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Startups de Economia circular renovam a construção civil

Área responsável por 6% do PIB brasileiro lida com 44,5 milhões de toneladas de resíduos descartados anualmente.

Startups de Economia circular renovam a construção civil

Construtech homem em construção com tablet (foto: Getty)

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Um oferecimento Enel

Por Emily Nery

Mesmo com o difícil ano de 2020, a construção civil foi um dos poucos setores que não parou durante a pandemia. De acordo com o Sebrae, essa área movimenta mais de 480 mil negócios, os quais criaram mais de 180,5 mil postos de trabalho diretos ou indiretos no último ano. Já deu para perceber a gigantesca importância da construção civil para a economia e sociedade, certo? Pois esse setor pode fomentar ainda mais negócios duradouros e estáveis, desta vez voltados à economia circular.

Como explicamos anteriormente, a economia circular tem como princípio desconstruir a vida linear dos produtos e buscar colocá-los em uma circularidade. Ela procura repensar toda a cadeia produtiva na qual a nossa economia se baseia e revisar tudo o que descartamos, de forma que nosso impacto negativo na natureza seja o menor possível. 

Como a ideia é ampla, acaba servindo para basicamente todos os setores da economia. Consequentemente, é estratégico para quem quer começar um negócio. Aliado a economia circular, está um conceito que você já deve ter escutado antes: ESG. A sigla em inglês significa environmental, social and corporate governance, na tradução livre meio ambiente, social e governança. 

À medida em que cresce o debate sobre responsabilidade ambiental e social, bancos e investidores buscam empresas e startups que tenham que, de alguma forma, utilizem esse conceito no trabalho. É uma forma de diminuir riscos, principalmente para os primeiros anos de vida de microempresas, além de causar uma boa imagem para quem busca investir no negócio. 

Prédio com guindastes de construção (foto: Alan Schein/Getty Images)

Essa cadeia trabalha com grandes quantidades de emprego, de dinheiro, e também de entulho. Embora o nome “construção” nos leve a pensar que nada é jogado fora, o setor descartou 44,5 milhões de toneladas em 2019, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Por pessoa, isso equivale a 213,5 kg por ano. Parte desses resíduos, entretanto, são produtos de boa qualidade que estão só no início da vida útil. 

O reaproveitamento de todo esse material pode ser feito de diversas maneiras. Soluções criativas como do LAB MOB - Laboratório de Design de Mobiliário, Economia Circular e Empreendedorismo, por exemplo, abrem espaço para novos projetos que vão além da construção. Já outras soluções reinserem os materiais na própria cadeia do setor.

RELÓCO BUSCA REVENDER E DOAR PRODUTOS EM BOA QUALIDADE

Site da reLóco (foto: reprodução)

Pensando nesse enorme descarte de produtos de boa qualidade, a arquiteta Raffaela Vecchio criou a ReLóco. A paulistana trabalhava projetando reformas de apartamentos e escritórios, quando percebeu a quantidade de produtos (incluindo novos) jogados fora. No começo, procurou doar para funcionários da obra, mas o montante era tão grande que buscou soluções já existentes no mercado, sem sucesso. Decidiu então pesquisar mais sobre esse tema e firmar parcerias para destinar esses materiais.

Desde o início, Raffaela queria doar os materiais para a população carente. “Eu via uma desigualdade de compra desses produtos, eles eram muito mais caros. Quem tem um poder aquisitivo maior já reclama do preço, imagina quem não tem. Tem uma classe de pessoas que querem comprar coisas novas, e outra de pessoas que não conseguem comprar nada”, ela conta. 

MATÉRIA-PRIMA E INSUMOS MAIS CAROS

No último ano, o preço dos insumos para construção civil cresceu 19,6% segundo dados da Fundação Getúlio Vargas. Esse aumento afetou principalmente a população com faixa de renda mensal entre R$ 2 mil e R$ 4,5 mil, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Desta forma, a ReLóco surgiu como uma forma de diminuir o descarte e levar o material para quem realmente precisa

Raffaela formatou seu negócio em dois segmentos. No primeiro, os proprietários anunciam seus produtos na plataforma online da marca. A empresa recebe, faz uma análise do material e uma sugestão de preço. A ReLóco recebe uma comissão para venda e armazenamento. Já a segunda opção foca na caridade. A startup pega um produto de boa qualidade e doa. Caso o produto seja muito específico, ele vai direto ao Marketplace da marca por um preço acessível (a partir de 50% do valor do mercado). O dinheiro da venda é passado para ONGs.  

Este é inclusive um dos principais pontos para o funcionamento do negócio. A arquiteta formou uma rede de conexão, na qual os profissionais de obras indicavam clientes para a empresa. Em troca, ganhavam um selo de sustentabilidade.

PARCERIAS COM MICROEMPREENDEDORES

Projeto da Decor Social (foto: reprodução)

Outra grande colaboradora é a ONG Decor Social, que foca na construção de ambientes confortáveis e dignos às classes C e D. A fim de viabilizar o comércio de seus produtos nas periferias, Raffaela também fez parcerias com lojas de materiais usados localizadas nesses bairros. Desse modo, também movimentou a economia do microempreendedor em locais periféricos.  

