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Como a Estônia se tornou uma sociedade digital e um ecossistema de inovação?

É possível abrir empresas em apenas 15 minutos no país -- e online! Entenda como funciona a identidade digital na Estônia e como o país está se tornando um grande ecossistema de inovação

Como a Estônia se tornou uma sociedade digital e um ecossistema de inovação?

Foto: Eloi_Omella/Getty Images

, jornalista da StartSe

7 min

6 mar 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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A Estônia possui o primeiro lugar no ranking de serviços públicos digitais na União Europeia, segundo o Digital Economy and Society Index 2022 da União Europeia. O país criou uma identidade digital na qual todos os cidadãos podem realizar serviços públicos online e têm seus dados protegidos pela blockchain.

Por isso, abrir uma empresa no país pode levar apenas 15 minutos – e tudo é feito pela internet. A digitalização tem transformado o local e incentivado a inovação, seja criada internamente ou por estrangeiros (já que há vistos para Startups e ScaleUps se desenvolverem no país, por exemplo).

Mas como é viver em uma sociedade digital? Como a Estônia – que só se tornou independente da União Soviética em 1991 – virou o jogo e está se destacando como um grande ecossistema de inovação?

Quem nos responde essas perguntas são estonianas. Nós entrevistamos Annika Järs, gerente de relações exteriores e visto para startups no órgão governamental Startup Estônia, e Liisi Org, CEO do Latitude59, o maior evento de inovação do país (que acontece anualmente em maio e você pode participar junto com a StartSe!).

Confira a entrevista:

 

StartSe: Como a Estônia se tornou uma sociedade digital?

Annika Järs: Tudo começou há cerca de 30 anos, quando a Estônia conquistou sua independência em 1991. Então, o digital e tudo relacionado a internet foi algo que a Estônia poderia começar do mesmo nível que os outros países, porque era o momento em que estava sendo desenvolvido. Em todo o restante, a Estônia ficou para trás por ter sido parte da União Soviética. Então o país realmente quis focar nisso.

Liisi Org: Nós temos esse "digital everything" e porque somos um país pequeno nós pudemos fazer isso. E talvez tudo começou a escalar quando o Skype foi fundado na Estônia e tudo pareceu muito mais possível dali para frente.

Foto: Eyestetix Studio/Unsplash

O que é possível fazer 100% online na Estônia?

Liisi Org: Nós podemos registrar nossos impostos em, tipo, 12 segundos ou quase isso. É muito fácil. Nós também votamos online, vemos nosso histórico de saúde online, e abrir uma empresa leva aproximadamente 15 minutos. Se você precisa de um histórico ou algo do tipo, nós temos esse número, essa identidade digital, onde basicamente é só inserir seus dados e você verá tudo lá. É muito fácil.

Annika: Sim. E tudo é, basicamente, protegido pela blockchain. E o governo estoniano possui essa regra de que ele irá te fazer perguntas apenas uma vez. Então, por exemplo, se você está compartilhando seu endereço, você tem apenas que escrevê-lo uma vez e será compartilhado com todo mundo que precise. Eles já terão essa informação, então eles nunca irão te perguntar a mesma questão duas vezes. É bem eficiente nesse sentido.

Como a Estônia protege os dados dos cidadãos?

Annika: O governo entendeu que a blockchain é importante, que a proteção dos nossos dados é importante. Então o que é legal sobre a Estônia é que cada cidadão pode ver quem já teve acesso aos seus dados. 

Por exemplo, em outros países… Eu costumava viver na Itália e sabe, quando você vai ao médico, há anotações feitas em um papel. Mas como cidadão, você não tem ideia quem tem acesso a isso porque não é seguro quando está no papel. Todo mundo, tipo, alguém pode ter acesso. Então, na Estônia, eu volto ao registros e vejo quem teve acesso aos meus dados, quando isso aconteceu… E se há algo suspeito, eu posso sempre pedir ao governo para revisar isso. Então é bem seguro nesse sentido.

Liisi: Sim, a cibersegurança é uma das prioridades do nosso país. Mas quando você pergunta como a Estônia chegou nisso, eu acho que foi quando a identidade digital veio e o governo estava: "ok, estonianos. Agora nós iremos usá-lo. Isso fará nossa vida mais fácil". E nós pudemos ver isso e agora todos estamos usando. Nós não conseguimos imaginar nossa vida sem isso.


Há vistos especiais para empreendedores?

Annika: Então, o visto para startups não é apenas para contratar talentos de fora da União Europeia e acessar startups estonianas… É também para fundadores de fora da União Europeia que querem ser parte do ecossistema de startups estoniano. É um dos mais fáceis e simples visto para startups que existem no mundo. Leva apenas dez dias para receber a validação e, após isso, eles podem se inscrever para um visto de permissão para residência.

A condição é que eles devem estar em uma startup, e deve ser uma startup, então, baseada em tecnologia, que seja inovadora e escalável e que tenha pelo menos um MVP. E, neste ano, nós também lançamos uma opção de visto para Scale Ups. Então, nós temos o ciclo completo coberto, então, uma vez que essas startups crescem e se tornam Scale Ups, elas podem continuar contratando talentos e permanecer na Estônia.

O que os brasileiros podem aprender com a Estônia?

Annika: O que é muito legal na Estônia é que o ecossistema é muito próximo. As pessoas ficam realmente felizes em dividir conhecimento e aprender uns com os outros e repassar bons conselhos. Então é realmente um ecossistema legal para crescer.

Liisi: Há ainda um ditado na Estônia que diz "se eu não tiver o número do presidente, um amigo meu vai ter". Então, por exemplo, no Latitude nós sempre recebemos o presidente, mas da última vez nós tivemos três presidentes, assim como nos anteriores.

Como funciona o evento Latitude59?

Liisi: Latitude é… Vamos falar da origem do nome. Primeiro, 59 é a latitude da Estônia e ela tem sido a principal conferência da Estônia desde 2012. Então esse é o nosso 11º ano e o evento tem crescido junto ao ecossistema de startups. Eu acho que tivemos 500 participantes no início, em 2012, e agora temos mais de 3 mil pessoas. E ele é o ponto de encontro entre os investidores e as startups da nossa região.

No ano passado nós tivemos pessoas de 58 países, se eu não estiver enganada… Tivemos 167 palestrantes, e metade deles eram pessoas que vieram de outros lugares. Então, 50% das pessoas que vêm ao Latitude59 são do exterior, o que torna ainda mais legal e muito internacional.

Annika: E o Startup Estônia também está fazendo um encontro super legal com fundadores globais. Provavelmente será um dia antes do Latitude começar... Faremos algo super legal. Os eventos paralelos são uma parte importante das conferências de tecnologia porque são onde os grupos menores podem se encontrar. Nós temos 30 encontros, eventos paralelos acontecendo, então a semana está bombando com muitos eventos e pessoas e isso é muito animador para nós, porque neste ano, Tallinn (capital da Estônia) é também a "capital verde" da Europa, então várias atividades ao ar livre estão acontecendo em toda Tallinn também.

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Confira a entrevista em vídeo:

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Imagem de perfil do redator

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.

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