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De implante cerebral a envelhecimento saudável: o que esperar do mercado de saúde?

Veja aqui as principais inovações e tendências na área de saúde apresentadas no SXSW e como elas estão impactando o setor!

De implante cerebral a envelhecimento saudável: o que esperar do mercado de saúde?

, CEO da Pina Innovation e Co-Founder do Hackmed

26 min

12 abr 2023

Atualizado: 14 jul 2023

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Vamos falar das tendências, inovações e principais temas discutidos sobre saúde? A partir de agora, e com muito prazer, inauguro uma nova coluna na StartSe voltada 100% para falarmos sobre Saúde e as Inovações e Tendências que estão impactando o setor. Se você é um entusiasta, insider ou apaixonado pelo tema, não perca!

Para começar a “transpirar saúde”, nada melhor do que trazer informações fresquinhas de um local que respira tendência, conhecimento e insights, que é o SXSW. Por mais um ano estive no South by Southwest e, como é de praxe, dou um foco e atenção especial para a área da saúde. Para os que não são experts de SXSW, este evento possui uma lista grande de palestras que são sempre conectadas a algumas trilhas de conhecimento durante todo o evento.  

  • Uma das trilhas de conhecimento do evento, chamada de Health & MedTech, vem crescendo ano após ano, trazendo tendências e os principais temas que precisam ser discutidos no setor da Saúde. 
  • Essa trilha contou com 63 sessões que ocorreram durante 4 dias. Se considerarmos também uma outra trilha, a chamada de Psychedelics, que está dentro do guarda-chuva da saúde, o total de sessões vai para 83. Uma média de 20 palestras por dia falando sobre Saúde é mais do que prova que esse tema precisa de atenção especial!

Vou focar na trilha de Health & MedTech, que já tem muito pano pra manga (quem sabe em um próximo artigo eu faça um extra sobre a trilha de Psychedelics). 

Foto: Amy E. Price/Getty Images

Qual é o papel do Apple Watch e do iPhone na saúde?

Durante a sessão Driving Personal Health Forward: The Role of Apple Watch and iPhone, a vice-presidente de health da Apple, Sumbul Ahmad, trouxe diversos insights sobre como a big tech desenvolveu as funcionalidades de saúde, como frequência cardíaca/ECG, mobilidade, sono e ciclo menstrual. 

Ela também mencionou que a forma de construção do backlog de funcionalidades de saúde da Apple não é algo super planejado ― acontece de forma orgânica por meio dos canais de clientes. Por exemplo:  

  • O Apple Watch queria apenas contar calorias quando criou o sensor de frequência cardíaca, mas acabou virando algo maior após os seus clientes começarem a usar funcionalidade para sua própria saúde
     
  • Foi o que aconteceu com uma cliente que estava grávida e, com o alerta de frequência cardíaca muito alta, foi ao hospital e ao interagir com o corpo clínico identificou um problema sério que salvou ela e o bebê por conta dessa medição
     
  • Por consequência, a Apple passou a olhar de maneira diferente a funcionalidade de medição da frequência cardíaca, levando à criação de um roadmap estruturado de cuidado com o coração, que culminou na funcionalidade de ECG

Para mim, o grande insight dessa palestra foi relacionado ao processo de integração da cadeia de valor dentro do roadmap de um produto/dispositivo de saúde. A Apple faz questão de garantir que exista uma interface para o paciente e uma para o médico, além de fazer parcerias com outros players da indústria e universidades, buscando inspirações e validações científicas para as funcionalidades que quer desenvolver. Um belo exemplo de Open Innovation.

Como funciona a interface cérebro-máquina?

O painel Hello World: Brain Computer Interface at Scale contou com alguns executivos da saúde que estão à frente de estudos avançados a respeito dos implantes das interfaces cérebro-máquina. 

A empresa Synchron, healthtech que está na sua Série B de investimento, com a missão de criar um implante endovascular que possa transferir informações de todos os cantos do cérebro em grande escala, esteve com o seu CEO, Tom Oxley, e sua VP de R&D, a Riki Banerjee.  

Também estava o Alex Morgan, da Khosla Ventures, investidora da Synchron na sua Série B. Mas também uma curiosidade: é uma das investidoras da OpenAI, criadora do ChatGPT. 

