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Como startups adotaram semana de trabalho de 4 dias

Ganhos em produtividade, satisfação de equipes e atração de talentos: empresas falam sobre suas jornadas abreviadas

Como startups adotaram semana de trabalho de 4 dias

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Com mais empresas globais adotando a semana de 4 dias, startups brasileiras começam a implementar o novo modelo de trabalho e ver os resultados, como o aumento na produtividade de equipes, melhora na qualidade de vida dos colaboradores e atração de talentos com um ambiente de trabalho mais sustentável.

Assim como a possibilidade de operar de forma remota, ter uma folga a mais na semana começa a despontar como um desejo na lista dos brasileiros quando buscam uma nova oportunidade. Uma pesquisa feita ontem (4) a pedido do Startups pelo perfil Festa da Firma, que discute temas relacionados ao mundo do trabalho no Instagram, teve respostas de 35 mil seguidores, com 84% afirmando que a oferta de uma semana de trabalho mais curta seria um fator determinante na escolha de seu empregador.

O Startups também fez uma consulta com a audiência sobre o tema. A enquete com 282 respondentes no fechamento desta reportagem, mostra que 32% também veem o modelo como crucial para sua escolha de empregador. Por outro lado, 58% afirmaram que o day off adicional poderia ser um fator importante na decisão de onde trabalhar, mas a escolha final depende de mais fatores.

O modelo de semana de 4 dias por semana ganhou força global em 2018, depois da implementação bem-sucedida do modelo por Andrew Barnes, na época CEO da seguradora neozelandesa Perpetual Guardian e hoje guru e consultor no assunto. No Brasil, a primeira startup a testar o formato foi a empresa de produtos para pets Zee Dog, há dois anos. Depois de pesquisar exemplos de empresa na Nova Zelândia, Austrália e Japão, a startup instituiu seu dia de folga oficial às quartas-feiras.

A EXPERIÊNCIA DA PRECURSORA

Segundo Thadeu Diz, fundador e diretor criativo da Zee Dog, o fato de que a semana reduzida foi lançada logo após a pandemia, que também ocasionou a mudança para o home office permanente, trouxe a necessidade de ajustes, e o dia de folga não é mais semanal. “Como estávamos diante de um cenário de incertezas em todos os âmbitos nacionais e globais, tivemos que suspender temporariamente. Retomamos em 2021, em fevereiro, com os funcionários já adaptados ao home office e passando a funcionar uma semana sim, uma semana não”, diz o empreendedor, em entrevista ao Startups.

“O desafio foi maior no início da pandemia, que mesmo que já fossemos aderentes ao home office, tivemos que reorganizar a equipe e suspender a semana reduzida temporariamente. Mas com a operação já redonda, fizemos questão de retomar o modelo”, acrescenta.

Desde a introdução do modelo, a Zee Dog conseguiu verificar diversos benefícios na performance das equipes. “Houve um ganho muito grande na produtividade, mais objetividade em reuniões e melhora na autogestão. Alguns colaboradores também passaram a administrar melhor as prioridades e foco nas demandas e um comprometimento maior,” ressalta Thadeu.

No entanto, o empreendedor argumenta que produtividade não é tudo quando o assunto é a semana de trabalho de 4 dias, apesar de resultados serem importantes. “De repente, podemos perceber que o retorno sobre o investimento foi simplesmente em bem-estar e tudo bem. Para os funcionários, é importante terem uma quarta-feira para passar mais tempo com os filhos ou desenvolver um novo hobby, e isso é ótimo”, destaca.

O processo de adaptação das equipes ao modelo foi tranquilo, segundo Thadeu, que confessa nem sempre seguir o modelo. “Mas buscamos garantir que toda a equipe cumpra esse dia off”, pontua, acrescentando que, com a exceção de casos mais urgentes, os times procuram não agendar reuniões e compromissos às quartas-feiras. A empresa continua seguindo este modelo, mesmo depois da aquisição pela Petz, em agosto de 2021.

EXPERIMENTO SOCIAL

A martech Winnin, que mapeia dados de consumo online de vídeo, é outra startup que implementou o modelo, e apesar de o experimento ter começado há apenas seis meses, os resultados já começaram a aparecer. Destaques de uma pesquisa de clima feita com os 90 colaboradores da empresa com sede no Rio de Janeiro sugerem um aumento de 41,9% na atenção à saúde mental e física, lazer, amigos e família desde a implementação do day off às sextas-feiras. O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional também aumentou, bem como o sentimento de propósito, pertencimento e orgulho em relação à empresa, ambos em 17,3%.

