Sou Aluno
Formações
Imersões
Eventos
Tools
Artigos
Sobre Nós
Para Empresas

Inovação em ESG: 4 casos de colaboração entre empresa, startups e ONGs para os desafios da água

Como a Coca-Cola está fazendo parcerias para garantir o melhor uso da água e ampliando a frente ESG

Inovação em ESG: 4 casos de colaboração entre empresa, startups e ONGs para os desafios da água

Foto: Getty Images

, Head de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil

14 min

13 jun 2023

Atualizado: 13 jun 2023

newsletter

Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!

Assim como os estados da água variam do líquido para sólido, ou gasoso, também são diversos os desafios gerados pela sua escassez, excesso ou contaminação. A boa notícia é que existem cada vez mais e melhores soluções para enfrentá-los ou evitá-los.

Sendo a água elemento fundamental para a vida, biodiversidade e desenvolvimento socioeconômico de qualquer cidade ou país, o setor privado pode contribuir de forma significativa para uma maior segurança e resiliência hídrica nos locais e forma como opera.

Se internamente empresas devem cada vez mais reduzir desperdício e aumentar a eficiência hídrica em suas operações, externamente podem atuar com programas de acesso, proteção e restauração de áreas naturais contribuindo para a saúde de bacias hidrográficas.

Inovação aberta e colaboração

carbon-neutral-esg-trashin. (Foto: GettyImages).

Assim como a maioria dos temas de ESG, os desafios relacionados à água também são pré-competitivos, requerem colaboração e contam cada vez mais com inovações e soluções tecnológicas que podem fazer a diferença seja para ampliar eficiência, acesso, tratamento ou disponibilidade de água

Neste sentido, cultivar relacionamentos com inovadores, mapear (e comparar) soluções, implementar e avaliar pilotos em diferentes contextos são atividades chave para que a empresa avance em suas metas e compromissos.

Através deste artigo, apresento algumas das soluções que estamos implementando para diferentes desafios de água em projetos e colaborações entre a Coca-Cola, startups e ONGs do Brasil, Chile e Argentina.

Nanobolhas para eficiência hídrica

Tablet com água (foto: PM Images/Getty)


“Quer mudar o mundo? Comece arrumando seu quarto.” Qualquer empresa que se propõe a fazer algo sobre água deve começar dentro de casa, medindo e reduzindo o desperdício e consumo com maior eficiência hídrica nas operações.

No caso do Sistema Coca-Cola, se há 30 atrás as fábricas usavam 2 litros de água (adicionais) para cada 1 litro de bebida produzida, hoje usam em média 0,51 para cada litro. Este avanço se deve a inovações e melhorias contínuas em processos e equipamentos que vão do reuso à medição setorizada e em tempo real da água utilizada em cada etapa.

No Chile, uma parceria com a startup Kran Nanoburbujas e a implantação de pilotos em 4 fábricas promete dar mais um passo neste sentido. Criada em 2017, a Kran desenvolveu uma tecnologia de aplicação de “nanobolhas” que podem carregar diferentes gases (oxigênio, CO2, ozônio, nitrogênio, etc) dependendo do líquido e objetivo.

No caso de lavagem de equipamentos ou descontaminação de garrafas, a tecnologia pode reduzir em até 50% o consumo da água no processo pela maior área de contato e eficiência da aplicação. Além disso, a água tratada ao final do processo de aplicação sai com um alto teor de oxigênio gerando um impacto positivo para o meio ambiente.

Otimizando e incentivando a economia de água no campo

A agricultura e pecuária são os setores que mais utilizam água globalmente, representando entre 64% e 85% da água utilizada em cada país. Por isso, a segurança e resiliência hídrica de qualquer região passa, necessariamente, pela otimização do uso da água em cadeias agrícolas.

Pensando nisso, a startup argentina Kilimo vem desenvolvendo desde 2014 uma solução tecnológica que integra dados climáticos (chuva, luminosidade, umidade do solo), de satélites e inteligência artificial para oferecer recomendações que permitem a agricultores saber diariamente quanto volume de água necessitam para regar seus cultivos, otimizando em 30% o uso da água em suas lavouras.

Além disso, todo o volume de água que deixou de ser utilizado nas lavouras é então oferecido na forma de “créditos” para empresas com metas de neutralidade hídrica, gerando incentivos financeiros para que os agricultores sigam economizando água.

A Kilimo é parceira da Coca-Cola no México, Chile e, em breve, na Argentina e já está atingindo resultados positivos em mais de 300 parceiros e clientes, onde contribuiu na economia de 72 bilhões de litros em mais de 150 mil hectares monitorados de 44 tipos de cultivos diferentes em 8 países.

Monitorar e evitar incêndios em tempo real

Prédio com vidros refletindo árvores (Foto: GettyImages).

Temos hoje no planeta o mesmo volume de água de milhões de anos atrás. Este volume se renova continuamente através do ciclo das chuvas e evaporação.

Como sociedade, nosso desafio é garantir que a água doce esteja disponível, com volume e qualidade suficiente para a manutenção da vida (dos humanos, animais e toda biodiversidade) e das atividades que desempenhamos.

As florestas e áreas naturais são verdadeiras “esponjas” para a absorção e recarga de água das bacias hidrográficas. Podemos também considerá-las “fábricas” de ar puro, água limpa, solo e biodiversidade ricas, elementos sem os quais nenhuma economia ou sociedade prospera ou sobrevive.