Para fechar o line-up, estava ninguém menos que Max Hodak, CEO da Science. Porém, mais conhecido como o fundador e ex-CEO da Neuralink, empresa adquirida por Elon Musk.

Os principais temas discutidos nessa palestra: 

  • O tema interfaces cérebro-máquina (BCI) é bastante vasto, porém a ideia da Synchron sobre BCI é como se fosse um medical device que estimula o neurônio a realizar uma atividade específica
     
  • O CEO da Synchron explicou que usou seu primeiro mês de residência médica para desenvolver sua tese. Isso foi depois de ele ver uma pessoa tendo um AVC na frente dele e infelizmente morreu, o que o chocou profundamente, a ponto de passar a planejar como conseguiria construir algo que evitasse essa situação
     
  • Alex Morgan, da Khosla Ventures, comentou sobre a realidade que a Inteligência Artificial não é algo de outro mundo. Que hoje, diversos serviços de celular já possuem AI e usamos todo o tempo, desde auto-translation, aplicativos de geolocalização com o Waze
     
  • Conclui seu pensamento dizendo que vê um futuro muito próximo onde as pessoas vão se comunicar com as AIs através de BCIs e, a partir daí, interagir umas com as outras através apenas do poder da mente
     
  • Max Hodak, CEO da Science, trouxe uma visão muito disruptiva sobre poder conectar o nosso cérebro a uma API (Application Computer Interface) que facilite integrar a mente com outros devices através da nuvem
     
  • Também comentou sobre sua linha de estudo na Science, onde ele parte do cenário que as veias do sangue trafegam diferentes sinais que podem falar muito sobre o que está acontecendo no corpo
     
  • O foco da Science está em traduzir esses eletro-códigos no cérebro e nos neurônios para saber exatamente que tipo de comunicação está sendo "conversada" dentro do corpo

Neurociência, neuromarketing, cérebro (Foto: Laurence Dutton via Getty Images)

Quais as tendências de mercado que são observadas na área de saúde?

Após assistir diversas palestras como essas que mencionei acima, resolvi preparar para vocês um bom resumo dos principais tópicos que foram cobertos na trilha de Health & Medtech no SXSW. Estruturei eles como os 6 principais temas que vocês deveriam ficar antenados, sob a minha ótica, dentro do setor da Saúde. São eles: 

1 - O futuro da tecnologia e inovação na saúde 

O futuro da tecnologia em saúde promete ser cada vez mais avançado e transformador. Os dispositivos vestíveis, como os smartwatches, já são uma realidade e ajudam no monitoramento da saúde, coletando informações sobre atividades físicas, batimentos cardíacos, sono, entre outros dados. 

Já a inteligência artificial (IA), com o auxílio da nova tendência sobre “IA GENERATIVA”, passará a ser uma aliada em diagnósticos mais precisos e eficientes, além de auxiliar em tratamentos personalizados e tomada de decisões médicas. A realidade virtual (VR), incluindo a aplicabilidade do Metaverso, já é uma outra ferramenta que pode ser usada na área de saúde, por exemplo, para tratar fobias ou para simular situações de emergência em treinamentos para profissionais da saúde. Com a evolução contínua dessas tecnologias, o futuro da saúde será promissor e com grandes possibilidades de inovação no curto prazo.

2 - Saúde mental e bem-estar  

A saúde mental e o bem-estar são áreas cada vez mais importantes na saúde e no SXSW 2023 não foi diferente. As práticas de meditação, journaling e uso de substâncias psicodélicas estão se tornando cada vez mais comuns como formas de melhorar a saúde mental e o bem-estar emocional. A meditação e o journaling são ferramentas poderosas que podem ajudar a reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão. Os psicodélicos, como a psilocibina, estão sendo estudados por seus efeitos no tratamento da depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Essas terapias alternativas estão ajudando as pessoas a se conectarem consigo mesmas e com o mundo ao seu redor, melhorando sua qualidade de vida e promovendo a saúde mental e o bem-estar emocional.

Médico analisando radiologia (foto: Getty)

3 - Equidade e acesso à saúde 

Discussões sobre Equidade e Acesso à Saúde estiveram no palco do SXSW 23, discutindo sobre formas de garantir que todas as pessoas possam ter acesso igualitário aos serviços de saúde de qualidade. Isso inclui a acessibilidade geográfica, financeira e cultural. As discussões também tocaram em outros problemas relacionados à Acesso que são chamados de Desertos de Saúde, que são áreas onde não há serviços de saúde apropriados à população.

