O caso pode se tornar um marco regulatório sobre o uso de IA e direitos autorais no país
O ChatGPT no banco dos réus
, redator(a) da StartSe
9 min
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26 ago 2025
•
Atualizado: 26 ago 2025
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A disputa judicial entre a Folha de S.Paulo e a OpenAI não é apenas mais um caso de direitos autorais: é um choque direto entre o modelo tradicional de produção jornalística e a lógica das big techs que expandem suas inteligências artificiais a partir de dados disponíveis online.
Pela primeira vez no Brasil, um grande veículo de mídia coloca no banco dos réus a criadora do ChatGPT, acusando-a de usar seu conteúdo sem autorização e sem remuneração.
O processo traz provas técnicas, capturas de tela, registros em atas notariais e exemplos práticos de como o ChatGPT reproduz e resume reportagens do jornal, inclusive driblando o paywall que sustenta financeiramente o modelo de negócios da empresa.
A seguir, detalhamos os pontos centrais dessa batalha para você ficar por dentro de um dos assuntos que pode redefinir o escopo de atuação de uma das principais ferramentas de Inteligência Artificial daqui em diante.
A Folha sustenta que a OpenAI:
Segundo a ação, trata-se de uma estratégia típica das big techs: crescer exponencialmente sua audiência com base em conteúdos de terceiros, para depois consolidar um monopólio de atenção e explorar esse ativo comercialmente.
A peça processual é rica em provas técnicas e visuais. Entre elas:
Esses exemplos foram capturados em imagens anexadas à petição, evidenciando que o chatbot atua como um “atalho” que dispensa o acesso ao site da Folha.
Os pedidos do jornal são amplos e contundentes:
O juiz analisou o pedido de tutela antecipada. A decisão foi parcial:
Em outras palavras: a Justiça optou por uma postura cautelosa, garantindo a coleta de provas antes de qualquer medida de impacto irreversível.
O processo entra em fase de contestação da OpenAI, que deverá apresentar sua defesa técnica e jurídica. É esperado que a empresa levante argumentos de:
Depois, virão a instrução probatória e eventuais perícias técnicas para confirmar se, de fato, os conteúdos da Folha foram usados no treinamento. Caso o pedido de destruição dos modelos prospere, o impacto seria mundial — dado que a OpenAI opera globalmente.
No horizonte, o caso pode se tornar um marco regulatório: se a Justiça brasileira reconhecer o uso indevido, será um precedente para que outros veículos de imprensa — e até criadores de conteúdo individuais — cobrem compensações financeiras das big techs que utilizam dados para treinar inteligências artificiais.
Esse processo não é só jurídico: é estratégico. Ele questiona se o futuro da IA pode se sustentar sem remunerar quem produz informação original. Para líderes empresariais, é um alerta: a regulação da IA será construída em tribunais, e pode remodelar todo o mercado digital.
O assunto é INEVITÁVEL. E certamente estará presente nas discussões do AI Festival, que a StartSe promove em São Paulo, nos dias 15 e 16 de outubro.
Vamos acompanhar de perto o caso e seguir trazendo análises e novidades.
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redator(a) da Startse
Jornalista e Copywriter. Escreve sobre negócios, tendências de mercado e tecnologia na StartSe.
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