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Fim da área de diversidade? Entenda o impacto no negócio

Demissões nas áreas de inclusão podem gerar efeitos negativos para empresas e reduzir oportunidades de negócio

Fim da área de diversidade? Entenda o impacto no negócio

Foto: Getty Images

, Jornalista

8 min

3 abr 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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A área de Diversidade e Inclusão das empresas viveu um boom nos últimos anos - atualmente, 96% das companhias realizam campanhas para fomentar programas de D&I, segundo estudo da Blend Edu, startup especializada no tema. 

Agora, com a onda de demissões em massa e cortes de custos nas empresas, o impacto recai sobre a área. Nos Estados Unidos, o número de empresas nas quais os funcionários relataram ter acesso a programas de diversidade caiu para 41% em 2022 após dois anos de ganhos, diz o site de avaliação de empregadores Glassdoor. 

Mas esse movimento, com foco apenas em ganhos financeiros imediatos, pode trazer impacto negativo agora e no futuro. Ou seja, o que pode parecer uma ação pontual para garantir a sobrevivência de uma marca pode acabar significando o fim dela.

O impacto da área de diversidade

Escritório com cadeiras vazias e pessoa andando (foto: Unsplash(


No Brasil, temos casos emblemáticos de empresas que tiveram impactos negativos por não estarem preparadas para lidar com o tema. O Nubank, por exemplo, se posicionou de forma equivocada em relação aos talentos diversos em 2020 e acabou tendo que criar um grande projeto interno para reverter a situação. Já a Magazine Luiza desenvolveu um programa de trainee exclusivo para pessoas negras, abrindo discussões sobre “racismo reverso” nas redes sociais. 

No cenário atual, as empresas parecem concentrar os cortes de vagas justamente nessas posições.

  • No Twitter, a equipe de diversidade, equidade e inclusão encolheu de 30 para apenas duas pessoas, disse um ex-funcionário.
  • Em maio de 2022, a Netflix dispensou 150 funcionários, 26,6% dos quais foram identificados como profissionais com antecedentes sub-representados.
  • Uma análise da Revelio Labs revelou que as empresas cortam cargos de diversidade, igualdade e inclusão com mais rapidez do que outros; isso começou em 2021 e continuou a acelerar durante os layoffs de 2022.

De onde vem o desequilíbrio?

Diversidade e inclusão no ambiente de trabalho (Foto: Pexels)

A área de diversidade e inclusão cresceu com a força do movimento ESG nas empresas. Para Andreza Maia, palestrante, Linkedin Top Voices e especialista com foco em diversidade e inclusão, as empresas começaram a olhar apenas para a letra S da sigla. E quando o foco está em uma letra, o ecossistema fica desequilibrado.

Por quê? Falta governança. 

“Quando não se tem governança, não se tem investimento. E sem isso, uma área não se sustenta. As empresas precisam olhar para a área de diversidade como uma área, de fato. Porque quando se tem área, se tem meta. E quando se tem meta, tem um cheque sendo assinado por trás. Aí a gente consegue fazer diferença. Do contrário, de fato, as áreas vão ser extintas”, analisa Andreza. 

O que é o G do ESG?

A Governança deve ser base para as empresas, unindo estratégia, propósito e transparência, garantindo viabilidade a longo prazo. Dessa forma, é possível assegurar que qualquer ação da empresa esteja alinhada com os objetivos do negócio. 

A governança deve ser uma guia na tomada de decisão de todas as lideranças, apoiando a criação de valor, fazendo com que a companhia execute com transparência todas as ações, avaliando também os aspectos ambientais e governamentais praticados. 

A diferença entre Área de diversidade e Grupos de afinidade

Andreza reforça ainda a necessidade de diferenciar a área de diversidade (enquanto área, com orçamento e metas específicas), dos grupos de afinidade que se formam na empresa. Eles são fundamentais para alimentar o senso de pertencimento e criar um ambiente acolhedor, mas não podem se tornar a única frente de ação.  

  • Os grupos de afinidade são iniciativas para criar diálogos entre pessoas ainda pouco representadas nas empresas, para o fortalecimento e criação de senso de pertencimento. Muitas pautas oriundas dos grupos podem guiar as ações de diversidade e inclusão.
  • A área de Diversidade e Inclusão traz um olhar mais holístico, pensando a experiência do colaborador desde o início do processo seletivo, garantindo diversidade e práticas inclusivas. 

“Quando você está em um momento de escassez, você vai querer eliminar aquilo que te dá maior custo. E se você tem pessoas fazendo o trabalho duplicado para participar dos grupos de afinidade, de certa forma são essas pessoas que você vai querer cortar”, avalia a especialista.

Grupo tendo uma reunião (Foto: miniseries via Getty ImagesO

Os problemas dos cortes na área de diversidade

Andreza elenca duas principais perdas ao negócio quando se trata de fim da diversidade nas empresas: 

Marca empregadora

“Com a extinção de todos esses processos de diversidade, a gente volta a um cenário pior. E por que eu digo pior? Porque as pessoas diversas que vão se manter já têm um conhecimento do que é diversidade, e elas vão sofrer com essa falta. Então você vai perder um time engajado, ter pessoas adoecendo por burnout, que não conseguem se manter por falta de senso de pertencimento e, principalmente, que não querem estar naquele ambiente com pessoas tão diferente delas.

Entrega do produto

“Além disso, você tem um retrocesso nas suas entregas. Então [também] nos produtos que você cria, que desenvolve, no que você apresenta. Apesar de você já ter uma mentalidade inclusiva, em algum ponto, não vai criar um produto que atenda todo mundo. E isso vai ser um problema, porque a qualidade do seu produto vai cair.”

Como não perder oportunidades

Manter apenas pessoas parecidas tomando decisões torna o negócio pouco inovador e dinâmico. A empresa, neste caso, está perdendo oportunidades. “Pessoas de grupos sub-representados em cargos de liderança muitas vezes tiveram experiências extraordinárias em suas vidas, pois trabalharam duro para superar barreiras. As empresas podem se beneficiar das diferentes perspectivas que trazem”, explica Alexandra Kalev, pesquisadora do tema, em entrevista ao Deutsche Bank

Mas é preciso envolvimento e investimento da liderança, incluindo esforços de diversidade, igualdade e inclusão em todos os estágios do ciclo dos funcionários. Ou seja: na hora da demissão, é fundamental entender quais grupos são mais prejudicados e o porquê. 

Senão, as empresas vão pagar com um retrocesso que já não é mais aceito nem pelas demandas de ESG, nem por investidores e menos ainda pelo público. E ficar para trás nessa agenda atual é o mesmo que ficar no passado para o mercado e para os investimentos.

 

Leitura recomendada 

Construir uma cultura pautada em diversidade e sustentabilidade do negócio pode ser um desafio, mas precisa ser encarado o quanto antes. Afinal, o ESG se tornou modalidade competitiva para quem quer crescer e se diferenciar, mas logo menos vai ser questão obrigatória. Que tal se adiantar? Confira aqui o xESG e saiba como a StartSe e a Nova estão abordando o tema!

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Imagem de perfil do redator

Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.

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