Tesla oferece US$ 30 bilhões para manter Elon Musk como CEO

Elon Musk vai receber cerca de 30 bilhões de dólares em ações da Tesla para permanecer como CEO por mais dois anos. Esse pacote bilionário foi aprovado pelo conselho da empresa como uma forma explícita de garantir sua permanência à frente da companhia em um momento decisivo para o futuro da Tesla - não apenas como montadora, mas como empresa de inteligência artificial, robótica e energia.

O acordo prevê que Musk receba 96 milhões de ações restritas ao preço simbólico de US$ 23,34 cada — muito abaixo do valor atual da ação da Tesla, hoje negociada acima de US$ 250. Na prática, se Musk aceitar permanecer no cargo até pelo menos 2027, o valor dessas ações poderá representar um ganho de mais de US$ 29 bilhões para o bilionário.

O mais curioso é que o pacote não exige nenhum novo desempenho operacional ou metas específicas de crescimento. O único critério para que Elon Musk receba essa fortuna é que ele continue no cargo. Isso gerou polêmica entre analistas e investidores, especialmente porque a Tesla enfrenta um momento sensível.

As vendas da empresa têm caído em mercados como Europa e China, e o entusiasmo dos investidores já não é o mesmo de anos atrás. Ao mesmo tempo, o próprio Musk tem dividido sua atenção entre diversas outras empresas: SpaceX, Neuralink, xAI e a rede social X. O pacote de 30 bilhões surge, portanto, como uma tentativa de “comprar foco” — um pagamento para que ele continue priorizando a Tesla em sua agenda.

Vale lembrar que Musk já havia conquistado um pacote recorde de remuneração em 2018, estimado em US$ 56 bilhões. No entanto, esse acordo foi anulado por um tribunal de Delaware no início deste ano, que considerou o processo de aprovação falho e enviesado. Caso o recurso apresentado por Musk reverta essa decisão e o pacote anterior volte a valer, o novo acordo de 2025 será cancelado.

O próprio conselho da Tesla tenta agora contornar essa incerteza, oferecendo um novo contrato com “travas” diferentes — entre elas, a exigência de que as ações não possam ser vendidas antes de 2030, o que adiciona uma camada de compromisso de longo prazo.

Essa decisão da Tesla escancara duas realidades: a dependência extrema da companhia em relação a Elon Musk, e a dificuldade do conselho em controlar seu principal executivo. Embora a empresa tenha uma base técnica sólida e projetos promissores, como robotáxis e IA embarcada nos veículos, a presença de Musk ainda é vista como fator crítico para atrair investidores, fechar parcerias e manter a cultura de inovação.

Por outro lado, a governança da Tesla é frequentemente criticada por sua leniência diante das decisões do bilionário, que tem conduzido a empresa com autonomia quase total - inclusive misturando interesses entre suas múltiplas companhias.

Em resumo, os 30 bilhões não são um prêmio por conquistas passadas, mas uma espécie de caução para que Musk continue — e não desista da Tesla. Uma aposta arriscada, bilionária e, acima de tudo, sintomática dos tempos em que estamos vivendo.