Black Friday 2025: o varejo brasileiro acelera para um ano de R$ 5,4 bilhões

A Black Friday 2025 promete ser a maior da história do varejo brasileiro. A CNC projeta R$ 5,4 bilhões em vendas — um avanço real de 2,4% sobre 2024, mesmo em um cenário econômico de forças opostas: desemprego no menor nível da história convivendo com juros de 15% ao ano e endividamento recorde das famílias. Um contraste que mostra que o brasileiro continua comprando — mas pisa no acelerador com uma mão no freio.

O dia 28 de novembro deve consolidar a Black Friday como a quinta data mais relevante do varejo nacional, atrás apenas de Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais. O dólar mais baixo — abaixo de R$ 5,30, contra quase R$ 5,80 no ano passado — ajuda a aliviar importados e eletrônicos, mas a inadimplência em 30,5% e o endividamento em 79,5% das famílias seguem pesando no carrinho.

O poder de compra está concentrado em três categorias que, juntas, vão responder por 68% de todo o dinheiro que circular:

hiper e supermercados (R$ 1,32 bi),
eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 1,24 bi)
e móveis e eletrodomésticos (R$ 1,15 bi).

Vestuário também marca presença com R$ 950 milhões, enquanto o trio farmácias, perfumaria e cosméticos deve movimentar R$ 380 milhões.

Fabio Bentes, economista-chefe da CNC, reforça que o Brasil criou uma “Black November”: um mês inteiro de descontos, não apenas uma sexta-feira. E 2025 chega com um motor extra: o brasileiro empregado como nunca antes, com a taxa de desemprego em 5,6%, o melhor número desde o início da série do IBGE em 2012.

Mas o farol amarelo já está aceso — e forte.

Embora 70% dos preços monitorados tenham alto potencial de queda, com descontos acima de 5% (papelaria despenca 10,14%; livros 9,02%; joias 9,01%; perfumaria 8,20%), a data virou terreno fértil para um novo tipo de vilão: golpes com inteligência artificial.

Segundo o Reclame Aqui, 63% dos consumidores não conseguem identificar fraudes criadas com IA, e o uso dessa tecnologia em golpes no Brasil cresceu 822% entre 2022 e 2023. Deepfakes, vozes clonadas e anúncios falsos estão cada vez mais semelhantes ao real — e cada vez mais nocivos.

A orientação da Senacon é clara:

- desconfiar de descontos milagrosos,
- verificar reputação,
- priorizar sites seguros com https
- e lembrar do direito de arrependimento de sete dias em compras online.

A Black Friday 2025 será grande — mas o consumidor precisará ser ainda maior: mais atento, mais crítico e muito mais desconfiado.