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Entenda por que o Vale do Silício pode estar cavando sua própria escassez de talentos

Em plena era da inovação acelerada, as empresas de tecnologia estão parando de contratar jovens talentos. Quais serão as consequências disso?

Entenda por que o Vale do Silício pode estar cavando sua própria escassez de talentos

Foto: Unsplash

, Redator

8 min

23 jun 2025

Atualizado: 23 jun 2025

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SignalFire, empresa de capital de risco que utiliza dados e tecnologia para orientar suas decisões de investimento, publicou um relatório que revelou dados, no mínimo, interessantes: a contratação de recém-formados para cargos de entrada nas áreas de tecnologia e inteligência artificial despencou mais de 50% desde os níveis pré-pandemia. Em gigantes da tecnologia como Google, Meta, Amazon e Nvidia, jovens representam hoje apenas 7% das novas contratações. Em startups, esse número é ainda menor: 6%.

Não estamos falando apenas de uma pausa cíclica. Trata-se de uma mudança estrutural.

Por que isso está acontecendo? 

Empresas estão contratando menos e com mais critério. A preferência recai sobre profissionais com 2 a 5 anos de experiência que já chegam “prontos”, especialmente na aplicação de IA em negócios. 

A automação de tarefas básicas, feita por agentes autônomos e copilotos de código, reduziu a necessidade de treinar talentos júnior. Ou seja: a IA está substituindo justamente aqueles que mais precisavam dela para aprender.  

Foto: Reprodução

O ponto aqui é: uma geração inteira está sendo deixada de lado justamente no momento em que o setor mais precisa de renovação e velocidade. Além disso, as grandes empresas parecem ter se esquecido de um detalhe: o futuro não se forma sozinho. E, com isso, entramos no que a SignalFire está chamando de Paradoxo da Experiência. 

Paradoxo da Experiência 

Pelo analisado no relatório, as empresas querem que os funcionários juniores venham pré-treinados (assim como modelos de IA). Mas, sem oportunidade para se desenvolver, como esses jovens vão adquirir experiência? 

SignalFire

É um dilema clássico, principalmente em um mercado de trabalho onde os gestores parecem preferir usar IA a contratar um funcionário da Geração Z. 

Mas a conta não fecha: estão exigindo experiência de quem ainda nem teve a chance de começar. E, enquanto isso, perdem a diversidade de pensamento e a agilidade de adaptação que só quem está entrando agora no mercado pode oferecer.

O que está em jogo não é apenas a empregabilidade de uma geração, mas sim a sustentabilidade da inovação. Sem novos talentos sendo formados e preparados, o risco de faltar profissionais em tecnologia e IA nos próximos anos é altíssimo. Ou seja, com a falta de contratação de jovens, as mesmas empresas que estão ganhando produtividade no presente podem estar cavando sua própria escassez no futuro. 

Transformando o paradoxo em potência

Para Junior Borneli, CEO da StartSe, é estratégico transformar esse paradoxo em vantagem:

  • Para profissionais júnior: mergulhe em IA. Faça bootcamps, participe de projetos open-source, crie seu “prompting portfolio”. Mostre que seu ponto de partida já começa validado.
  • Para empresas: reveja o filtro de experiência. Um júnior mentorado pode entregar valor — e ser futuro motor de crescimento. Invista em IA training interns.
  • Para os veteranos: assumam o papel de mentor e líder. A nova era valoriza facilitação de IA, não apenas produção de código.
  • Para o setor: precisamos combater o risco de “vencidos da próxima geração”. Sem eles, o futuro é estreito.

Por que isso importa para você 

Primeiro, se você é executivo, gestor ou empreendedor, abrir mão de jovens talentos pode até parecer eficiente no curto prazo, afinal, profissionais experientes e ferramentas de IA prometem entregas mais rápidas com menos esforço. Mas no longo prazo, essa escolha pode custar caro por diversos motivos: 

  • Compromete a renovação do time: sem novos profissionais sendo formados, o pipeline de talentos se esgota. Quando os profissionais mais experientes mudarem de área, se aposentarem ou forem absorvidos por concorrentes, quem estará pronto para ocupar seu lugar? 
  • Enfraquece a capacidade de adaptação: profissionais em início de carreira trazem repertórios frescos, têm maior fluência nas tecnologias emergentes e geralmente aprendem com mais rapidez. 
  • A IA sozinha não resolve tudo: casos como o do Duolingo mostram isso na prática. A empresa anunciou que substituiria humanos por IA no desenvolvimento de conteúdo, mas enfrentou grande insatisfação dos usuários e teve que voltar atrás. Ou seja, o ganho de produtividade foi neutralizado pela perda de confiança. Sem o equilíbrio entre tecnologia e talento humano, o que parecia economia vira prejuízo.

Para Piero Franceschi, sócio da StartSe, liderança que apenas pede “profissionais prontos” terceiriza sua incompetência formativa. Segundo ele, esses são os cinco movimentos estratégicos para reverter o paradoxo da experiência:

  • Restitua o pacto de formação: times seniores precisam de lastros. Institua programas internos de “mentoria reversa” onde veteranos ensinam e aprendem ao mesmo tempo com os júniores. Quem quer IA de verdade, precisa de “inteligência intergeracional”.
  • Contrate pela capacidade de aprender, não só pelo que já sabem: a IA muda tudo rápido. O que importa é a “musculatura de aprendizado”. Teste o raciocínio, não só o repertório. Invista em assessment real, não só entrevista subjetiva.
  • Crie trilhas de aceleração real com IA: nada de “onboarding morno”. Coloque júniores em squads com missão real e IA como ferramenta principal. Não subestime a inteligência dos que crescem em ambientes exponenciais.
  • Distribua experiência em pequenas doses: se o medo é de que o jovem erre em projetos grandes, fragmente. Dê ownership sobre partes específicas e aumente gradativamente. A responsabilidade é um músculo — precisa de treino, não de ausência.
  • Celebrar o erro estratégico: empresas que aprendem rápido valorizam o erro como insumo. Mas o erro de júnior é visto como falha — e de sênior como “ensaio”. É hora de acabar com esse viés. Quem só contrata o “pronto”, planta obsolescência.

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