A adoção da semana de trabalho de 4 dias é parte de uma busca por abordagens que pudessem incrementar a estratégia de negócios e cultura corporativa centrada em pessoas da empresa, diz Gian Martinez, CEO e co-fundador da Winnin: “Acredito que a coisa mais importante a fazer para um gestor é criar um ambiente em que se tem os melhores talentos e que eles estejam felizes com seu trabalho. A consequência disso é nossa habilidade de criar produtos incríveis, que atraem clientes incríveis, o que significa que vamos ganhar mais dinheiro e reinvestir em gente.”

Quando o assunto é melhores práticas na implementação da semana de 4 dias, Gian elenca o gerenciamento de expectativas como o ponto mais importante. “Nenhum de nós sabia se daria certo, mas queríamos testar, então primeiro comunicamos para toda a empresa o que queríamos fazer, por que e como, além de materiais de estudo com casos de sucesso. Dissemos: ‘gente, isso aqui vai ser um experimento social”, diz o fundador da martech, que combinou com os funcionários um piloto de um mês. Com o sucesso da iniciativa, o modelo foi adotado permanentemente.

Antes mesmo de começar, Gian diz que o teste foi precedido de um período de preparação. “Cortamos reuniões que não eram necessárias, reduzimos o tempo dessas reuniões, e outras formas de tornar o trabalho mais eficiente, e reforçamos esta cultura de work smart além de definir os KPIs [indicadores-chave de performance] que iríamos medir no experimento”, aponta. A empresa também estabeleceu que haveria uma flexibilidade para que times se ajustassem no caso de demandas diferentes, como em vendas, onde colaboradores podem precisar encontrar com clientes às sextas-feiras. Neste caso, os funcionários se organizam em escalas.

Depois da preparação, que foi o aspecto mais desafiador da implantação, e o teste, outra parte importante da iniciativa foi a mensuração. “Como uma empresa de dados, a gente também tem como parte da nossa cultura ser muito data-driven em tudo e medimos tudo o que pudemos. É preciso acompanhar [o progresso das iniciativas], e no apanhado geral o experimento trouxe mais impactos positivos”, diz Gian.

Ainda há espaço para evolução no modelo de 4 dias por semana, segundo o cofundador da Winnin. “O grande desafio é a comunicação, que não é exclusivo nosso, mas de qualquer empresa de crescimento acelerado. Outro desafio é que apesar de conseguirmos medir o resultado muito bem nos primeiros meses, essa disciplina na mensuração perdeu um pouco de tração nos meses seguintes, e precisamos retomar isso”, conta.

Assim como a Zee Dog, a Winnin coleciona relatos de colaboradores que conseguiram uma melhora significativa em suas vidas com a jornada semanal abreviada. “Escutamos muitas coisas legais do time, de gente que conseguiu ler um livro que estava parado, fazer um check-up médico, ir ao dentista. No final das contas, isso também é sobre você trabalhar o seu corpo, espírito para ser um profissional melhor”, pontua o CEO da empresa.

(Foto: PeopleImages via Getty Images)

OS DESAFIOS PARA O ECOSSISTEMA

Com mais de 600 mil seguidores no Instagram, o perfil Festa da Firma usa o humor como forma de descompressão do mundo corporativo, com memes que reproduzem muitas das situações corriqueiras do mundo startupeiro. Segundo um dos administradores, um trio de amigos que não revelam sua identidade, ainda há uma barreira cultural a ser rompida para que o modelo de 4 dias por semana seja amplamente difundido no ecossistema.

“Muitas empresas e seus funcionários ainda estão em processo de adaptação ao sistema de trabalho remoto/híbrido e, em diversos casos, mesmo com uma semana com 5 dias de trabalho é muito comum presenciarmos pessoas trabalhando 24/7”, diz o co-fundador do perfil, observando que em economias mais maduras com serviços públicos de qualidade – como saúde, educação e transporte – a semana abreviada com foco na qualidade de vida torna-se mais factível.

Como é possível equalizar abordagens como a semana de 4 dias e a cultura “sangue nos olhos” vista em muitas startups? Segundo o administrador do Festa da Firma, métricas de performance são a saída. “Será necessária a criação e acompanhamento de KPIs específicos, a fim de mensurar os resultados de cada área de acordo com suas necessidades. Como resultado de médio/longo prazo, a empresa deverá mirar e capacitar seus funcionários para que sejam o mais eficazes possível, [buscando] um maior resultado com menor carga horária”, pontua.

Apesar da adesão à semanas mais curtas ainda ser incipiente, o administrador do perfil que mostra “a firma como ela é” acredita que a evolução do modelo vai variar de acordo com o segmento de atuação e necessidades de cada empresa. “Mas já conseguimos notar que cada vez mais as pessoas buscam encontrar um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e certamente, empresas que implementarem tais medidas, largarão na frente, seja para atração de novos talentos ou até mesmo na retenção de seus top performers.”

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