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A nova fórmula do talento

Talento não é dom, é engenharia: nasce da combinação entre habilidade crescente e vontade consistente de transformar.

A nova fórmula do talento

Foto: IA

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19 min

30 out 2025

Atualizado: 30 out 2025

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1) Talento como genérico de categoria

O termo “talento” virou uma etiqueta genérica. Um rótulo padrão, aplicado sobre qualquer colaborador como um sinal de gentileza motivacional corporativa. Chamamos todos de “talento” para encher o ego mas, nesse gesto inclusivo, esvaziamos o próprio sentido da palavra.

Mas essa diluição semântica está cobrando um preço alto. Quando tudo é talento, nada é talento de verdade. Ao tentar reconhecer todos igualmente, perdemos a capacidade de distinguir quem realmente gera valor acima da média de quem apenas cumpre o que se espera. O problema não é de semântica, é de gestão.

Essa confusão entre desempenho e diferencial mina a meritocracia, distorce a alocação de recursos e enfraquece o senso de referência interna. Nos prendemos numa pegajosa rede que nós mesmo tecemos

O resultado é uma cultura morna, onde performance, atitude e entrega concreta se misturam em um caldo genérico de boas intenções e vontade de fazer todos felizes.

As consequências são concretas. Erramos na contratação porque buscamos brilho genérico em vez de relevância específica. Erramos nas promoções porque confundimos carisma com contribuição. Erramos no desenvolvimento porque tratamos todos como iguais, quando as curvas de aprendizado e impacto são radicalmente diferentes.

Empresas perderam a capacidade real de descriminar o que realmente é um talento e acabam promovendo o mediano conformista, punindo os corajosos e tornando em mais covardes aqueles que realmente querem transformar o negócio. Estamos presos num labirinto onde tudo parece igual na hora que precisamos do diferente.

Por isso, reavaliar o conceito de talento não é uma discussão filosófica, é uma urgência operacional. Sem um filtro nítido, comprometemos meritocracia, produtividade e crescimento sustentável. Talento não é carisma, não é simpatia, nem lealdade. É um conjunto raro de energia, curiosidade e consistência aplicada a resultados que movem o negócio para frente.

Vamos lá tentar achar a saída desse labirinto?

2) Todos são funcionários até que se provem como talento

Comecemos do princípio: a palavra “talento” nasceu do grego talenton, uma medida de valor e peso. Não era uma qualidade pessoal, mas uma unidade de referência para expressar quanto algo valia. Seu significado original, portanto, não falava sobre pessoas, mas media relevância. Um talento era algo que tinha peso ou valor.

Aplicando diretamente esse sentido ao trabalho, Talento é aquele que adiciona valor ao resultado. É quem cria valor adicional. É o ser humano que não apenas executa o que foi pedido, mas transforma o que entrega.

Assim, enquanto muitos cumprem funções, o talento as amplia; enquanto alguns fazem parte da engrenagem, o talento muda o ritmo da máquina.

E foi justamente aí que nos perdemos. Substituímos a palavra “funcionário”, que sempre descreveu corretamente aquele cumpre uma função, por uma versão gourmetizada que mediocriza o poderoso significado original da palavra “talento”. Vulgarizamos o termo, chamando todos de “Talentos”.

Em mais um capítulo da cruzada pela Felicidade Corporativa, criamos uma espécie de tapinha verbal nas costas que pouco diz sobre valor real. Passamos a chamar todos “funcionários” de “talentos” apenas para deixar todos com melhor autoestima. Só que quando todos são talento, se perde a real noção de quem é talento de verdade.

O funcionário é quem executa com correção o que lhe cabe — e há enorme dignidade nisso. Ele mantém o sistema funcionando. Já o talento é o que o faz evoluir. Ele não reclama das condições: cria novas condições. Não se intimida com barreiras: as dissolve ou as redefine. É o tipo de pessoa que aumenta a densidade do ambiente, inspira padrões mais altos e provoca movimentos de transformação.

O Talento de verdade incomoda e rompe a “silenciosa violência do Igual”. Tem a coragem de caminharem vivos no meio de estatuas corporativas, pessoas que querem apenas manter a estabilidade” ou o Status de suas posições .

Foto: IA

Por isso Talento também não tem relação direta com cargos ou hierarquias .
Nem todo líder é talento e nem todo talento é líder. Existem líderes-funcionário, que cumprem bem sua função e mantém a roda girando. E existem líderes-talento, que redefinem o jogo e faz a roda ganhar tração e velocidade.

Precisamos dos dois tipos de gente, mas separar funcionários de talentos torna-se chave quando o mundo acelera e a transformação precisa acontecer.

