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Silicon Valley Bank: entenda tudo sobre a quebra do banco das startups

O colapso do SVB vem impactando o ecossistema e movimentando governos e instituições, para garantir segurança. Confira os acontecimentos até agora

Silicon Valley Bank: entenda tudo sobre a quebra do banco das startups

, Jornalista

10 min

13 mar 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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O dia 10 de março de 2023 se tornou um marco histórico no inverno das startups: o Silicon Valley Bank, um banco que trabalha apoiando empresas da tecnologia, entrou em processo de intervenção e foi fechado pelo Department of Financial Protection and Innovation do estado da Califórnia. Ele era o 16º maior banco do país.

  • A intervenção aconteceu após as ações do banco terem despencado 60% no dia anterior por conta do anúncio de uma captação de US$ 2,25 bilhões para reforçar o caixa da instituição.
  • O medo gerado no ecossistema movimentou o governo americano, que anunciou a devolução completa de todos os recursos detidos por correntistas da instituição.
  • Mas apesar das investidas do estado, o efeito dominó recai sob outros bancos e também startups e empresas de tecnologia.

“É uma das maiores histórias com este banco. (…) Havia um problema de tecnologia, mas é um grande, você sabe, revés para muitos VCs, muitas startups. E, claro, há algumas pessoas inteligentes, como Peter Thiel, que retiraram o dinheiro antes que esse colapso acontecesse. Isso é interessante. Portanto, é provável que tenha muito efeito, especialmente nos negócios pequenos, no setor das startups”,

Randeep Sudan, ex-banco mundial e fundador da Multiverz, em entrevista à Sabrina Bezerra, jornalista da StartSe, durante o Fórum Biban 2023, na Arábia Saudita.

Silicon Valley Bank (foto: Tony Webster/Flickr)

Novo CEO envia carta aos clientes

Os clientes foram surpreendidos nesta segunda (13): o novo CEO do Silicon Valley Bank, Tim Mayopoulos, enviou uma carta abordando o colapso do banco e assegurando-lhes que o banco está "aberto e conduzindo os negócios normalmente".

O novo CEO do SVB diz que quer restaurar a confiança, sinalizando que “os depositantes têm acesso total ao seu dinheiro e os depósitos novos e existentes são protegidos.”

“Eu venho para este papel com humildade. Também cheguei a essa função com experiência nesses tipos de situações. Fiz parte da nova equipe de liderança que ingressou na Fannie Mae após a crise financeira de 2008-09 e atuei como CEO da Fannie Mae de 2012-18. Estou muito orgulhoso do trabalho que fizemos lá para restaurar a lucratividade da empresa e estabilizar o sistema de financiamento habitacional em um período de desafios sem precedentes.”

Ex-CEO e CFO são processados

Greg Becker, e o CFO, Daniel Beck, foram processados por acionistas da empresa acusados de terem ocultado a real situação financeira da empresa. 

Os funcionários da empresa também apontam o CEO como responsável pela crise, já que reconheceu publicamente a extensão do problema antes de ter o apoio financeiro para resolver, criando uma tempestade. 

Além disso, o CEO, Greg Becker vendeu US$ 3,6 milhões em ações dias antes da quebra do banco, de acordo com a Bloomberg.

HSBC compra braço inglês do SVB

O HSBC anunciou nesta segunda-feira, 13, que irá comprar o braço britânico do Silicon Valley Bank (SVB) pelo valor simbólico de uma libra. 

Ao G1, o CEO do HSBC Group, Noel Quinn, anunciou que o objetivo é fortalecer a franquia bancária no Reino Unido. Já os clientes antigos vão continuar a fazer transações, mas com os mecanismos de segurança de uma das maiores instituições financeiras do mundo. 

Risco sistêmico e intervenção do governo americano

No domingo, 12, o Signature Bank também foi fechado por “risco sistêmico” e uma linha de empréstimos de emergência para fortalecer o sistema bancário dos Estados Unidos foi aberta. Dessa forma, tanto o Fed, banco central dos EUA, e o Departamento de Tesouro dos EUA garantiram que os depósitos feitos nos dois bancos estarão disponíveis para os clientes.

