Vila Olímpica de Paris 2024 e o progresso de cidades inteligentes
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4 min
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31 jul 2024
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Atualizado: 31 jul 2024
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*Eduardo Marques é sócio-diretor do iCities
Com o crescimento incessante das áreas urbanas e os desafios cada vez mais complexos oriundos dessa expansão, a busca por soluções inovadoras e sustentáveis tornou-se uma prioridade global. Nesse contexto, a Vila Olímpica de Paris 2024 emerge como um modelo exemplar de aplicação em larga escala dos atributos das cidades inteligentes, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Projetada com uma infraestrutura voltada para a sustentabilidade e eficiência energética, a Vila Olímpica de Paris 2024 destaca-se pelo uso de energias renováveis, como solar e eólica, e pela integração de tecnologias de gestão inteligente de recursos. Esse compromisso evidencia a busca pela redução da pegada de carbono e o uso eficiente dos recursos disponíveis.
A conectividade e a mobilidade são pilares fundamentais do conceito de “cidades inteligentes”. E na Vila Olímpica de Paris 2024 isso não é diferente. Sistemas de transporte público eficientes, infraestrutura cicloviária e soluções de mobilidade compartilhada foram integrados, proporcionando opções acessíveis e sustentáveis de deslocamento para os residentes e visitantes.
Desenvolvimento sustentável é um fator intrínseco às cidades inteligentes. Não há dúvida de que, para as Olimpíadas, Paris se tornou mais verde. Foram plantadas nove mil árvores e diversas ruas foram quase transformadas em "ruas-jardins", principalmente em frente às escolas. As margens e o cais do Sena se tornaram um imenso passeio público, deixando de ser uma via expressa. Hoje em dia, as pessoas se deslocam muito mais de bicicleta e a pé na capital francesa. Outro ponto de grande diferença nas cidades inteligentes: a mobilidade. Em Paris, a bicicleta ultrapassou o carro em número de pessoas que utilizam esses meios de transporte e, com tudo isso, a poluição reduziu em 40% e o ar está mais limpo, segundo a prefeitura da capital.
Além disso, como deve se levar em conta em todas as cidades inteligentes, a Vila Olímpica adota abordagens inovadoras de design urbano e planejamento participativo, envolvendo os moradores e stakeholders locais na definição de prioridades e na tomada de decisões, resultando em um ambiente mais inclusivo e adaptado às necessidades da comunidade. Essa colaboração direta com a comunidade não apenas fortalece o senso de pertencimento, mas também garante que as soluções urbanas atendam às reais demandas dos cidadãos.
Para cidades inteligentes ou não, uma das lições mais importantes dos Jogos Olímpicos anteriores é o legado e o reaproveitamento de tudo que é temporário. Para a edição deste ano, discutiu-se amplamente como reutilizar de maneira melhor as infraestruturas e itens efêmeros, para que não se tornem "elefantes brancos".
Por exemplo, inicialmente havia sido planejado construir, na região de Aubervilliers, uma piscina olímpica para todos os esportes aquáticos, o que exigiria uma capacidade de cerca de 15 a 20 mil espectadores. Um número tão grande, como legado, não seria necessário para uma piscina permanente e, tendo isso em vista, o planejamento foi ajustado e Aubervilliers terá um centro aquático menor, com foco em saltos ornamentais, polo aquático e nado sincronizado.
Seguindo esse caso, as cidades inteligentes podem elevar seus compromissos com a sustentabilidade e a adaptação inteligente dos espaços urbanos para atender às necessidades atuais e futuras da comunidade.
E não é só isso. O legado deixado pela transformação da Vila Olímpica em um bairro residencial após os jogos será um exemplo concreto de planejamento urbano sustentável e adaptável, fundamental para cidades inteligentes. A Vila se tornará um bairro com 2.500 novas casas, uma moradia estudantil, um hotel, um parque paisagístico de três hectares, cerca de sete hectares de jardins e parques, 120.000 m² de escritórios e serviços municipais e 3.200 m² de lojas de bairro.
Essa evolução urbana não apenas preserva o investimento inicial em infraestrutura, mas também promove um ambiente habitável e sustentável para os residentes a longo prazo, exemplificando a capacidade das cidades inteligentes de se adaptarem e prosperarem em um contexto em constante mudança.
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