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Será que as startups vão precisar fechar as portas este ano?

Mercado tende a voltar à uma taxa histórica de perda de investimentos na faixa de 50% a 60%. Entenda o porquê!

Será que as startups vão precisar fechar as portas este ano?

Pessoas no trabalho (Fonte: Getty Images)

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0 min

15 fev 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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Os próximos 12 a 18 meses serão complicados para as startups. Com investidores procurando negócios com mais perspectivas de sustentabilidade, e menos aventuras, muitas startups vão fechar as portas. E isso é uma correção saudável.

“São empresas que conseguiram captar nos últimos anos porque tinha uma abundância de capital e agora, eventualmente vão fechar as portas, como deveriam ter fechado há um ou dois anos”, avaliou Julio Vasconcellos, sócio-fundador do fundo Atlantico e também do Canary. Ele participou nesta manhã de um painel no CEO Conference Brasil 2023, do BTG Pactual.

De acordo com ele, isso vai acontecer porque, com a maior cautela dos investidores na hora de alocar capital, o mercado de venture capital tende a voltar a uma taxa histórica de perda de investimentos na faixa de 50% a 60%, podendo chegar a 70% ou 80%. Até 2021, o percentual estava na faixa de 30% a 40% uma vez que o excesso de liquidez ajudou a dar sobrevida a modelos de negócios que não eram tão bons.

Fechar as portas, ou extinção em massa?

A fala de Julio segue a linha da opinião do investidor de risco Tom Loverro, da gestora americana IVP. Em uma série de tuítes há cerca de duas semanas, ele falou sobre uma “extinção em massa de startups”. A diferença é que Tom dá um tom mais catastrófico à sua fala, enquanto Julio coloca essa depuração sob uma perspectiva menos negativa.

Eric Acher, fundador da gestora Monashees, que dividiu o palco com Julio, também deu uma visão otimista sobre o futuro. Para ele, a próxima década do venture capital será melhor que os 10 anos que passaram. Segundo ele, o que aconteceu até agora ajudou a classe de ativos a aparecer no radar, colocar a criação de uma empresa como uma opção de carreira e preparar talentos para essa tarefa. Isso somado ao surgimento de tecnologias disruptivas, cria o cenário para um novo ciclo positivo. “O mundo não vai ficar menos digital”, disse.

A Monashees foi um dos primeiros fundos a olhar para venture capital no Brasil, em 2005, e é um dos poucos a ter resultados efetivos por já ter concluído o ciclo de vida de 10 anos previsto para um fundo desse tipo. Eric inclusive lembrou que, entre 2010 e 2015, a gestora viveu um momento parecido com o atual, quando não havia recursos disponíveis para investir. “Talvez você tenha um ou dois anos mais difíceis para levantar capital, mas grandes empresas serão contruídas nessa safra”, completou.

Para ele, uma coisa que deve mudar daqui pra frente é ser mais criterioso na hora de avaliar negócios e procurar negócios puros de tecnologia. “Tivemos um primeiro ciclo de empresas impulsionadas por tecnologia. Até quem tinha pouca tecnologia era avaliado como empresa de tecnologia. Agora, depois do que passou, tem um pequeno ajuste de priorizar empresas puras. Não quer dizer que não vamos fazer esses outros modelos. Mas a gente esteve mais flexível no passado”, disse
 


Para se adaptar ao novo cenário, startups e empresas de tecnologia começaram a fazer ajustes no 2º trimestre do ano passado. Apesar das milhares de pessoas dispensadas tanto no Brasil quanto fora, Eric disse acreditar que os ajustes ainda mal começaram. “Poucas empresas fizeram downrounds. São poucos os casos até agora”, destacou. Isso porque as empresas buscaram reduzir gastos e esticar o caixa por mais tempo. Mas o tempo está passando. Para ele, uma leva ainda mais intensa de ajustes deve acontecer entre o fim do ano e o começo de 2024.

Julio disse acreditar que as startups demoraram a se mexer na hora de fazer os ajustes. Mas citou uma pesquisa feita com mais de 120 startups que detectou que quem tinha feito correção de rota disse estar em melhor situação depois de cortar, do que estava antes. Segundo esse levantamento, a média de redução de pessoal ficou acima de 30%. Ele reconheceu a dificuldade de fazer as demissões e lembrou quando o Peixe Urbano, companhia criada por ele – e que recebeu investimento da Monashees – acabou fazendo três ondas de ajustes até chegar ao equilíbrio das contas.

Julio ainda comentou que se engana quem acha que o crescimento deixou de ser uma métrica fundamental para as startups. Ele continua a ser importante, e, em breve, voltará a ser o principal critério de avaliação. O que deve mudar é que o crescimento a qualquer custo deixará de ser um critério.

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