Sou Aluno
Formações
Imersões
Eventos
Tools
Artigos
Sobre Nós
Para Empresas

“Somos merecedoras de onde estamos”

Julia De Luca, Tech Manager Itaú BBA, fala sobre sua carreira e conquistas no mercado de tecnologia e finanças.

“Somos merecedoras de onde estamos”

Foto: Getty Images

, Redator

6 min

10 set 2021

Atualizado: 19 mai 2023

newsletter

Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!

Por Julia De Luca, Tech Manager Itaú BBA

Sempre quando penso no tema de igualdade de gênero – ainda mais no ambiente de trabalho – fico um pouco dividida. Eu concordo que nós não podemos nem devemos deixar que haja qualquer tipo de “tratamento diferente” por sermos mulheres – mas de forma concomitante, também não gosto da ideia de cotas em processos seletivos ou mesmo promoções e méritos “porque precisamos de uma mulher na diretoria para fins de ESG”. Todas nós, Mulheres do Agora, apesar de enfrentarmos diariamente certos desafios, somos merecedoras de onde estamos – fruto de muito trabalho – em isso é independente do sexo.

Eu me formei em Economia na PUC-RJ, e sempre éramos minoria na sala. De todo modo, na época, nunca me senti recriminada. Pelo contrário, o fato de ser mulher estudando com diversos homens me fez aprender a enxergar um outro ponto de vista. E, tenho certeza que a recíproca também era verdadeira para meus colegas de classe. Eu sempre fui a definição de nerd – sentava na frente, estudava com antecedência, não saia durante a semana.... e foi isso que me levou ao meu primeiro bom estágio – e nada além. Imagino que um colega (independente do sexo) com a mesma disciplina também chegou lá.

Meu primeiro estágio no mercado financeiro foi em Private Equity no Icatu – e lá sim eu era absolutamente a única mulher. As brincadeiras acontecem em qualquer ambiente de trabalho, e lá não era diferente. Eu honestamente achava até bom, pois desde os 23 anos comecei a criar a “casca” que tenho até hoje. Sempre fui do tipo que não leva desaforo para casa – e brinco de volta. Acho que se tivesse que dar um conselho às meninas começando, diria isso. Independente da idade, senioridade, a gente tem que sempre se impor. Mas, de novo, conforme coloquei anteriormente – o mesmo conselho vale para qualquer jovem começando no mercado de trabalho. Claro, não vou negar – para as mulheres é mais difícil sim – mas aprender o modo de lidar com diversas situações é a chave do sucesso.

Mulher no celular fazendo investimento (foto: Getty)

Na sequência fiquei 5 anos no Gávea Investimentos – apesar de no Rio de Janeiro só termos duas mulheres no floor, minhas chefes na época eram duas mulheres hiper poderosas que ficavam em São Paulo. Ali com certeza aprendi bastante. Cada uma delas tinha um perfil, e a convivência fez com que eu “pescasse” cada característica que eu admirava e então incorporava no meu dia-a-dia. O Gávea me tornou uma profissional. Entrei uma menina, como estagiária – mas depois de 5 anos aprendi e virei uma mulher no ambiente de trabalho. Sempre tendo iniciativas novas, criando processos melhores – eu não conseguia ficar parada. 

De novo, as brincadeiras sempre existem, mas se você sabe lidar – elas existirão com você e com todos do floor. Eu tenho certeza que tive sorte nas minhas experiencias. É verdade que existiam fóruns que minha opinião não era levada com tanta “consideração” – mas nunca por ser mulher, e sim por ser nova e mais inexperiente. No Gávea eu estava aprendendo como trabalhar, fazendo networking e me preparando para o meu passo seguinte.

A migração para tecnologia caiu como uma luva – eu trabalhei na Stone por um ano e meio. E hoje, sei que muito do meu diferencial no mercado financeiro com viés de tecnologia veio de aprendizados de lá. Diferente do mercado financeiro raiz, tinham mais mulheres do que homens na empresa – e muitas com cargo de liderança. A Stone abriu meus olhos para tecnologia – eu não sabia nem o que era uma API quando entrei. A minha persistência, resiliência, e paciência em aprender e ficar lá até altas horas proveu todo o conhecimento que eu trouxe para o Itaú BBA. De novo, não porque eu sou mulher – e sim por características inerentes minhas.

No Itaú BBA, comecei em um time apenas de mulheres, que aos poucos foi mudando. No entanto, o ambiente de corretora é sim um ambiente masculino. Já estava em São Paulo, o centro do mercado financeiro, e a diferença ficou mais latente. De fato, aqui no Banco, sou a única mulher em diversos fóruns, e o número de mulheres em cargos de liderança é bem menor quando comparado ao sexo oposto. Mas, novamente, não vejo isso como discriminação – muito pelo contrário, o Banco incentiva bastante a liderança feminina.

Sempre paro para pensar por que chega em um momento que várias mulheres desistem da carreira do mercado financeiro. É mais difícil que a média? Sim. Você sente mais pressão diariamente? Sim. Mas também é uma escolha minha – e de todas as minhas colegas que estão aqui. Eu acho que cada uma tem que escolher o que te deixa feliz – que seja sendo mãe, psicóloga, advogada, engenheira...

Sou contra termos “cota para trainees mulheres” se as mesmas daquele processo de seleção não são tão capacitadas quanto os homens. Acredito que a gente tem que correr atrás mesmo. O caminho para o topo é sempre mais árduo, mas a recompensa vem. E estamos vendo cada vez mais mulheres líderes, empreendedoras e influentes em todos os tipos de trabalho.

Precisamos fazer ajustes e sugerir melhorias em normas durante maternidade, e também influencia em aspectos culturais. No entanto, não quero ser tratada diferente por ser mulher – quero apenas que todos entendam que temos processos biológicos distintos, e por isso iremos tirar nossos 6 meses de licença após a gestação, iremos precisar de um lugar para tirar leite quando necessário no escritório... Mas – isso não muda o fato de sermos excelentes profissionais, eficientes, e boas para uma instituição.

Agora, migrando para o lado privado e sendo responsável por uma estratégia transversal de tecnologia no Itaú BBA, vejo como meus trabalhos anteriores foram cruciais. Aprendi a ter personalidade, ser líder, impor o que acredito que está certo – e tenho certeza de que isso me levará ainda mais longe.

Logo, se pudesse dar uma dica à todas que estão lendo esse texto – eu diria que é preciso ser resiliente e não desistir. Terão momentos ruins, de desespero, choro – mas deitar no travesseiro com o sentimento de dever cumprido e que você está fazendo a diferença e está feliz, não tem preço!

Preparamos uma formação Internacional de Impacto, que desenvolve habilidades, competências e perspectivas necessárias para uma Liderança Feminina Transformadora, em posições estratégicas de mercados altamente competitivos. Conheça o Women's Leadership Program.

Gostou deste conteúdo? Deixa que a gente te avisa quando surgirem assuntos relacionados!


Assuntos relacionados

Imagem de perfil do redator

Leia o próximo artigo

newsletter

Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!