Por quê? A pressa do governo americano em resolver a situação estava muito ligada ao risco de as empresas ficarem sem caixa para fazer o pagamento dos salários de seus funcionários no próximo dia 15, quando muitas fazem o acerto de meio do mês. Também havia um medo enorme de contaminação de todo o mercado por conta da crise de confiança gerada pela quebra do SVB.

Bancos regionais dos EUA desabam


Apesar dos reforços do governo, a onda impacta bancos americanos. De acordo com a CNBC, a maior queda nesta segunda (13) de manhã é do First Republic, um banco forte na região de São Francisco, que cai 65% depois de perder 33% semana passada.

O PacWest Bancorp, de Los Angeles, perde 24%, e o Western Alliance Bancorp, do Arizona, cai 61% no pre-market. 

Impacto na indústria da tecnologia

De acordo com a Axios, a falência do Silicon Valley Bank já trouxe consequências devastadoras ao universo da tecnologia. A súbita perda de acesso aos seus fundos deixou empresas em alerta, anunciado possíveis atrasos no pagamento de fornecedores e também na folha de pagamento. 

E apesar de ser visto com cautela, um porta-voz da Softbank disse que vê pouco impacto da quebra do SVB. Entretando, analistas apontam que a empresa sofra pressão para proteger suas startups dos efeitos colaterais. 

O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?

O SVB estava no mercado desde 1983, sendo a principal ponte entre o ecossistema de startups e os bancos. Chegou primeiro e conquistou o público: metade das empresas americanas que levantaram capital com fundos de VC em 2022 o utilizavam como banco

Em análise sobre o colapso da instituição, Lucas Abreu, Venture Capital Investor na Astella Investimentos, escreve que “esse evento extremo aconteceu após: a terrível gestão financeira do SVB, a tragédia dos comuns e busca pelo seu próprio​​ interesse dos agentes, a concentração de clientes em uma categoria, o timing horrível, a macroeconomia e por fim, a comunicação que levou ao fim da credibilidade.”

  • A alta da taxa de juros global e o inverno das startups fez com que as startups queimassem o dinheiro que estava no caixa do banco e também, menos depósitos.
  • Ao anunciar uma captação de US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas, US$ 42 bilhões de retirada foram solicitados em um dia, representando uma média de 25% do volume total de depósitos, tornando o banco insolvente.
  • A medida veio de um cenário de desconfiança, onde cada um cuida do seu: com medo de perder dinheiro, os VC orientaram às startups a retirarem o dinheiro do banco. Como o perfil de clientes é muito parecido, isso gerou uma onda.

Para Junior Borneli, founder da StartSe, “’Eventos extraordinários’ como esse estão ficando cada vez mais comuns. Os cisnes negros não são mais tão raros. Cenários instáveis é o que mais combina com ‘novo normal’.

Empresas se posicionam frente ao cenário Latam e querem fechar lacuna do SVB

Durante muito tempo, o Silicon Valley Bank foi a estrutura que possibilitou a internacionalização de startups Latam. 

Mas a hegemonia vem sofrendo abalo. Grandes bancos como Itaú BBA, BTG e JP Morgan – que tem participação no banco C6 – já estão de braços abertos para receber recursos das startups (apesar de a burocracia e das altas taxas ainda serem um grande empecilho). A Remessa Online também tem seu Remessa for Startups

A Kamino também oferece serviços financeiros para startups e a Trace Finance até colocou no ar uma landing page com a sugestiva provocação: “Procurando por uma alternativa ao SVB? A Conta Global da Trace é a solução!”. 

O Startups apurou que a Latitud vem, ao longo dos últimos 9 meses, trabalhando em uma oferta de conta offshore para servir as companhias da América Latina. Além da conta, a nova estrutura vai oferecer serviços de câmbio, informaram pessoas com conhecimento dos planos de Brian Requarth, Gina, Yuri e companhia. Uma landing page também já tem buscado captar interessados no novo produto.

E o impacto no Brasil?

De acordo com O Globo, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que “não sei se vai gerar uma crise sistêmica, aparentemente não. Eu não vi ninguém ainda tratar esse episódio como o Lehman Brothers. Mas o fato é que é grave o que aconteceu, o Fed agiu no fim de semana e nós vamos ver ao longo do dia.”


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Imagem de perfil do redator

Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.

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