O que o empresário brasileiro precisa saber sobre o retorno de Trump
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8 min
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7 jan 2025
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Atualizado: 7 jan 2025
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Parece até título de campeão de bilheteria de Hollywood, mas é a realidade batendo à porta: o segundo mandato de Donald Trump, que começará oficialmente ao meio-dia de 20 de janeiro, promete ser uma versão reorganizada e refinada de sua primeira presidência.
Mas o cenário econômico e político mudou bastante desde 2016. E eles podem desafiar o próprio Donald Trump na implementação de suas propostas mais emblemáticas, aquelas que fizeram ele chegar lá.
Por exemplo: durante sua primeira gestão, Trump se beneficiou de um contexto econômico marcado por baixa inflação e taxas de juros próximas a zero. Agora, a realidade é bem diferente: a inflação elevada pós-pandemia levou o Federal Reserve (Fed) a manter juros altos para conter novos aumentos de preços.
A promessa de cortes de impostos, especialmente para os mais ricos, pode aquecer ainda mais a economia, que já opera com baixas taxas de desemprego. Isso, no entanto, pode gerar um superaquecimento econômico, forçando o Fed a adotar políticas monetárias ainda mais restritivas. Déficits fiscais crescentes, decorrentes da redução de receitas, podem minar a sustentabilidade econômica de longo prazo, aumentar os custos de empréstimos e fortalecer o dólar — prejudicando exportadores americanos e países endividados em moeda americana.
A política de tarifas elevadas é outra área central da agenda de Trump. Apesar de sua retórica agressiva, os resultados do primeiro mandato mostram que sua abordagem frequentemente culminou em negociações bilaterais e concessões mútuas. Líderes estrangeiros buscaram evitar conflitos tarifários por meio de acordos que preservaram interesses comerciais estratégicos.
Só que agora o discurso é fortalecer a indústria norte-americana. Make America Great Again, lembra? Esse discurso, que por enquanto é só discurso, se levado à prática de aumentar o custo da entrada comercial de outros países, pode resultar em um enfraquecimento da competitividade global.
A política imigratória foi um dos pilares da campanha de Trump, com promessas de endurecimento nas fronteiras e deportações em massa. Apesar de sua insistência no “muro da fronteira”, a realidade mostrou que medidas como tarifas contra países vizinhos, como México e Canadá, tiveram efeitos limitados.
Adicionalmente, a possibilidade de relaxar sanções contra a Venezuela, como forma de reduzir a pressão migratória, pode ser considerada uma jogada estratégica, tanto para aliviar a crise migratória quanto para pressionar aliados de rivais como Rússia e Irã. No entanto, deportações em massa poderiam desestabilizar setores econômicos cruciais, como agricultura e construção, além de criar tensões sociais significativas.
Trump continua a usar uma retórica belicosa contra adversários tradicionais, como China e Irã. Entretanto, a situação econômica desses países os torna menos ameaçadores para a ordem global do que Trump sugere. Da mesma forma, sua promessa de reduzir a intervenção em conflitos estrangeiros, como na Ucrânia, levanta questões sobre as implicações geopolíticas de um possível recuo americano.
Embora Trump tenha histórico de transformar ameaças iniciais em acordos minimamente modificados, não se sabe ainda qual será a sua abordagem em relação a grandes desafios globais, como a influência crescente da China e os conflitos regionais.
O segundo governo de Donald Trump pode trazer impactos significativos ao Brasil, especialmente no campo econômico e comercial.
A postura protecionista de Trump, com tarifas mais elevadas e foco em fortalecer a indústria americana, pode dificultar o acesso de exportadores brasileiros ao mercado dos Estados Unidos, particularmente em setores como o agronegócio e o de manufaturados.
Além disso, o fortalecimento do dólar, impulsionado por déficits fiscais americanos, pode tornar produtos brasileiros menos competitivos no mercado internacional.
O Vale do Silício mantém seu alto nível de crescimento e inovação, independentemente das mudanças de governo. Isso acontece porque as mentes empresariais do Vale conseguiram, ao longo do tempo, uma combinação única de fatores estruturais, culturais e estratégicos, que aparentemente funcionam muito bem por lá.
Eles se envolvem, sim, com política. Muitas das big techs se posicionaram contra Trump nas últimas eleições.
Mas a fórmula mágica de manter certo nível de imunidade a governos reside na fusão de talentos globais, acesso a capital abundante e uma cultura empresarial profundamente enraizada na inovação contínua.
Empresas do Vale não se preparam para o próximo governo. Elas se preparam para a próxima década. Adotando modelos de negócios flexíveis e globalizados, diversificando mercados e operações para mitigar riscos regulatórios ou econômicos específicos de um país. Além disso, a proximidade com universidades de ponta, como Stanford e UC Berkeley, alimenta um ciclo constante de ideias disruptivas e mão de obra qualificada.
A mentalidade de "prime mover" - onde a velocidade de inovação supera a dependência de políticas governamentais - permite que essas empresas estejam sempre à frente de setores emergentes, como inteligência artificial e tecnologia verde, mesmo em cenários políticos adversos.
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Jornalista e Copywriter. Escreve sobre negócios, tendências de mercado e tecnologia na StartSe.
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