Nem todo mundo é Talento. Talento não é qualquer um. Por isso e preciso recuperar o critério e principalmente termos um critério mais objetivo para separar funcionários de talentos.

3) A Fórmula do Talento

Em um mundo em constante aceleração, empresas definitivamente precisarão de Talentos para redefinirem suas fronteiras e moverem negócios para frente. É portanto uma força vetorial, algo que tem direção, intensidade e efeito.

Na física, essa ideia é expressa pela fórmula clássica: F = m × a.

A força (F) é o produto entre a massa (m) — aquilo que dá peso, estrutura e consistência — e a aceleração (a) — o que imprime movimento e velocidade. Sem massa, não há substância; sem aceleração, não há impacto.

Minha proposta aqui é que apliquemos a mesma lógica aos seres humanos de impacto. O talento é a força que transforma boas intenções em ação efetiva.

E sua equação seria algo simples como isso:

Talento = Habilidade (o que você domina) × Vontade (o quanto você quer transformar).

Quanto maior o produto, maior a força que você exerce sobre o ambiente.
Talento é alguém que gera impacto e valor por meio do resultado combinado de habilidades crescente e vontade consistente. Enquanto a habilidade define o que a pessoa pode fazer, a vontade define o quanto ela quer fazer acontecer.

HABILIDADE: a massa do talento.

É o que dá peso, densidade e substância à entrega de uma pessoa. Representa o acúmulo de competências, experiências e repertório que permitem transformar intenção em execução qualificada. É o quanto alguém sabe, pratica e entrega com precisão, mas também como pensa e reage diante da complexidade.

A habilidade não é apenas técnica, ela é tridimensional:

  • A primeira camada é a habilidade técnica, o domínio concreto do ofício. É o saber-fazer adquirido pelo treino, pela repetição deliberada e pela curiosidade que recusa a mediocridade. É o cirurgião que domina o bisturi, o programador que entende o código, o gestor que lê um DRE sem titubear. Sem essa base, não há solidez, apenas boas intenções.
  • A segunda é a habilidade socioemocional, a capacidade de lidar com pessoas, contextos e pressões. É o que diferencia o especialista que entrega sozinho do profissional que multiplica o impacto através dos outros. Inclui escuta ativa, empatia, colaboração, autogestão e maturidade para sustentar o desconforto inevitável do trabalho real. É o músculo da convivência: o que mantém o talento de pé em ambientes de atrito e ambiguidade.
  • A terceira é a habilidade cognitiva, o poder de compreender, conectar e reinterpretar informações. É a faculdade de pensar criticamente, de discernir o essencial do ruído e de articular ideias em novas combinações. Profissionais com alta habilidade cognitiva não apenas resolvem problemas — redefinem o problema. São capazes de traduzir complexidade em clareza e transformar incerteza em tomada de decisão.


Essas três dimensões formam o peso total da habilidade. A massa técnica sem a cognitiva produz bons executores, mas não inovadores. A cognitiva sem a socioemocional gera mentes brilhantes incapazes de trabalhar com outros.
A socioemocional sem a técnica cria pessoas agradáveis, mas vazias de entrega concreta.

No fim, habilidade é o que faz o talento ter peso no mundo. Ela dá massa a vontade e permite que movimento tenha impacto. E quanto mais diversa e integrada essa habilidade, mais previsível e sustentável é a força que um talento exerce sobre o ambiente.
 

VONTADE

A vontade é a aceleração do talento. É o impulso interno que converte conhecimento em ação. É o vetor interno que imprime movimento à massa da habilidade. Representa a energia que impulsiona alguém a aplicar o que sabe, mesmo quando as condições não são ideais.

Ela nasce da curiosidade, da ambição e do sentido. É o que faz alguém insistir quando o cenário complica, reinventar quando o contexto muda e manter o ritmo quando o entusiasmo acaba. É o campo invisível onde se decide quem avança, quem para e quem regride.

Na prática, a vontade é a resultante de três forças humanas fundamentais

A primeira delas é a ambição — o desejo de ir além. É a energia bruta que projeta o indivíduo para fora da zona de conforto. Ambição é fome de conquista, é o impulso de criar, melhorar, deixar uma marca. É o antídoto contra a apatia e o conformismo. Sem ambição, o talento estaciona: sabe muito, mas não busca nada. A ambição define a direção do vetor, aponta o caminho e acende o motor interno.

