Soham Parekh não criou o próximo superapp, nem liderou uma rodada bilionária, mas virou assunto em todas as rodas do Vale do Silício (e não foi por acaso).
Foto: Unsplash
, Redator
5 min
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7 jul 2025
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Atualizado: 7 jul 2025
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Na última semana, Soham Parekh, engenheiro de software indiano, se tornou protagonista de uma história no mínimo improvável: ele conseguiu trabalhar, em segredo, para diversas startups do Vale do Silício ao mesmo tempo.
A história veio à tona após um post no X (antigo Twitter) de Suhail Doshi, CEO da Playground AI. “AVISO: tem um cara chamado Soham Parekh que está trabalhando em 3 ou 4 startups ao mesmo tempo. Ele já enganou empresas da Y Combinator e outras. Cuidado.” O post viralizou, com mais de 20 milhões de visualizações e desencadeou uma onda de revelações.
Vários fundadores começaram a relatar experiências semelhantes com Parekh. Ele parecia estar em todos os lugares: participava de reuniões, entregava códigos, impressionava em entrevistas técnicas, mas sem que nenhuma empresa soubesse das outras.
De acordo com reportagem publicada pelo TechCrunch, Soham Parekh chegou a ser contratado por startups como Antimetal, Lindy, Sync Labs, e ainda se candidatou para várias outras apoiadas pela Y Combinator.
A justificativa? Segundo ele próprio, em entrevista ao canal TBPN, era simples: precisava de dinheiro. Parekh afirma que adiou seus estudos e assumiu múltiplos empregos por necessidade financeira, mesmo recebendo salários baixos em troca de participação acionária.
Durante a entrevista, Parekh afirmou trabalhar 140 horas por semana, o equivalente a 20 horas por dia, todos os dias. Ele também disse que não usava ferramentas de IA nem terceirizava o trabalho: fazia tudo sozinho, por amor à programação e aos produtos.
Apesar disso, a conta não fechava. Seu currículo declarava um mestrado pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia, mas ele vivia na Índia (mesmo afirmando estar nos EUA). Algumas contribuições no GitHub e inconsistências nas entrevistas também levantaram suspeitas entre os recrutadores.
Mesmo assim, ninguém duvida da competência técnica de Parekh. Um dos engenheiros que o entrevistou afirmou que ele estava entre os três melhores candidatos já avaliados em testes de algoritmos. Outros citam seu domínio sobre frameworks como React.
Agora, acredita-se que Parekh vai transformar seu momento viral em oportunidade, mas ainda não se sabe como. Ele chegou a divulgar que começaria a trabalhar exclusivamente para a Darwin Studios, mas apagou o post.
A história de Soham Parekh é incomum, mas serve de alerta sobre uma transformação silenciosa no mundo do trabalho remoto. Em tempos de home office, múltiplos contratos e culturas descentralizadas, os mecanismos tradicionais de controle e confiança estão sob pressão.
Ela também levanta uma discussão relevante: até onde vai o culto à entrega e à produtividade? Será que estamos criando um ambiente em que a "performance extrema" se sobrepõe à ética básica?
Ou seja, a história de Soham Parekh não é só sobre um “funcionário fantasma”, é sobre o quanto empresas estão preparadas (ou não) para um mercado em que talentos são distribuídos globalmente, operam remotamente e nem sempre seguem as regras do jogo tradicional.
No mundo pós-pandemia, construir confiança, cultura e sistemas de governança claros pode ser o novo diferencial competitivo.
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