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Zoho: "Operar no Brasil exige mentalidade de longo prazo"

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4 min

20 jun 2024

Atualizado: 21 jun 2024

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Desde criança eu escuto dizer que o Brasil é o país do futuro. E talvez seja mesmo. Mas para Rodrigo Vaca, diretor geral da Zoho Brasil, essa frase tem um significado diferente. Para ele, o Brasil é o país do longo prazo. As vantagens de operar no país são muitas: um mercado consumidor de proporções continentais, a mentalidade early adopter da população, e o potencial de crescimento que só um país jovem e ainda em desenvolvimento pode oferecer. Mas as dificuldades, especialmente para uma empresa estrangeira, exigem resiliência e visão de futuro, avalia o executivo.

Fundada na Índia pelo bilionário Sridhar Vembu, a Zoho possui filiais em diversas regiões do mundo, como Ásia, Europa, América do Norte e América Latina. Quando planejaram a expansão para o Brasil, porém, logo perceberam que não seria possível colocar o país debaixo do mesmo guarda-chuva que os vizinhos latino-americanos.

"Isso acontece pela importância do mercado brasileiro e pelo seu potencial e tamanho. O Brasil é a economia mais importante da América do Sul, é o quinto maior país do mundo. Por isso adotamos o status de região. Uma região de apenas um país, mas um país muito grande, com vários ecossistemas e mercados bem diferentes", explica Rodrigo, que é mexicano.

Particularidades brasileiras

Entre os 150 países em que a Zoho está presente, o Brasil é hoje o 11º maior mercado. Desde sua entrada oficial no país em 2021, a empresa tem registrado um crescimento exponencial em sua base de clientes e receita. Em abril deste ano, a companhia lançou o pagamento em Real (R$) na sua plataforma de e-commerce, com o objetivo de facilitar a contratação dos seus serviços, especialmente entre as pequenas e médias empresas, que formam a maior parte da sua base de clientes. Antes, a plataforma operava unicamente com pagamentos em dólar, e permitia pagamentos em moeda nacional apenas em vendas offline.

"Eu sempre brinco com o meu time que vender Zoho no Brasil é fácil, difícil é vender Brasil na Zoho", diz Rodrigo. Segundo o executivo, parte do seu papel é ajudar a companhia a entender as particularidades do mercado brasileiro. "Há práticas que estão embebidas na cultura brasileira. Por exemplo, parcelar. Então é claro que temos clientes que querem parcelar. Isso não existe lá fora, mas a companhia precisa entender que por aqui é standard".

Segundo o executivo, apesar dessas diferenças, a perspectiva de crescimento no Brasil é maior do que em outros países. Considerando o número de CNPJs e MEIs cadastrados no país, a Zoho atende a apenas 1% do seu potencial.

"Operar no Brasil é difícil por conta da burocracia, impostos etc. É preciso ter uma mentalidade de longo prazo. Parte do meu trabalho é ajudar a empresa a entender esse potencial. Eu já fui em cidades pequenas do Brasil que você vai no shopping e fica chocado com o tamanho. O menor shopping do Brasil é mais bonito que o maior shopping do México. É um mercado muito promissor", afirma.

Startups

Hoje, a Zoho Brasil tem 75 funcionários, todos brasileiros, com exceção de Rodrigo. Para o executivo, a construção de um time local também ajuda a integrar a empresa aos clientes e empresas parceiras de cada país. Outra estratégia da Zoho para crescer por aqui é na aproximação com as startups.

A companhia lançou em agosto de 2023 o programa Zoho for Startups, que tem o objetivo de conceder R$ 3 milhões para essas empresas até o final de 2024. O intuito é conceder acesso às tecnologias Zoho e também capacitar empreendedores para escolher as ferramentas corretas de acordo com o estágio de maturidade de suas empresas e suas respectivas dores.

No Brasil, o programa nasceu a partir de uma colaboração com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e com o Sebrae SC por meio do programa Sebrae Startups. Os parceiros têm o papel de hubs facilitadores, identificando startups eletivas ao programa e conectando-as à Zoho.

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