Parceria entre o AliExpress e a Nuvemshop permite venda por essa modalidade. Entenda como funciona -- e quais são as vantagens e as desvantagens do negócio.
e-commerce, loja virtual, loja online (Foto: Pexels)
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15 min
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9 abr 2021
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
Vender produtos online, mas sem precisar estocá-los. Essa é a proposta da parceria inédita no Brasil — feita em março de 2021 — entre o AliExpress, serviço de varejo online do conglomerado chinês Alibaba Group e a Nuvemshop, plataforma de e-commerce para empresas. Pode parecer estranho, mas o método se chama dropshipping — e é muito comum quando o assunto é empreender com loja virtual (mercado que cresceu 73,88% no ano passado em comparação com 2019).
Trata-se de um modelo de negócio em que o empreendedor vende os produtos sem estoque. Ou seja, ele cria a loja virtual e escolhe os produtos que quer vender diretamente do fabricante (uma revenda). Depois, quando o cliente realizar a compra, quem fica responsável pelo empacotamento e envio é o fabricante. Mas os dados como nota fiscal do produto e remetente permanecem os da loja que vendeu o item. Ou seja, o consumidor não sabe de todo esse trâmite interno. Em tempo: quer aprender a construir um e-commerce de sucesso? Temos uma aula gratuita disponível aqui na plataforma StartSe.
Apesar da modalidade não ser nova, a parceria entre as empresas é inédita. É a primeira vez que o AliExpress fecha esse tipo de negócio no Brasil. Vale lembrar que o marketplace chinês — presente no país desde 2009 — conta com 150 milhões de usuários ativos espalhados por 220 países. O Brasil está entre os cinco mais importantes. Já a Nuvemshop conta com cerca de 75 mil lojas ativas e está otimizada para vender no Chile, Colômbia e México.
Mas como a parceria entre as empresas foi fechada? De um lado, o AliExpress tem o foco de até 2036 fomentar as pequenas e médias empresas. “A gente definiu que vamos ajudar a criar 100 milhões de empregos e ajudar as pequenas e médias empresas [com nossa tecnologia]”, diz Yan Di, country manager do AliExpress no Brasil, em entrevista à StartSe.
Do outro, a estratégia da Nuvemshop: há cerca de dois anos, a empresa tinha o projeto de implementar o modelo de dropshipping. Eles fizeram estudos sobre o tema e “tiveram a feliz coincidência com o movimento do AliExpress no Brasil”, diz Luiz Natal, head de platform development da Nuvemshop.
“Foi um casamento perfeito entre o AliExpress e a Nuvemshop”, conta Yan. A parceria foi fechada há cerca de um mês. Neste período, cerca de quatro mil empreendedores adotaram a solução. O número de cadastro superou as expectativas das empresas, que esperavam atingir esse marco após 60 dias do lançamento. O segmento que mais teve vendas nesse período foi acessórios e moda. “Essas são as lojas que estão tendo mais pedidos”, afirma Luiz. Já foram feitos mais de 3 mil pedidos e o tíquete médio está em R$ 156.
O negócio permite que, por meio de API (interface de programação de aplicações), os produtos do marketplace chinês sejam conectados à plataforma da Nuvemshop. A partir daí, “o empreendedor escolhe qual produto do AliExpress quer vender dentro de sua loja, e em poucos cliques, o item é importado para o e-commerce dele”, diz Luiz Natal, head de platform development da Nuvemshop. Toda a gestão de estoque é feita diretamente pelo fabricante do marketplace chinês. “O que facilita não apenas a criação do inventário, mas também a operação do dia a dia”, afirma Luiz.
O empreendedorismo no Brasil tem crescido nos últimos anos e foi acelerado pela pandemia. Pois, no ano passado, o desemprego bateu recorde no Brasil e atingiu 13,4 milhões de pessoas — o maior já registrado desde o início da série histórica em 2012, segundo dados divulgados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com isso — e também com a suspensão e redução salarial de muitos profissionais — a população passou a buscar uma outra fonte de renda, e encontraram no empreendedorismo um caminho. Não à toa que o microempreendedorismo (MEI) aumentou 8,4% em 2020 em comparação com 2019. Do total de 3.359.750 empresas abertas no ano passado, 2.663.309 eram MEIs.