A crise global da saúde, especialmente agravada pela pandemia da Covid-19, evidenciou ainda mais a necessidade de abordar essas questões para garantir que todas as pessoas tenham acesso a serviços de saúde adequados, independentemente de onde vivem ou de sua condição socioeconômica.

4 - Saúde reprodutiva  

A saúde reprodutiva refere-se ao bem-estar físico, mental e social relacionado ao sistema reprodutivo. Isso inclui questões como contracepção, gravidez saudável, parto seguro, prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, entre outros. O desenvolvimento de tecnologias inovadoras no campo da saúde reprodutiva, como femtechs, tem ajudado a tornar a saúde reprodutiva mais acessível e conveniente. 

Além disso, a questão do acesso aos cuidados de saúde reprodutiva é um tema importante no cenário político, especialmente no contexto da Lei Roe v. Wade nos Estados Unidos e suas implicações em todo o mundo. A saúde reprodutiva é fundamental para a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres, e a promoção da saúde reprodutiva é uma necessidade fundamental para garantir a saúde e o bem-estar das pessoas. 

5 - Envelhecimento saudável da população 

O envelhecimento populacional é uma realidade em diversos países do mundo, e isso vem demandando uma mudança de perspectiva sobre a terceira idade. A ideia de que os idosos são incapazes, doentes e dependentes tem sido desafiada por um novo conceito de envelhecimento saudável, que visa promover a qualidade de vida e autonomia dos idosos. 

O envelhecimento saudável inclui a adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, relacionamentos sociais positivos e mentalidade positiva. Também é importante repensar a forma como os idosos são tratados pela sociedade e garantir que eles tenham acesso a serviços e produtos que atendam às suas necessidades específicas, como locais de moradia adaptados e transporte acessível. 

A ideia de envelhecimento saudável também tem impactos econômicos e sociais significativos, pois a população idosa pode ser uma fonte valiosa de experiência e conhecimento. O mercado de trabalho pode se beneficiar da contratação de pessoas mais velhas, que podem trazer novas perspectivas e habilidades para as empresas. Além disso, políticas públicas que promovam o envelhecimento saudável podem reduzir os custos com saúde e aumentar a participação dos idosos na vida social e cultural da comunidade.

viver para sempre

6 - As casas serão hubs de saúde no futuro 

Devido à pandemia, nossas casas se tornaram centros críticos de cuidados com a saúde. Com o aumento do uso da telemedicina e dos testes domiciliares, houve uma mudança na mentalidade dos consumidores em relação ao cuidado com a saúde. 

  • Hospitais e planos de saúde começaram a fornecer mais cuidados para onde as pessoas vivem, trabalham, se divertem, rezam e aprendem. Mas como as empresas farmacêuticas e de tecnologia médica podem ganhar permissão dos pacientes para se tornarem parte de seus ecossistemas pessoais de saúde? O que será necessário para reforçar a relevância dessas empresas aos olhos dos pacientes?

Para desenvolver relacionamentos com pacientes como pessoas, será preciso abordar questões fundamentais, como confiança, privacidade, alfabetização em saúde e colaboração comunitária. Essas são as questões que serão discutidas por um grupo de inovadores. A conversa pragmática terá como objetivo mostrar como as empresas de ciências da vida podem se adaptar a essa nova realidade, fornecendo cuidados de saúde personalizados e integrados, sem comprometer a confiança dos pacientes em relação aos seus produtos e serviços.

Bom, pessoal, encerro por aqui esse meu primeiro artigo sobre Saúde. Espero, de coração, que eu tenha conseguido trazer um pouco da turbulência de temas e visões relacionadas à Saúde que o evento do SXSW proporcionou para os seus participantes.
 
Voltarei muito em breve com mais um assunto “quente” para iniciarmos essa série longa de temas na área da saúde aqui junto com a StartSe. Um abraço! 

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, CEO da Pina Innovation e Co-Founder do Hackmed

Bruno Pina é co-fundador do Hackmed, startup-ecossistema da área da saúde que fomenta o empreendedorismo e investimento com estudantes, profissionais e empresas da área da saúde, apoiada pela Fundação Lemann e pelo Hospital das Clínicas. (Conheça mais em www.hackmed.com.br)

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