Liderança em tempos de IA: o futuro (ainda) é humano

Por mais tecnológica que a era pareça, o maior desafio da liderança continua sendo essencialmente humano. Foi essa a provocação de Piero Franceschi, sócio da StartSe, ao subir ao palco do AI Festival 2025 para falar sobre “Liderança em tempos de IA”. O tom era de alerta e de convite à reflexão: o trabalho mudou, as máquinas avançaram, mas a nossa forma de liderar ainda ficou presa ao século passado.

O trabalho morreu e quase ninguém percebeu

Piero começou apontando para um paradoxo que define o nosso tempo: “Você nunca trabalhou tão pouco na história da humanidade e mesmo assim está exausto.” A tecnologia, antes uma ferramenta, tornou-se moldadora do comportamento humano. 25 anos de “cliques” reprogramaram o nosso cérebro para a distração constante. O esforço perdeu valor e o atalho virou o novo ideal.

Essa mudança de mentalidade, segundo ele, redefiniu as bases da economia. “Antes, o valor estava em quem se esforçava; hoje, está em quem vence com menos esforço.” De um lado, colaboradores entediados e ansiosos. Do outro, líderes tentando controlar mais e inspirar menos. Resultado: empresas cheias de “colaboradores que não colaboram” e líderes que não lideram.

A chegada das máquinas que têm fome de trabalho

Enquanto humanos discutem culpa e propósito, as máquinas chegaram famintas por tarefas. “Essas IAs não se lamentam, não têm expectativa e aprendem rápido”, diz Piero. “São empáticas, educadas e não reclamam.” E é aqui que o jogo muda: tudo aquilo que depende de controle, coerência e consistência será, mais cedo ou mais tarde, automatizado.

O ponto não é se isso vai acontecer, mas quando. “O futuro já está claro. Você só não sabe quando ele vai te alcançar.” A IA não é uma promessa distante; é uma presença constante, moldando o que fazemos, decidimos e valorizamos.

O novo algoritmo do trabalho

Para Piero, o antigo ciclo — objetivo → esforço → resultado — está obsoleto. O novo modelo é desafio → descoberta → diálogo.

As pessoas não querem mais apenas metas. Querem propósito, trocas reais, missões curtas e líderes que façam perguntas em vez de dar respostas. “Você trabalha com humanos que são robôs. E é o controlador de robôs com outro robô”, provoca. Liderar na era da IA exige humildade para aprender, coragem para errar e generosidade para reconhecer.
A máquina pode cobrar, mas só o humano é capaz de inspirar.

Gente segue gente (desde que valha a pena)

No centro da palestra, uma frase resume o espírito da nova liderança:

“Gente vai seguir gente, contanto que seja gente que vale a pena.”

O líder do futuro precisa ser audacioso, curioso e inspirador. Deve desafiar o status quo, promover os corajosos e constranger pelo exemplo.
O trabalho, diz Piero, só continuará existindo como espaço humano se carregar honra, pertencimento, vontade e significado.

O lugar que a máquina nunca vai ocupar

A IA pode ser genial, mas nunca será ousada. Pode prever o futuro, mas nunca criá-lo.
“Não existem dados sobre o futuro — e a IA precisa de dados. Portanto, quem vai empreender o futuro são humanos com coragem de escolher o B quando tudo diz A.”
Esse é o limite intransponível da máquina: ela não tem vontade.
E é justamente isso que torna o trabalho humano insubstituível.

“Que as máquinas nos peguem gostando de trabalhar”, encerrou Piero.
“Porque isso elas nunca vão fazer.”

Quer ver ou rever essa palestra completa?

Assista à gravação de “Liderança em tempos de IA” e de todas as apresentações do AI Festival 2025, o maior evento de Inteligência Artificial da América Latina. Acesse agora as gravações do AI Festival e mergulhe nas ideias que estão moldando o futuro do trabalho e da liderança. Assista aqui.