“Não vamos mais usar o dólar em nossos negócios com a China”, diz Caito Maia, CEO da Chilli Beans
Imagem: Divulgação
, redator(a) da StartSe
15 min
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24 set 2025
•
Atualizado: 25 set 2025
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Já reparou que o dólar não é mais a única moeda que manda no comércio global?
Incentivada pelo Governo brasileiro, a desdolarização já é realidade em algumas empresas brasileiras. Um exemplo é a Chilli Beans, que passou a pagar fornecedores diretamente em renminbi (yuan).
O movimento ganhou força em 2025 com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que escalou com novas tarifas impostas pelos EUA a produtos chineses e brasileiros.
Nesse cenário, empresas como a Chilli Beans enxergaram a oportunidade de cortar custos, reduzir a volatilidade cambial e fortalecer suas relações diretas com o mercado asiático.
Segundo o fundador e CEO Caito Maia (foto), a mudança não é pontual: o plano é abandonar de vez o dólar como intermediário e realizar todas as operações diretamente com a China. E ele não está sozinho.
Nota da Redação:
Após a publicação desta matéria, a assessoria de imprensa de Caito Maia entrou em contato com a Redação da StartSe para reafirmar seu posicionamento, que está reproduzido na íntegra abaixo:
"Conforme já compartilhei nas minhas redes sociais, essa foi uma decisão absolutamente comercial. Nós identificamos uma oportunidade de reduzir custos de importação e, consequentemente, evitar que produtos chegassem mais caros ao consumidor. Se não tivéssemos tomado essa decisão, haveria impacto direto na margem e na inflação dos nossos preços.
Quero reforçar que não se trata de uma questão política, mas sim de gestão de negócio. Olhamos para aquilo que está no nosso controle (custo, logística e operação), e encontramos um caminho que faz sentido para a Chilli Beans", disse Caito, por nota.
A China já investiu mais de US$2,2 bilhões no Brasil só em 2025. O Brasil firmou acordos para negociar em real e yuan sem depender do dólar.
O BRICS avança na criação de um sistema alternativo de pagamentos para reduzir a influência do dólar no comércio global.
Tudo isso aponta para uma realidade clara: entender e negociar com a China não é mais uma opção, é uma vantagem competitiva.
Nos últimos dois anos, o uso do yuan (renminbi, RMB) nas transações entre Brasil e China saiu do campo das intenções para ganhar tração prática: acordos entre bancos centrais, linhas de swap, avanços em infraestrutura de pagamentos e iniciativas privadas vêm reduzindo o papel exclusivo do dólar nas cadeias de comércio bilaterais.
O movimento faz parte de uma tendência global de desdolarização associada ao fortalecimento político e econômico do bloco BRICS, e que traz oportunidades e riscos diretos para empresas brasileiras que exportam e importam com a China.
Em maio deste ano, o Banco Central do Brasil anunciou a assinatura de um swap cambial com o Banco Popular da China, com teto de R$157 bilhões: uma ferramenta que facilita liquidez em moeda local e reduz a necessidade de intermediação em dólares.
É um sinal institucional claro de que as autoridades estão abrindo espaço para pagamentos diretos fora do dólar.
Paralelamente, dados de provedores internacionais de pagamentos mostram que, embora o RMB ainda seja uma fatia pequena do mercado global de pagamentos, sua presença tem subido nos últimos anos, com a China ampliando canais como o CIPS (sistema alternativo ao SWIFT), incentivando bancos estrangeiros a se conectar e promovendo liquidações em RMB.
Ao mesmo tempo, estatísticas oficiais chinesas e relatórios de instituições financeiras apontam crescimento expressivo do uso do yuan em trade finance e em operações regionais.
As motivações são variadas e combinam fatores econômicos, estratégicos e geopolíticos:
Em comparação com o dólar, que é uma moeda consolidada e mais usada em todo o mundo, o yuan ainda pode ficar para trás.
Mas com as eventuais sanções e medidas financeiras vindas dos EUA, somados aos custos de conversão para países não dolarizados, o yuan se mostra uma opção interessante.
Há 15 anos a China é o maior parceiro comercial do Brasil, seguido pelos EUA.
No agro, por exemplo, 70% das 100 milhões de toneladas de soja importadas pela China em 2024 vieram do Brasil.
No 1º semestre de 2025, a venda de terras raras para a China triplicou: aproximadamente US$6,7 milhões em minerais que serão utilizados na indústria tecnológica, como smartphones e aviões. E a tendência é aumentar.
Os impactos do estreitamento da relação comercial entre os dois países:
A maior internacionalização do yuan e a acomodação institucional entre os dois países aumentam as opções para empresas brasileiras reduzirem custos e diversificarem riscos em suas negociações com a China.
Ao mesmo tempo, a transição traz desafios, que vão desde infraestrutura financeira até riscos geopolíticos e operacionais.
Para exportadores e importadores, a estratégia mais realista hoje é híbrida: aproveitar instrumentos em RMB quando houver vantagem comprovada.
De forma prática, essa é a recomendação de especialistas para quem deseja se preparar para negociar com a China:
A China já se consolidou como o principal parceiro comercial do Brasil, responsável por grande parte das exportações do país.
Com as novas políticas econômicas, o Brasil está abrindo cada vez mais mercados, investimentos e oportunidades aos produtos chineses no país.
Essa relação entre os dois países promete gerar bons frutos, e para garantir competitividade e relevância no mercado, é preciso se adaptar.
A StartSe percebeu esses sinais e criou a Imersão China: uma imersão de 5 dias nos principais ecossistemas chineses da atualidade.
Os principais sócios da StartSe e mais um grupo seleto de 30 empresários e executivos visitarão empresas de tecnologia, conversarão com especialistas em varejo, carros autônomos, IA e robótica e negócios.
Entenderão como a China une governo, mercado e academia para alcançar modelos inéditos de inovação, como alcançam escala e velocidade através dos 5 princípios chineses de negócio: pragmatismo, foco em resultado, adaptação, colaboração e visão de longo prazo.
Ou como os chineses já incorporaram o chamado Ambiente de Teste em Larga Escala: onde eles testam soluções rapidamente, ajustando-as em tempo real.
E, ainda, a Cultura do Fazer Acontecer: com experimentação contínua, aceitação do erro como aprendizado e execução rápida são práticas comuns.
Esses são apenas alguns dos aprendizados valiosos proporcionados por essa imersão. Além do networking estratégico e das oportunidades de negócios com investidores e empresas chinesas.
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Copywriter que escreve sobre negócios, tendências e tecnologia na StartSe
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