Proteger, conservar e/ou restaurar florestas, parques e áreas naturais significa manter estas “fábricas” funcionando. É um “seguro” para garantir o futuro de todos que dependem delas para continuar a existir.

Um dos projetos patrocinados pela Coca-Cola Brasil desde 2021 é realizado em parceria com o Instituto Cerrados e tem um duplo objetivo – fomentar e apoiar a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) no Cerrado e contribuir para o desenvolvimento, aplicação e disseminação do Suindara, uma solução tecnológica e sistema de monitoramento e comunicação com alertas em tempo real para prevenir e evitar queimadas e focos de desmatamento.

Como uma área queimada absorve cerca de 10 vezes menos água que uma área preservada, soluções como esta são chave para a segurança hídrica de quaisquer bacias.

Lançado em 2020, o Suindara monitora, comunica e mobiliza prefeituras, brigadistas, organizações e a sociedade com alertas via smartphones contendo informações sobre cada ocorrência, localização exata, rotas com mapas e planos de combate. Tudo de forma simples e ágil.

Como a proteção de RPPN’s, Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Parques Nacionais pode ser bastante desafiadora pelo tamanho, localização e poucos funcionários, o Suindara contribui para preencher essa lacuna uma vez que monitora toda a área, mobiliza os responsáveis e coordenando uma resposta assertiva.

Atualmente já em sua 3° versão, o Suindara já monitora 4,8 milhões de hectares no país e sua atuação já vai além do Cerrado, em colaborações com outras organizações e estados.

Como exemplos de sua efetividade é possível destacar a redução de 26 mil hectares em áreas queimadas em 2022 na Chapada dos Veadeiros em Goiás, assim como a redução de 60% dos focos de calor em uma área de 2 mil hectares na Serra do Japi em Jundiaí (SP) em outro projeto apoiado pela Coca-Cola realizado pelo Consórcio PCJ.

Sal de cozinha para tratar água em comunidades

Quando os desafios são de acesso à água, quase se tratam de comunidades rurais, ribeirinhas ou isoladas localizadas em áreas distantes, de baixa densidade populacional e carentes de redes de água e saneamento.

Se no Brasil temos 35 milhões de pessoas sem acesso à água tratada, 67% delas estão em áreas rurais e convivem com desafios logísticos e menos acesso à energia e serviços de comunicação. São comunidades que requerem soluções descentralizadas, de menor porte, tenham baixo custo operacional e sejam simples de operar e consertar localmente.

Por meio do programa Água+ Acesso, pudemos testar e implantar pilotos com uma série de inovações e soluções para atender a diferentes desafios de acesso e tratamento de água.

Desde 2017 o programa já beneficiou mais de 190 mil pessoas em 390 comunidades de dez estados em parceria com 17 organizações. Nele foram implementadas e avaliadas desde soluções de ozônio para o excesso de contaminação orgânica, dessalinização de pequena escala, troca iônica para “dureza” na água, até a implantação de mais de 30 sistemas e redes de distribuição que utilizam energia solar para bombear água para comunidades ribeirinhas na Amazônia sem acesso à energia elétrica.

Algumas destas inovações tiveram resultados expressivos e foram replicadas, como é o caso das micros-fábricas geradoras de cloro, pequenas unidades instaladas nas comunidades que usam sal de cozinha para produzir cloro, otimizando custos e prazos em sua aquisição e distribuição.

Em parceria com o Instituto SISAR foram instaladas mini-fábricas de cloro em 6 comunidades atendendo a 2.125 famílias e 8.400 pessoas implantadas no Ceará.

Com a solução, o custo mensal médio por comunidade com consumo e transporte de cloro foi reduzido em 70%. Considerando o custo de cada equipamento, o investimento em cada comunidade se pagou em menos de 2 anos, sem contar a facilidade no uso, disponibilidade do insumo (sal de cozinha) e maior segurança na operação dos equipamentos.

Um ano depois dos pilotos, 40 unidades foram implantadas em 2021 e atualmente já são 90 comunidades e 36 mil pessoas sendo beneficiadas com a solução na área rural do Ceará. Ao todo, estas comunidades economizam por mês cerca de R$ 675 mil reais em cloro e na sua distribuição.

No Sisar Piauí (Sistema Integrado de Saneamento Rural) as micro-fábricas de cloro já são o padrão e estão presentes em todos os sistemas das 58 comunidades onde atuam no estado.

Por que importa?

Estes são apenas quatro dentre outros diversos exemplos de como empresas, startups e ONGs podem colaborar para desenvolver e implantar soluções para a segurança e resiliência hídrica em seus diferentes contextos e desafios. Se hoje estas soluções são aplicáveis e tem resultados, é porque já passaram por muita pesquisa, tentativas e erros como é natural em todo processo de inovação.

Neste sentido, as empresas podem ser grandes aliadas tanto nas fases de pesquisa e desenvolvimento como implantação e escalamento destas soluções ao colaborar com seu conhecimento, investimentos, redes e capilaridade de atuação.

Gostou deste conteúdo? Deixa que a gente te avisa quando surgirem assuntos relacionados!


Assuntos relacionados

Imagem de perfil do redator

, Head de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil

Rodrigo Brito é Head de Sustentabilidade da Coca-Cola para o Brasil e Cone Sul, cofundador e conselheiro da Emerge e Aliança Empreendedora.

Leia o próximo artigo

newsletter

Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!