A modalidade de dropshipping, segundo Yan, “é um ótimo caminho para o empreendedorismo porque oferece mecanismo de revenda automatizada. Ou seja, ele não precisa gastar para comprar um estoque grande demais. Além disso, o AliExpress oferece serviço de logística aprimorado”, diz. De acordo com o executivo, “não é mais o AliExpress que todo mundo conhecia há alguns. Hoje em dia estamos operando com 4 voos fretados por semana. Muita gente consegue receber produtos entre 3 e 15 dias”, afirma.
Luiz completa dizendo que, a maior dificuldade — antes da parceria — dos lojistas era investir em estoque. “Pois precisaria ter uma diversidade e quantidade dos itens disponíveis”, diz ele. Com a nova modalidade, o empreendedor não tem mais essa preocupação.
Contudo, é preciso tomar alguns cuidados: “operar no modelo dropshipping é uma maneira facilitada de operar o e-commerce, porém, ele tem que respeitar todas as boas práticas, como: emitir a nota fiscal e oferecer atendimento, por exemplo”, diz.
Já para de destacar no negócio, os executivos compartilham algumas dicas. Para Luiz, é preciso “se planejar, entender o mercado, quais são as verticais de e-commerce que estão em alta e quais são os nichos. Outra dica é: networking. Conversar com quem empreende para antecipar os possíveis problemas e encontrar os atalhos. E o terceiro é pensar em ampliar os canais não apenas no e-commerce mais no digital também”, diz. “Entenda que o e-commerce precisa de dedicação e foco como qualquer outro trabalho”, completa.
Yan conta que “precisa ter bastante atenção na demanda e necessidade de todos os usuários segmentados. Precisa escutar com bastante atenção o cliente e ter sensibilidade para entender o que ele precisa”, afirma. “É importante também entender sobre o ROI (retorno sobre o investimento). Pois, se você não controlar bem, é fácil quebrar a sua empresa”, completa.
Suely Angélica Maia decidiu empreender após ficar viúva. “Eu precisava de uma renda extra e decidi empreender pela internet”, diz ela. Fundou a empresa Art em Resina, que vende moldes de silicone para a criação de produtos artesanais. Ou seja, vende, na maioria das vezes, para pessoa jurídica. “Eu queria empreender e ajudar outras pessoas a ganhar dinheiro também”, conta Suely. No começo, foi difícil, ela conta. Por mês, vendia cerca de 25 itens. Mas após usar a modalidade de dropshipping, viu o número de pedidos disparar para aproximadamente 150. O faturamento não foi divulgado pela empreendedora.
Suely conta que quando conheceu, de fato a modalidade de venda, adorou. “Porque todas as vezes eu precisava investir cerca de R$ 2 mil reais para comprar material e esperar chegar para poder colocar na loja e revender. Era um sufoco. Hoje não. As coisas melhoraram muito. A minha loja está cheia de produtos [da AliExpress]. Não preciso mais investir. E o tempo de espera também é bom. Os clientes estão gostando”, diz.
O empreendedor Gabriel Tavares conta que sua loja está pronta, mas ainda falta divulgá-la. Para ele, apostar no dropshipping é uma boa solução. “Já trabalhei em uma Loja que deu certo [nessa modalidade] e que está vendendo hoje, então resolvi montar a minha própria”, conta. No entanto, Gabriel destaca que, embora pareça fácil, não é. Precisa “entender o que é o mercado em si, ser um lojista de fato, afinal, o cliente compra diretamente na loja. Então, o lojista tem que arcar com toda a responsabilidade”, diz.
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Sabrina Bezerra é head de conteúdo na StartSe, especializada em carreira e empreendedorismo. Tem experiência há mais de cinco anos em Nova Economia. Passou por veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.
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