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Quando o avatar assume o cargo de Chief Storytelling Officer

Por que empresas do Vale — e do Brasil — estão criando influenciadores virtuais próprios

Quando o avatar assume o cargo de Chief Storytelling Officer

Mais um no bonde: Magalu cria diretoria de IA para desenvolver "cérebro da Lu"

, Professora e colunista da StartSe

6 min

12 mai 2025

Atualizado: 12 mai 2025

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Palo Alto, nove da manhã. Entro na sala de pitch de uma health-tech e, no telão, quem me recebe não é o fundador, mas uma versão digital dele. O avatar sorri, faz piada com o fuso horário e apresenta, com a voz idêntica à do CEO, os resultados do último trimestre. Alguns minutos depois, o “original” aparece e explica: o clone já conduz webinars, vídeos de onboarding e responde dúvidas frequentes de clientes – tudo sem trair a marca pessoal que ele vem lapidando há anos.

O enredo parece extraído de um episódio de ficção científica, mas descreve o salto que o mercado de virtual influencers deu em 2025. A consultoria Grand View Research estima que esse segmento, avaliado em US$ 6 bi em 2024, deve ultrapassar US$ 8 bi em 2025 e chegar a quase US$ 46 bi em 2030, crescendo mais de 40 % ao ano Grand View Research. Depois de anos estrelado por personagens como Lil Miquela, a nova onda é corporativa: marcas criam avatares próprios – ou versões sintetizadas de executivos – para produzir conteúdo em escala, reduzir custos e, sobretudo, blindar reputação.

O Vale serviu de laboratório. A Renault, por exemplo, lançou a embaixadora virtual Liv para apresentar o SUV Kadjar e multiplicou o recall entre motoristas jovens Little Black Book. Em 2024, durante a Computex, a Synthesia colocou lado a lado Jensen Huang e um avatar seu, capaz de replicar sotaque, timbre e microexpressões com precisão inquietante Free AI Video Maker. A lógica é cristalina: se o líder não pode estar em todo lugar, seu avatar pode – e sem errar o script.

No Brasil, ninguém encarna melhor essa tendência que a Lu do Magalu. Com mais de seis milhões de seguidores no Instagram, a personagem gera até 3 % mais engajamento que influenciadores humanos comparáveis, segundo dados da HypeAuditor publicados pela Forbes Forbes. O que poucos percebem é que a Lu abriu espaço para algo maior: transformar o avatar em Chief Storytelling Officer, conduzindo lives de produto, vídeos de treinamento e até mensagens a investidores enquanto os executivos reais se concentram em decisões estratégicas.

A ideia parece sedutora – e números reforçam o entusiasmo. Um estudo da Harvard Business Review aponta que publicações patrocinadas por influenciadores virtuais já superam as de humanos em métricas de avaliação de marca, além de custarem menos no longo prazo Harvard Business Review. O motivo é simples: consistência total, zero chance de escândalo de comportamento e disponibilidade 24 h por dia – atributo valioso numa economia que consome informação em looping.

Mas a medalha tem verso. Pesquisas da Influencer Marketing Factory mostram que a aceitação do público despenca quando descobre, tarde demais, que interagia com IA Influencer Marketing Factory. Transparência, portanto, não é opcional: as marcas que se destacam sinalizam desde o primeiro frame que estão usando tecnologia – e ainda assim constroem vínculo emocional ao injetar valores humanos na narrativa.

Outro alerta: quando qualquer empresa pode fabricar um rosto perfeito, a diferenciação volta a depender do storytelling que alimenta o avatar. Sem propósito claro e tom de voz coerente, o gêmeo digital vira apenas mais um mascote perdido no feed. Investidores aqui no Vale já exigem um “manual de personalidade” antes de aprovar orçamento para clonar o fundador: querem saber qual história esse avatar vai contar que só a empresa pode sustentar.

O futuro imediato aponta para uma convivência híbrida. Avatares farão o trabalho pesado – atendimento, tradução simultânea, variações de conteúdo –, enquanto líderes de carne e osso investem energia nas interações que exigem empatia genuína: reuniões estratégicas, momentos de vulnerabilidade, decisões que moldam cultura. Quando bem orquestrados, esses dois “executivos” ampliam alcance sem sacrificar autenticidade.

Se 2024 foi o ano em que discutimos ética da IA aplicada ao texto, 2025 traz a discussão com rosto – e, às vezes, crachá. Para quem cultiva marca pessoal, o recado é claro: domine sua narrativa antes que alguém – ou algo – a conte por você. Porque, daqui para frente, até o silêncio pode ser preenchido por um avatar com voz sintética; e, se ele não carregar a sua história, carregará a de quem investir primeiro.

Nota ao leitor: a cena que abre este artigo é ficcional, mas absolutamente plausível à luz do que já acontece hoje no Vale do Silício.

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Imagem de perfil do redator

Atuou como executiva em Marketing e Branding, com mais de 25 anos de experiência construindo marcas corporativas como Natura Cosméticos, Havaianas entre outras. É Co-founder da BetaFly especializada Marcas Pessoais, professora de MBA e pós-graduação, palestrante e autora do best-seller "Sua Marca Pessoal" .

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