IA virou mecânica de pista: Porsche Cup entra na era dos carros “autopreparados”

A Porsche Cup Brasil decidiu que depender só de braço mecânico já não basta. Agora, quem prepara os carros entre uma corrida e outra é a inteligência artificial da Microsoft, integrada a um ecossistema de telemetria e análise que está reescrevendo como o automobilismo opera seus bastidores.

Entre uma etapa e outra, cada carro passa por dezenas de operações técnicas — calibrar motor, ajustar suspensão, revisar sistemas eletrônicos, monitorar desgaste, cruzar dados de performance, trocar peças e validar estruturas. É o tipo de processo que exige precisão, velocidade e zero margem de erro.

E agora, boa parte disso está sendo automatizado por IA.

Telemetria + Azure AI = carros “autoexplicativos”

Os dados vêm da telemetria avançada da IturanMob, transmitidos em tempo real para um sistema criado pela Kumulus em cima do Microsoft Azure AI Foundry — a plataforma unificada de IA usada para criar, gerenciar e operar agentes inteligentes.

Esse pipeline permite que os próprios carros “digam” tudo o que está acontecendo neles:

• desalinhamentos,
• padrões anormais,
• falhas potenciais,
• componentes que precisam ser trocados,
• e até recomendações de otimização.

Segundo a Porsche Cup, a meta é aumentar a eficiência operacional em até 40%, garantir disponibilidade total da frota e melhorar a experiência do piloto dentro e fora da pista.

IA no paddock: da análise ao comando em segundos

A tecnologia já vem sendo testada desde 2023, mas agora virou infraestrutura oficial do campeonato.
O stack inclui:

Azure OpenAI Service (texto e imagens),

Azure AI Search (busca semântica),

Azure AI Foundry (governança),

Infra com Azure DevOps, Kubernetes, MySQL e Blob Storage.

Com 40+ corridas por temporada, isso significa dezenas de inspeções, ajustes e preparações completas.
A IA agora automatiza pontos críticos como:

classificação de apontamentos;

análises técnicas de alta complexidade;

triagem de demandas;

padronização de relatórios.

Menos erro humano. Mais precisão. E decisões em segundos.

“É evolução estratégica”, diz o CEO da Porsche Cup

Para Dener Pires, CEO da competição:

“A inteligência artificial representa um passo estratégico. Ao tornar as rotinas de preparação mais ágeis e precisas, garantimos disponibilidade total da frota, diminuímos riscos e ampliamos o suporte aos pilotos.”

E não é só pista: a Porsche Cup já vinha investindo pesado em transformação digital. Em 2024, contratou a Teltec Solutions para desenvolver o Advanced Racing Control System, automatizando tudo — de RH e financeiro a marketing e operações.

O automobilismo virou laboratório de tecnologia

A Porsche Cup sempre atraiu o interesse de empresas de TI, e 2024 foi um prato cheio:

Approach patrocinando pilotos,

Kumulus criando a estrutura de IA,

IturanMob turbinando os sensores,

BlueShift e outros players entrando no paddock.

Fundada em 2005 no Brasil, a competição usa apenas Porsche Carrera originais, sem modificações — o que torna a padronização tecnológica ainda mais crítica.

Hoje, a IA está fazendo pela pista o que já faz nas empresas: prever, corrigir, otimizar e acelerar.