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Logística reversa renova cadeia produtiva além da reciclagem

Startup investe em área estratégica da economia circular e quer tornar coleta seletiva parte da cultura da sociedade

Logística reversa renova cadeia produtiva além da reciclagem

Planeta com prédios (foto: AJ Colores/Unsplash)

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Um oferecimento Enel

Por Emily Nery

Você sabe para aonde vai o seu lixo ou costuma separar o lixo para coleta seletiva? Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento mostram que o Brasil recicla somente 2,1% do total de resíduos coletados, mesmo contando com uma Política Nacional de Resíduos Sólidos — instituída em 2010, ela cria metas para prevenir e reduzir a geração de lixo.

Buscando solucionar essa questão, iniciativas privadas investiram no ramo da logística reversa, um dos conceitos da economia circular. O setor engloba uma série de procedimentos para recolher materiais pós-consumo e encontrar soluções para reaproveitá-los, diminuindo ao máximo o impacto no meio ambiente.

POTENCIAL DESPERDIÇADO

Um dos objetivos é mitigar o lixo jogado fora irregularmente e tornar a coleta seletiva mais eficiente e abrangente à população, uma vez que apenas 41% dos brasileiros têm acesso à coleta para reciclagem, segundo o Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos. Dados de 2018 do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) mostram que o Brasil perde R$ 5,7 bilhões por ano ao não reciclar resíduos plásticos.

Para mudar esse cenário, uma série de startups nacionais vêm elaborando soluções inteligentes voltadas para as regiões onde atuam. É o caso da Green Mining, fundada em 2018 por Rodrigo Oliveira, Adriano Ferreira e Leandro Metropolo a partir do projeto-piloto 100+ Accelerator da Ambev.

Green Mining (foto: divulgação)

Rodrigo comenta que a ideia da marca surgiu a partir da indignação ao ver famílias trabalhando em lixões, locais extremamente sujos e passíveis da transmissão de doenças. “A gente aceita e convive com pessoas em cima de lixões pegando material. Elas andam por lixões buscando algum objeto de valor para que possam vender ao sucateiro local para ganhar um pouco de dinheiro para poder comer”.

Ele também pensava em uma forma de aumentar os 2,1% do montante de lixo efetivamente reciclável atualmente. Foi aí que enxergou um gap no mercado para criar uma solução eficiente na logística reversa que forneça o "compliance'' trabalhista.

Nas palavras de Rodrigo, isso significa “dar tranquilidade e orgulho não só de ter embalagens com conteúdo reciclado, mas produtos coletados por pessoas que tiveram seus direitos respeitados”. Isso porque, a startup garante que só pessoas com carteira assinada e todos os direitos trabalhistas assegurados participem dessa cadeia. De todos os funcionários, 70% trabalhavam na coleta informal.

Material de reciclagem gerado pela Green Mining (foto: divulgação)

COMO FUNCIONA?

A Green Mining desenvolveu uma tecnologia que permite “interceptar” materiais pós consumidos antes de serem destinados a aterros e lixões. O software obtém dados de vendas da indústria e, através de algoritmos, consegue descobrir a quantidade de embalagens fornecidas para o mercado e em quais pontos elas estão.

Segundo o presidente da empresa, eles uniram a questão social a uma exigência legal de fabricantes que colocam embalagens no mercado. “Companhias que usam as chamadas “embalagens de uso único” têm por obrigação recuperar cerca de 22% desse material”.

Por meio da tecnologia de blockchain, o sistema faz o mapeamento de pontos de geração de resíduos pós-consumo. Em áreas onde é identificada uma quantidade grande de lixo, a Green Mining instala uma central de coleta, batizada de HUB. Em pontos menores de geração de resíduos, coletores conseguem mapear o material e levá-lo para a HUB mais próxima.

Com o intuito de ser uma startup com o mínimo de impacto no meio ambiente, ela prioriza a utilização de veículos não-motorizados, como triciclos, para realizar as coletas. Das Hubs, o material é encaminhado para as usinas de reciclagem.

ENEL REUTILIZA SEUS MEDIDORES ELETRÔNICOS

Pensando em gerar o mínimo resíduo possível, a Enel reutiliza seus medidores de energia mais antigos. "Após a retirada de medidores eletrônico de uma instalação, e ele ainda está passível de uso, nos parâmetros de funcionalidade da empresa, ele pode ser reutilizado em uma nova instalação", comenta Vivien Green, especialista em sustentabilidade da Enel.

E como a empresa assegura que eles estão em bom estado? Todos passam por uma rigorosa vistoria, no laboratório técnico da empresa e de suas parceiras.. Se estiverem em boas condições, de acordo com as as normas nacionais e da empresa, são encaminhados para residências ou para mensuração da iluminação pública.

Já os medidores que não servem mais a função primordial, são encaminhados para parceiros da empresa, que retiram os componentes que podem ser reutilizáveis e voltam para a cadeia de reciclagem, que irá destruir os medidores e reciclar os diversos materiais que voltam para a cadeia de materiais, agora sob um diferente propósito. No momento, a empresa está buscando criar um ecossistema inovador, com suas parcerias para criar fluxo destes medidores e implementar soluções ainda mais efetivas de retornar esses materiais para a cadeia de produção, incentivando a economia circular.

Green Mining (foto: divulgação)

CONTROLAR PARA PREVENIR O DESPERDÍCIO

Além de fornecer a tecnologia para grandes empresas de distribuição, a Stattus4 estuda oferecer seus dispositivos para condomínios. “Principalmente condomínios horizontais sofrem do mesmo problema. Eles nada mais são do que bairros. Então, eles têm o mesmo problema de perda de água e vazamentos, conforme as tubulações ficam antigas e esse tipo de controle faz bastante sentido”, afirma Marília.

O emprego da tecnologia na economia circular é uma forma de corrigir um “problema sistêmico” que é a perda de água. Por isso, é importante o uso de inteligência artificial para o monitoramento de tubulações e também para facilitar o auxílio de profissionais da área, como o geofonista.

Na visão da fundadora do Stattus4, sua função é aprimorar a distribuição e fazer com que o ciclo do saneamento funcione corretamente. “Quando falamos da questão da água, ela é retirada do manancial, tratada e distribuída. Em casa, nós vamos consumi-la e devolvemos através do esgoto. A empresa de saneamento coleta esse esgoto, trata e devolve essa água para o manancial”.

Desafio Brasil de Economia Circular Enel

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