Ilana Bobrow, da Vitreo, compartilha sua visão sobre a carreira de uma mulher empreendedora e a importância da inspiração de lideranças femininas.
Por Ilana Bobrow, Sócia Fundadora e Head Comercial da Vitreo (Foto: divulgação)
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Por Ilana Bobrow, Sócia Fundadora e Head Comercial da Vitreo
Eu nasci no meio de mulheres fortes. Uma avó professora, outra economista. Minha mãe, grande fazedora e precursora do terceiro setor no Brasil. Se eram fortes fora de casa, imaginem dentro do lar. Mães e esposas dedicadas, donas de casa presentes e caprichosas. Eu não tinha ideia da força (e dedicação) que isso representava. Até poucos anos atrás.
Formada em economia pela FEA USP, comecei minha carreira na área macroeconômica do banco Credit Suisse, que ainda carregava muito da cultura do antigo Garantia. Agressividade era parte do meu dia a dia. Não foram poucas as vezes que fui enxugar as lágrimas no banheiro, a começar pela minha entrevista. Hoje entendo como muito do que presenciei lá atrás conecta com um perfil machista e extremamente antiquado. Já no Goldman Sachs, pude experimentar uma cultura mais “certinha” e focada em diversidade. Eram inúmeras histórias de mulheres de sucesso, em posições de liderança, inclusive a minha líder que muito me inspirou. Mas três anos depois, senti que faltava algo.
Hoje sei que sentia falta da adrenalina que um empreendedor vive. Do desafio diário, do frio na barriga, do construir algo. E indo atrás dessa falta, ainda sem saber o que era ela, cai de gaiato em um papo com a turma da XP Investimentos, até então pouquíssimo conhecida. Algo me encantou naquele papo. Não era a área que eu queria, a função que imaginava e, muito menos, o salário que esperava. Mas algo dentro de mim me motivou a cair de cabeça nesse novo desafio. Foi na XP que entendi o valor que empreender tem pra mim. E descobri que sou movida a desafios. Mas também na XP não tinha referências de mulheres na liderança que servissem de inspiração. Na diretoria, apenas homens. Entreguei, cresci, fui ganhando mais responsabilidade, ao mesmo tempo em que me tornei sócia de tanta gente fazedora. Nesse mesmo período, casei e comecei a refletir sobre os dilemas que tantas mulheres vivem, quando além da carreira, tem o sonho do maternar.
Lembro de ler o livro “Faça Acontecer”. Lembro das inúmeras conversas com os principais sócios da empresa sobre o tema. Lembro de pedir que, se um dia eu parasse, me relembrassem do prazer que eu tinha em construir tanta coisa, em me sentir capaz, reconhecida, em fazer e crescer. A verdade é que eu tinha medo pois não conseguia imaginar como seria conciliar carreira e maternidade.
Cresci com uma mãe 100% dedicada a nós. E, após alguns anos de contos de fadas, vieram anos muito duros, com uma separação extremamente turbulenta entre meus pais. Eu tenho certeza que toda a dedicação e entrega da minha mãe por nós foi o que nos fez ficar “firmes e fortes” mesmo em tempos difíceis. Por outro lado, vi o sofrimento de uma mulher que abriu mão de todo o seu caminho (e sustento) individual pela família, no momento em que tudo vai por água abaixo. Eu não queria repetir essa história. Mas não sabia ainda como seria a Ilana mãe.
Parece que o destino fez um grande favor pra mim e, logo que engravidei da minha primeira filha, sai da XP por razões diversas. Foram meses de dedicação total àquele novo momento. Do quartinho ao enxoval, do curso de fraldas aos livros. E aproveitei para começar o meu mestrado nesse período mais tranquilo. Até que ela nasceu! Chegou o momento de tanta expectativa. Que balde de água fria! Como é difícil o começo... a gente se prepara para cenas lindas de filme e vive uma realidade muito diferente disso. Os “dias de neblina” estavam potencializados por algo que eu não entendia.
Demorei algum tempo pra entender. E, mais ainda, para admitir. Mas ser “apenas” mãe não funcionou para mim. Eu tentei. Eu queria gostar. Reconheço o privilégio de poder escolher se dedicar à família e nada mais. Sei da grandiosidade de gerar e cuidar de uma vida. Sei o quanto meus filhos são a coisa mais importante da minha vida. Mas hoje, quase cinco anos e três filhos depois, eu consigo falar: eu preciso de outras coisas também.
Em 2019, reencontrei comigo mesma. Depois de dois filhos em sequência, voltei ao meu corpo, ao esporte, aos meus prazeres. Voltei a trabalhar. A construir algo grande. Uma ideia que parecia maluca, se tornou realidade em um projeto com a grandiosidade, desafios e sócios que eu queria. Eu tive muitas dúvidas se funcionaria. Tive medo de ter que fazer escolhas difíceis. Não sabia como iria me dividir.
E aí, veio a vida novamente e me ensinou. A gente dá conta! Dos filhos, do trabalho, da casa, do marido, do mestrado, do esporte, amigas.. A gente dá conta!
E, hoje, cada dia mais envolvida com esses diversos papéis e vestindo a bandeira das mulheres, ficou claro pra mim que o que mais precisamos é de exemplos. A gente precisa de histórias de mulheres de sucesso. Não aquelas que abriram mão dos filhos. Ou do marido. Das que deram conta. Das que administraram os diversos papéis (porque falar em equilibrar é um pouco exagerado..). Precisamos de mulheres para nos inspirar, para nos abrir espaço, para nos mostrar que SIM, É POSSÍVEL.
E isso depende de muita gente. Das empresas que deveriam acordar para a enorme oportunidade e importância de ter mais mulheres – e outras diversidades – na liderança. Das lideranças que podem acolher essas mulheres que vivem tantos conflitos e momentos desafiadores na sua carreira (ninguém está falando de tratar como café com leite. Mas de ter empatia, de se colocar no lugar delas). A maternidade não é impeditivo para nada. Ela pode ser uma pausa. Mas é curta e temporária. Dos maridos que poderiam se solidarizar e participar mais, dividir mais e incorporar que os tempos mudaram.
Mas depende, principalmente, de nós mulheres. As que inspiram e as que buscam inspiração. Precisamos nos apoiar, nos ajudar e, principalmente, acreditar. É possível. A gente dá conta. Se estivermos felizes, a gente dá conta. Cabe a nós sermos protagonistas nas empresas e nas nossas próprias vidas.
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