Ao anunciar o primeiro programa educacional nacional do mundo alimentado por IA, o país abre caminho para uma revolução pedagógica. Mas, também levanta a pergunta que ninguém quer encarar: dá para confiar a formação inteira de uma geração a uma inteligência artificial?
Elon Musk (Fonte: Getty Images)
, redator(a) da StartSe
6 min
•
11 dez 2025
•
Atualizado: 11 dez 2025
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Em 11 de dezembro de 2025, a xAI, empresa de inteligência artificial de Elon Musk, e o governo de El Salvador anunciaram algo sem precedentes:
um programa nacional de educação totalmente baseado em IA — o primeiro do mundo.
Não é piloto, não é teste, não é regional.
É nacional.
É um passo gigante para um país que, nos últimos anos, se tornou laboratório vivo de tecnologias emergentes — de Bitcoin como moeda legal ao uso pioneiro dos chips B300 da NVIDIA, adquiridos em novembro.
El Salvador está, literalmente, redesenhando seu sistema educacional com algoritmos.
Mas aí surge a pergunta inevitável: estamos prontos para que uma IA eduque uma geração inteira?
Essa guinada não veio do nada.
Desde janeiro de 2025, El Salvador construiu blocos fundamentais que agora servem de base para o programa da xAI:
ARK Educate (IA e Robótica) – lançou 19 mil estudantes do ensino médio na trilha de tecnologia.
CUBO AI – programa universitário com palestrantes como Cathie Wood, da ARK Invest.
ANIA (Agência Nacional de Inteligência Artificial) – criada em junho para coordenar pesquisa, investimento, educação e soberania de dados.
A ANIA, inclusive, já desenvolve um Tutor de IA soberano, previsto para chegar às escolas públicas em 2026. A tecnologia da xAI, portanto, chega para turbinar um framework que já existe — acelerando o salto.
Mas isso também traz outro dilema:
até que ponto soberania digital e dependência tecnológica caminham juntas?
A parceria é apenas mais um capítulo da aproximação entre o presidente Nayib Bukele e figuras centrais do Vale do Silício.
Em 2024, Bukele visitou Musk na Gigafactory da Tesla para conversas nada discretas sobre:
o futuro da humanidade,
a natureza da realidade,
IA e robótica como forças civilizatórias.
O presidente também dialogou com Marc Andreessen e Ben Horowitz, da a16z, sobre como transformar a América Central em um polo tecnológico.
E não é só educação:
em dezembro de 2025, El Salvador expandiu o DoctorSV, plataforma de consultas médicas gratuitas assistidas por IA, para toda a população — uma espécie de SUS digital turboalimentado.
Como disse Stacy Herbert, do Escritório Bitcoin:
“Enquanto o mundo debate regulação, El Salvador implementa IA para máximo impacto.”
O que está acontecendo em El Salvador diz muito sobre o mundo de 2025:
IA está deixando de ser ferramenta — está virando infraestrutura nacional.
Pequenos países podem inovar mais rápido que grandes democracias reguladas.
Empresas como a xAI querem provar que seus modelos podem ir além do entretenimento, tornando-se sistemas educacionais completos.
Mas aí vem a provocação central:
Quem garante:
neutralidade?
transparência dos dados?
diversidade cultural?
pensamento crítico?
E, mais importante: quem educa a IA que educará as crianças?
El Salvador parece decidido a descobrir.
A xAI quer provar que pode ser mais que concorrente da OpenAI. E o mundo observa.
Se der certo, o país poderá virar o modelo de educação do futuro — personalizado, acessível, escalável.
Se der errado, pode se tornar o experimento pedagógico mais arriscado da história moderna.
A pergunta permanece ecoando: dá para confiar a educação de uma geração inteira a uma inteligência artificial?
A resposta, por enquanto, está sendo escrita em tempo real e em código.
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redator(a) da Startse
Jornalista e Copywriter. Escreve sobre negócios, tendências de mercado e tecnologia na StartSe.
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