Com operações de e-commerce integradas, marcas buscam sobrevivência estratégica diante de gigantes como Mercado Livre e Shopee.
Magalu + Americanas
, redator(a) da StartSe
5 min
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19 nov 2025
•
Atualizado: 19 nov 2025
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Americanas e Magazine Luiza, duas das maiores rivais do varejo nacional, acabam de fazer algo que até pouco tempo atrás parecia impossível: uniram forças. A parceria, anunciada a apenas dez dias da Black Friday, integra as operações de e-commerce das duas companhias e inaugura uma nova lógica competitiva no Brasil — menos guerra, mais sobrevivência estratégica diante de gigantes como Mercado Livre e Shopee.
A partir desta terça-feira (18), consumidores já podem comprar produtos de 50 lojas físicas da Americanas diretamente pelo marketplace do Magalu, via modelo ship from store, que transforma cada unidade física em um mini-centro de distribuição. Nas próximas semanas, o fluxo será bidirecional: o catálogo próprio do Magalu passa a ser exibido no app e no site da Americanas. A meta é agressiva: integrar todas as 1.470 lojas da Americanas ao sistema até dezembro.
A lógica da união está na complementaridade. A Americanas é forte justamente no consumo do dia a dia — categorias como alimentos, higiene e limpeza — enquanto o Magalu domina tickets maiores, como linha branca, eletrônicos e móveis. A soma das duas bases amplia sortimento, aumenta frequência e reforça conveniência. “A parceria nasce da força de duas marcas reconhecidas para ampliar conveniência, sortimento e velocidade de entrega”, disse Fernando Soares, CEO da Americanas.
O acordo surge no momento mais crítico da história da Americanas. Desde janeiro de 2023, a companhia enfrenta um processo de recuperação judicial após revelar um rombo contábil de R$ 25,2 bilhões. A estimativa é sair do processo até o primeiro semestre de 2026. O Magalu, por sua vez, também vive um ciclo desafiador: seu GMV digital caiu 5,8% no terceiro trimestre de 2025, e o marketplace representa 38% do volume total — menos do que o esperado em um mercado cada vez mais competitivo.
Do outro lado da mesa, o Mercado Livre segue ditando o ritmo: deve bater R$ 183 bilhões em volume transacionado em 2025 e já controla quase 45% do e-commerce brasileiro. A parceria Americanas + Magalu é, portanto, uma resposta tática ao avanço das plataformas internacionais e espelha o movimento que o próprio Magalu fez com o AliExpress em junho de 2024, parceria que hoje gera mais de 700 milhões de acessos mensais.
Se vai funcionar, só os próximos meses dirão — mas uma coisa é certa: a corrida pelo superapp brasileiro, pelo cliente omnichannel e pela logística mais rápida acaba de ganhar novos protagonistas. E, desta vez, são dois ex-rivais dividindo o mesmo carrinho de compras.
Lição de negócio
Muitas vezes, o horizonte está em uniões improváveis. Essa visão de ambidestria traz para o presente as ações necessárias para garantir futuro. Decisões como essa que une Americana e Magalu são difíceis e válidas, diante de um mercado recheado de grandes players e aquecido por novos entrantes da China.
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Jornalista e Copywriter. Escreve sobre negócios, tendências de mercado e tecnologia na StartSe.
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