A corrida global por chips de memória para IA está esvaziando o estoque da indústria de eletrônicos e empurrando o custo dos smartphones para cima — especialmente nos modelos mais acessíveis.
Smartphone (Foto: Canva)
, redator(a) da StartSe
5 min
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16 dez 2025
•
Atualizado: 16 dez 2025
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A explosão de demanda por inteligência artificial está criando um efeito colateral inesperado: a queda nas remessas globais de smartphones em 2026.
Segundo a pesquisa da Counterpoint, o volume mundial deve cair 2,1% no próximo ano, revertendo a previsão de crescimento para 2025.
O motivo? Escassez de chips de memória — agora disputados por gigantes de IA que precisam abastecer centros de dados cada vez maiores.
Na prática, fabricantes de celulares estão sendo empurrados para o fim da fila.
Com os custos de componentes disparando, o preço médio dos smartphones deve subir quase 7% em 2026.
O segmento mais atingido é o de entrada — aparelhos abaixo de 200 dólares — onde os custos aumentaram entre 20% e 30% desde o início do ano.
Já os modelos intermediários e premium tiveram alta de 10% a 15%.
E o quadro pode piorar: a Counterpoint projeta que o preço da memória suba mais 40% até meados de 2026, pressionando ainda mais o custo final dos aparelhos.
Fabricantes como Samsung e SK Hynix estão redirecionando suas linhas de produção:
saem os chips de memória tradicionais (como DRAM) usados em celulares;
entram os chips de alta largura de banda e memórias LPDDR avançadas exigidos para treinar e operar modelos de IA.
A situação se agravou quando a Nvidia adotou memória LPDDR5X — típica de smartphones — para servidores de IA, criando uma disputa direta entre robôs e telefones.
Com margens maiores e contratos longos, clientes de IA passaram a ter prioridade.
A pressão atinge especialmente fabricantes chineses como Honor, Oppo e Vivo, mais expostos ao segmento de celulares populares, onde a margem de lucro é mínima.
Xiaomi, Oppo e Vivo já elevaram preços de vários modelos nas últimas semanas.
As gigantes do topo — Apple e Samsung — devem suportar melhor o impacto.
Mas, segundo analistas, até elas terão de escolher entre absorver parte do custo ou repassá-lo ao consumidor.
Em mercados mais sensíveis a preço, o efeito pode ser forte.
A decisão da Micron de sair do mercado de memória para consumidores até 2026 e encerrar a marca Crucial é um sinal definitivo da mudança.
A empresa vai dedicar sua produção exclusivamente a data centers de inteligência artificial.
Empresas de semicondutores não escondem: vale muito mais atender IA do que vender chips para celulares.
O smartphone, que já foi o centro da inovação tecnológica, agora disputa recursos com um competidor muito mais voraz: a inteligência artificial.
E a IA está vencendo.
A escassez de memória não é apenas um gargalo temporário.
É o prenúncio de uma nova ordem industrial, onde os componentes mais avançados serão destinados a máquinas que treinam modelos e operam sistemas inteligentes — não aos dispositivos que carregamos no bolso.
Em 2026, o consumidor vai sentir isso no preço.
E as fabricantes vão descobrir quem consegue sobreviver quando a prioridade da indústria muda de lugar.
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Jornalista e Copywriter. Escreve sobre negócios, tendências de mercado e tecnologia na StartSe.
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