No site, a lista de materiais para casa é longa: desde cubas, lavatórios e bacias até portas e revestimentos. Algumas das peças doadas, contudo, necessitam de reparação. Por enquanto, esse trabalho é destinado às ONGs parceiras. O plano, todavia, procura formar parcerias para trazer cursos e profissionais que expliquem como trabalhar com entulho de modo que ele possa ganhar uma nova vida. 

Atuando só na Grande São Paulo, a empresa já conseguiu dar uma nova vida a mais de 10 toneladas de produtos. Isso sem contar que, segundo a executiva, ela não atuou durante alguns meses, por causa da pandemia. No entanto, percebeu um aumento da procura pela ReLóco nos últimos tempos. “Eu vejo que está aumentando essa preocupação. As pessoas estão procurando mais pela questão financeira também”, comenta. 

Além disso, Raffaela busca firmar parcerias com startups de logística visando aumentar a captação de entulho. Atualmente estuda formas de destinar todo o entulho e não só os produtos que foram descartados. 

PLÁSTICO QUE CONSTRÓI

Em Belém do Pará, a startup Seixo de Plástico tem desenvolvido soluções para criar materiais como tijolos, blocos, telhas e tubos a partir do plástico e do vidro. Além de solucionar o impacto do descarte desses materiais na natureza, a iniciativa ainda abre portas para explorar novos métodos de produção e construção.

O projeto começou como um trabalho de conclusão de curso do engenheiro Marcos Sousa em 2016. Com a entrada dos colegas Carlos Lourenço Sanches e Leila Furtado, a startup tornou- se residente do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, mantido pelo Governo do Pará, em 2019.

A startup tem trabalhado na produção de protótipos para as primeiras construções feitas com este material circular, o que deve acontecer ainda este ano.

5MARIAS, A “UBER DO ENTULHO”

Startup 5marias ganhou o 1° Lugar Inovação Creathon 2019 (foto: reprodução)

Há uma empresa especializada na captação de entulho que garante que o material possa ser reutilizado ou, no mínimo, despejado em um lugar certificado pelo governo. A 5Marias é uma startup fundada em 2019, idealizada durante o Creathon do Departamento Municipal de Limpezas Urbanas (DMLU) da capital gaúcha. Na época, o grupo formado por cinco mulheres catalogou cerca de 18 pontos irregulares de descarte de resíduos. Assim, resolveram apostar nessa problemática e venceram o desafio. O projeto, então, se tornou uma startup que se denomina “Uber da caliça” (caliça é o nome dado ao pó ou fragmentos de argamassa).

O principal objetivo das 5Marias é buscar soluções tecnológicas para levar resíduos a locais que possam reutilizar ou descartar regularmente. A startup formatada por uma ampla variedade de profissionais, trabalha com pequenos volumes, cujo material mede até 1 m³, à grandes volumes, que precisam ser transportados por caçambas.

Funciona assim: o interessado ingressa no site da startup e preenche um formulário a fim de caracterizar seu resíduo - quantidade e tipo, por exemplo - e recebe um orçamento do serviço. O mesmo procedimento pode ser feito pelo WhatsApp. Quem utilizar os serviços da 5Marias recebe um certificado de descarte certo.

Por meio de parcerias com usinas e transportadores, essas sobras são levadas a usinas de reciclagem, que garantem o retorno destes resíduos à cadeia produtiva no setor da construção. 

Para isso, a empresa enfatiza a importância da cultura do “gerador de resíduos”. “O maior problema são os pequenos geradores, que fazem uma pequena reforma na casa e não sabem exatamente para onde destinar o entulho”, comenta a gestora ambiental e sócia da startup Márcia Castro. 

O grupo defende a responsabilidade individual de tudo que se joga fora. Ou seja, o “gerador” precisa entender que ele é responsável não só pela compra, mas pelo descarte correto do resíduo. Ele precisa entender o impacto do resíduo no meio ambiente. Outro pilar defendido pela 5Marias, portanto, é a educação ambiental. 

ENCONTRAR GAPS NO SETOR

Como estamos falando de um setor gigantesco, que depende de uma rede de fornecedores, consultorias e mão de obra, há uma série de espaços no qual a economia circular pode atuar. A estratégia pode ajudar a não só tornar o trabalho mais eficiente e econômico, mas também pode melhorar a imagem da empresa. 

Embora seja a quantidade de entulho jogado fora que mais clame por soluções sustentáveis, há uma série de outras oportunidades para a economia circular na área. Tomamos como exemplo a reutilização de materiais, a venda de produtos em forma de serviço e o uso da tecnologia para diminuir o impacto do setor ao meio ambiente. O primeiro desafio, dessa forma, é encontrar problemáticas nas quais a economia circular pode ajudar.

Você tem um projeto inovador de reciclagem de materiais? Está é a sua chance! A Enel quer saber a sua proposta de solução sustentável para painéis solares e medidores de energia. Acesse o site do Desafio de Economia Circular e envie sua proposta!

Desafio Brasil de Economia Circular Enel

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