ovo Receitas: ovo feito de amido de ervilha, linhaça dourada integral moída e proteína de ervilha. Não é para ser consumido diretamente, e sim usado na produção de receitas. O motivo? É feito em pó. 
  • N.ovo Mexido: ovo feito à base de soja e ervilha para o preparo de ovos mexidos e omelete.
  • Maionese: feita à base de batata, óleo de girassol e milho.

Como a startup de ovo vegano foi criada?

Essa é uma história muito interessante. E Amanda, nomeada como Mulher do Agora, contou a trajetória empreendedora em entrevista à Startse. Ela é filha de Leandro Pinto — fundador do Grupo Mantiqueira — uma das maiores produtoras de ovos do país.

À época, Amanda estava à frente da área de comunicação e inovação da empresa familiar. “Sempre buscando formas inovadoras de produzir alimentos”, diz ela. Até que descobriu o mercado de plant-based, — muito falado no Vale do Silício.

“Assim que eu ouvi falar, eu pensei: ‘faz muito sentido’. Afinal, tira o animal do meio dessa cadeia, e leva grão direto para as pessoas, porém mantendo todos os prazeres na mesa que a gente está acostumado”, conta Amanda. 

Depois de visitar algumas startups do nicho, não teve dúvida: o Grupo Mantiqueira precisaria ter essa frente de negócio. E, em 2019 a empresa nasceu.

Confira a entrevista com Amanda Pinto:

Amanda Pinto, fundadora da N.ovo (Foto: divulgação)

O Grupo Mantiqueira é tradicional. Como foi convencê-lo a investir em um novo braço de negócio?

Obviamente que eu tive de fazer um grande trabalho de convencimento para conseguir investir nesse segmento de produtos feitos de plantas, principalmente por ser algo disruptivo.

Então, eu falei com eles sobre inovação e disrupção, mostrei os números do mercado e a previsão de crescimento. Também citei a Kodak como exemplo: “a gente tem duas opções. Fazer igual a Kodak que inventou a câmera digital e colocou na gaveta para não deixar de vender filmes, ou sair na frente com a inovação e levar isso para o mercado, conectando todas as forças que a empresa têm e que construiu ao longo de mais de 30 anos — como distribuição de logística, força de vendas e por aí vai”. 

Foi assim que a gente lançou, em março de 2019, o produto N.ovo Receitas. Em outubro do mesmo ano, eu já estava super inserida no mercado de plant-based e percebi o quanto ainda existia espaço para crescer e trazer outros produtos. Logo, deixei a minha cadeira de marketing e inovação para fundar a N.ovo, que é uma startup spin-off do grupo.

Ovo à base de planta (Foto: divulgação Facebook N.ovo)

E como funciona o desenvolvimento de novos produtos?

Além do N.ovo Receitas, nós lançamos a maionese e os ovos mexidos. E a ideia é não parar por aqui. Já temos alguns pipelines de lançamento para este e os próximos anos. Nós trabalhamos com dois P&Ds: um de curto prazo — que envolve o que será lançado no mercado neste ano e nos próximos dois —; e o de longo prazo — que dedicamos parte do orçamento para encontrar soluções de como alimentar 9 bilhões de pessoas até 2050, que é a previsão da ONU.

Alimentar tantas pessoas é uma preocupação mundial. Você acha que o plant-based pode ser uma alternativa cada vez mais estável neste cenário?

Plant-based, de todas as soluções que eu investiguei, foi a que me pareceu melhor. A ideia de você levar plantas direto para as pessoas pulando o animal faz a gente ganhar muito, principalmente com relação ao que a gente chama de conversão alimentar. Veja: o boi, por exemplo, precisa comer em média 10 mil calorias de grãos para produzir 1 mil calorias de bife. É uma conversão muito ruim se a gente comparar que poderia levar esses grãos direto às pessoas. Esse é só um exemplo de como a fome pode ser combatida com alimentos feitos de plantas. (…) A forma que a gente se alimenta hoje em dia é insustentável. É quase uma utopia imaginar que as próximas gerações vão se alimentar como fazemos hoje.

Por quê?

É praticamente insustentável. Imagina o mundo com 9 bilhões de habitantes e todos comendo carne no almoço e jantar? A chance de colapsar é muito grande. Além disso, a gente vê o plant-based como uma solução de grandes problemas como sustentabilidade, aquecimento global…

E para você, qual será o futuro do mercado de plant-based?

Vejo um crescimento acelerado. Sempre acreditei muito nisso e vejo os bons resultados que desde que a gente ingressou, lá em 2019. As pessoas estão com mais acesso à informação — principalmente com o uso da internet — e passam a conhecer mais sobre os impactos das escolhas no dia a dia. Portanto, fica inevitável que elas busquem soluções para esses impactos. É aí que o mercado plant-based se encaixa perfeitamente bem. A pessoa consegue fazer redução de impacto sem mudar muito a rotina. Vejo um mercado em plena expansão e vai ganhar mais força. O que é bacana, né? Mais players, mais inovação, mais produtos de forma que possamos ser cada vez mais competitivos.

Thumbnail do vídeo

Você é vegana?

Não sou vegana e adoro quando me perguntam (risos). Porque a N.ovo não é feita para veganos. Obviamente que eles são um público super importante para a gente, mas (...) o nosso foco é alcançar os não-veganos também. Afinal, quem consome os alimentos não sente a menor diferença em relação aos tradicionais.

E por que o nome N.ovo?

A gente veio do Grupo Mantiqueira, né? Maior fabricante de ovos. Então, o N é de algo novo, e ovo de ovo (risos).

Dê uma dica para quem quer empreender?

Eu acredito no empreendedorismo de impacto, que gera valor para todo mundo: acionista, investidor e sociedade — negócios que solucionam grandes problemas globais, como a N.ovo. Dito isso, o meu conselho é: entenda quais são as possíveis soluções desses grandes problemas e crie serviços ou produtos com base nisso. Já será meio caminho andado para o sucesso de uma organização.

Quer aprender mais sobre o mercado de plant-based com a Amanda? Ela vai participar do SVWC 2021 no dia 19 de outubro. Faça a sua inscrição aqui. É online e gratuito.

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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.

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