A segunda é a resiliência — a capacidade de resistir diante do atrito. É o amortecedor que protege o movimento contra as inevitáveis colisões da realidade. Sem resiliência, toda ambição desaba no primeiro impacto. Ela transforma dor em aprendizado e obstáculo em impulso de retorno. A resiliência dá continuidade ao vetor da vontade, impedindo que ele se quebre diante da adversidade.

A terceira é o comprometimento — a decisão madura de permanecer envolvido mesmo quando o entusiasmo passa. É o que distingue o motivado do persisitente, o entusiasmado do responsável. Comprometimento é o elo entre intenção e consistência: é o que faz alguém continuar entregando quando ninguém está olhando. Representa a sustentação do vetor — a disciplina emocional de manter o curso até o resultado acontecer.

Essas três forças combinadas produzem a aceleração do talento. A ambição empurra para frente. A resiliência protege o movimento. O comprometimento garante que ele chegue até o fim. Sem ambição, a vontade não nasce. Sem resiliência, ela não dura. Sem comprometimento, ela não entrega.

Multiplicar habilidade por vontade é o que gera força real dentro de uma empresa.
Se um deles é zero, o resultado é zero. Não há talento sem as duas dimensões atuando juntas.

Vontade sem habilidade gera energia desgovernada: gente que se move, mas não entrega nada. Habilidade é mais do que competência é densidade. É o conjunto de conhecimentos, posturas e percepções que sustenta a vontade quando o entusiasmo acaba e direciona a energia quando o caos começa. Sem habilidade, a vontade até se move, mas sem direção. É impulso sem propósito. É aceleração sem massa, uma força que não empurra nada

Habilidade sem vontade gera competência estéril: gente boa que não se move. Vontade não é emoção é engenharia.É a arquitetura invisível da persistência. É o sistema interno que transforma propósito em ação contínua. No fim, é a vontade que distingue o talento do espectador. Porque o mundo não é transformado por quem sabe muito, mas por quem move o que sabe com força, direção e propósito.

Quando habilidades crescentes encontram vontade consistente é que surge o talento de verdade — aquele que muda a trajetória, amplia resultados e inspira movimento coletivo. Quanto maior a vontade, mais ela acelera o efeito aplicado da habilidade, multiplicando seu impacto sobre o ambiente. Simultaneamente, quanto maior a habilidade maior a confiança sustentando a vontade de fazer mais.

Por isso, o talento é, literalmente, uma força motriz de transformação.
Quanto maior a habilidade e mais intensa a vontade, maior o impacto gerado.

4) Talento é um ato de coragem

No fim das contas, talento não é uma identidade é um comportamento.

Não se trata de ser um talento, mas de agir como um talento, todos os dias, mesmo quando ninguém está observando. O erro das empresas foi transformar “talento” em rótulo, como se fosse um status fixo, uma conquista definitiva. Mas talento esta mais para um verbo, do que para um substantivo. Ele não mora no crachá, mora na atitude.

Ser talento é empurrar os limites da própria função. É recusar a linha do “cumprido” e buscar o que ainda pode ser criado. É a diferença entre entregar o que foi pedido e entregar o que gera valor novo. Entre cumprir tarefas e mover sistemas. O talento não cria valor apenas pelo que sabe, mas pelo que faz com o que sabe, e pela energia que injeta nesse fazer.

Por isso, o talento não é um dom, é uma força composta.
Surge quando habilidade (massa) encontra vontade (aceleração).
Quando densidade se transforma em movimento. Quando o saber ganha direção, ritmo e propósito. É nessa interseção que nasce a verdadeira força de impacto humano: o tipo de energia que muda resultados, pessoas e culturas.

O que nos torna valiosos é a capacidade de escolher agir como um, mesmo sob pressão, mesmo cansados, mesmo quando seria mais fácil apenas cumprir tabela. Talento é um estado de presença produtiva, não uma condição permanente.

Gente com alto potencial mas sem coragem é apenas uma commodity.

Por isso, no final agir como um Talento é um ato de coragem. É o ato diário de provar que, no trabalho e na vida, não basta existir é preciso escolher pesar no mundo. Ao invés do tédio conformista, escolhe a emoção de tentar fazer diferente. Ao invés da conformidade escolhe o risco calculado. Ao invés da harmonia artificial, escolhe a abertura radical. Ao invés de cuidar do emprego, decide cuidar da empresa.

É preciso ter coragem para ter um talento no time.
Você tem?

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Experiente Diretor de Marketing, Inovação e Estratégia com um histórico comprovado em vários indústrias. Hábil em Gestão de Marketing, Planejamento de Mercado, Planejamento Estratégico, Customer Marketing, Inovação e Transformação Digital.

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