Potencia Ventures quer levar investimentos a edtechs de impacto
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4 min
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6 jun 2024
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Atualizado: 6 jun 2024
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Em tempos de seca no venture capital, investimentos de impacto tendem a ficar comprometidos, em especial no segmento de educação. Dados do Crunchbase mostram que, em 2023, houve uma redução de 73% nos aportes de VCs destinados a edtechs — no VC como um todo, a queda foi de 38%. É aí que entra a Potencia Ventures, grupo global de investimentos de impacto, com foco em educação e empregabilidade.
Fundada em 2002 por Kelly Michel, que também foi co-fundadora da Vox Capital, a Potencia Ventures investe em fundos de venture capital e startups early stage, e atua nos Estados Unidos e mercados emergentes da América Latina e Índia. Hoje, possui 25 startups em seu portfólio e investe em mais de 45 fundos ao redor do mundo.
"Para empreendedores de educação, parece que o desafio é disputar o bolso tanto de investidores tradicionais, que buscam altos múltiplos de retorno, quanto os de impacto social, que hoje em dia dedicam a maior parte de sua alocação para serviços financeiros, alimentos e agricultura e saúde", explica Itali Collini, diretora da Potencia Ventures, em entrevista ao Startups.
Apesar disso, o potencial de crescimento dessas empresas é alto. O Brasil é o principal mercado de startups de educação na América Latina, concentrando quase 70% do total de edtechs da região, além de quase 80% do volume de investimentos e 76,7% das rodadas. Entre 2015 e o primeiro trimestre de 2024, o território brasileiro movimentou US$ 475,6 milhões, distribuídos em 280 deals.
Sob a lente do impacto, o cenário também é promissor. Em relatório divulgado no ano passado, a Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) apontou que o mercado de investimento de impacto no Brasil está estimado em R$ 18,7 bilhões, tendo crescido 60% em relação ao levantamento de 2020.
Em 2024, o grupo vai selecionar cinco startups do seu programa Potencia UP para receber cheques de investimento a partir de US$ 100 mil. Lançado em 2022, o Potencia UP seleciona 20 startups com impacto em educação ou empregabilidade que tenham, pelo menos, um MVP (mínimo produto viável). Além disso, os empreendedores precisam ser de grupos sub-representados, como mulheres, pessoas negras, da comunidade LGBTQIA +, pessoas com deficiência, periféricas ou acima de 60 anos.
Todas essas empresas passaram, durante um ano, por uma comunidade de benefícios e integração para construção de capital financeiro, intelectual e educacional, incluindo aulas de inglês, mentorias coletivas e individuais, conexão com investidores e apoio na estruturação da rodada.
"A educação sempre foi o nosso foco, pois é um dos valores essenciais da Potencia. Queremos desbloquear o potencial das pessoas, oferecendo oportunidades educacionais. O interesse em garantir maior visibilidade para empreendedores diversos veio como consequência disso e se consolidou através do programa Potencia UP. Buscamos sair do padrão nos investimentos feitos e, com isso, construir uma sociedade melhor", afirma Itali.
Entre as startups investidas pelo grupo está a Letrus, uma plataforma que apoia os professores e os alunos a melhorarem o letramento com o uso da inteligência artificial, e está presente atualmente em 355 escolas privadas e 284 escolas públicas. Segundo Itali, um estudo feito em parceria entre a Letrus e a organização Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL) mostrou que o desempenho na redação do Enem dos alunos do Espírito Santo que utilizaram a Letrus ao longo do ano letivo foi o melhor do país.
Para Itali, um dos desafios desse tipo de investimento é na mensuração do impacto gerado. Hoje, as empresas investidas e os fundos listam por conta própria algumas métricas que ajudam a Potencia a entender a direção do impacto social que pode ser criado no longo prazo. Por exemplo, entre as empresas de educação, é possível medir o número de crianças de escolas públicas impactadas.
"No entanto, mensurar o impacto social apresenta desafios significativos. Quantificar, por exemplo, o impacto do aumento de renda nas famílias devido à maior escolaridade dos filhos envolve acompanhar longitudinalmente os alunos e suas famílias, o que é complexo e caro. É também difícil isolar o efeito da escolaridade de outros fatores influentes na renda familiar. Além disso, obter dados precisos e confiáveis pode ser um desafio, já que muitas vezes dependem de autodeclarações ou registros incompletos. A diversidade de contextos socioeconômicos e culturais também complica a padronização e comparação das métricas de impacto", avalia a diretora da Potencia.
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