Entenda como o filme Chappie (2015) levanta reflexões sobre ética e responsabilidade na inteligência artificial
Reprodução/Netflix
, Sócio e Consultor de IA na StartSe
7 min
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4 jul 2025
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Atualizado: 4 jul 2025
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Chappie, dirigido por Neill Blomkamp, é um filme de ficção científica que provoca reflexões sobre temas complexos ligados à inteligência artificial, a tão falada AGI, e o desenvolvimento ético de máquinas com capacidades humanas. Arrisco dizer que é um filme obrigatório para todos os amantes de tecnologia e que, sem dúvida, entra na minha lista de favoritos, muito por conta das reflexões que me trouxe enquanto assistia, inspirações que motivaram a escrita deste artigo.
De forma resumida, a trama explora um cenário em que robôs atuam como agentes policiais nas ruas, até que um desses robôs, batizado de Chappie, é danificado e destinado ao descarte.
No entanto, em uma reviravolta, ele acaba reprogramado com uma inteligência artificial altamente avançada, capaz de pensar, aprender e até mesmo sentir. Ao ser “adotado” por um grupo de criminosos, Chappie, com sua consciência em desenvolvimento e mentalidade semelhante à de uma criança, começa a vivenciar situações complexas que desafiam sua moralidade.
A história aborda questões filosóficas e existenciais, como a natureza da consciência, o significado da humanidade e a linha tênue entre criação e liberdade de escolha. São esses questionamentos que me cativaram, até mais do que a presença de astros como Hugh Jackman no elenco.
Antes de nos aprofundarmos na análise, vale destacar dois pontos mais técnicos:
O mais interessante em Chappie é a forma como o filme reflete, de modo metafórico, o impacto de se programar IAs em ambientes repletos de intenções e valores moralmente ambíguos.
Durante a história, Chappie é acolhido por um grupo de bandidos e, por ter a consciência de uma criança, está suscetível à influência daqueles ao seu redor. O grupo o manipula para auxiliar em assaltos, e Chappie, ao absorver toda a “sujeira” ao seu redor, enfrenta um dilema entre aceitar essas práticas como corretas, pois é o que aprendeu até então, e desenvolver um sentido de certo e errado que vai surgindo ao longo da trama.
Em outras palavras, uma AGI como Chappie não absorve apenas conhecimento, mas também vieses, o que a torna potencialmente perigosa ou injusta se introduzida em um ambiente humano sem restrições. Essa reflexão nos leva a questionar a responsabilidade:
A principal mensagem que me ficou foi a de um alerta para a necessidade de desenvolvermos métodos que desconstruam vieses, garantindo que as IAs sejam treinadas de forma ética e imparcial, evitando a reprodução de preconceitos humanos.
Isso demanda um esforço consciente para identificar e mitigar esses padrões, tanto no processo de criação da IA quanto em seu treinamento contínuo. Isso inclui a representação justa de diferentes grupos humanos e o monitoramento ativo para impedir que as IAs adotem atitudes discriminatórias.
Em um sistema em que a IA possui uma espécie de “autoconsciência”, como é o caso de Chappie, essa desconstrução torna-se ainda mais fundamental para assegurar que as decisões sejam éticas e alinhadas aos valores que desejamos proteger.
Cabe a nós, seres humanos, realizarmos uma força-tarefa para higienizar os dados com os quais futuros modelos de IA serão treinados. Embora ainda pareça um cenário utópico, não podemos nos cegar quanto a esse problema. Devemos refletir e agir para garantir dados sem vieses, e essa jornada começa agora, com cada um fazendo sua parte.
Leitura recomendada
Apesar de estarmos longe de alcançar a tão falada AGI, já dá pra levar essas reflexões para os modelos de inteligência artificial que a gente conhece. A StartSe tem vários programas e imersões focados em IA. No AI Max, por exemplo, você aprende com especialistas as melhores práticas para desenvolver e aplicar inteligência artificial responsável. Garanta sua vaga aqui.
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, Sócio e Consultor de IA na StartSe
Tiago é Sócio e Consultor de Inteligência Artificial na StartSe, atuando na capacitação de profissionais e empresas para a adoção estratégica de tecnologias de ponta. Formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UTFPR, possui sólida trajetória em UI & UX Design, inteligência artificial e desenvolvimento front-end, com forte atuação na prototipação e implementação de soluções de alto impacto. Reconhecido como LinkedIn Top Voice, contribui ativamente para a comunidade de tecnologia e design, compartilhando conhecimento com milhares de profissionais por meio de palestras, mentorias e conteúdo especializado.
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