A escolha vai além de um reconhecimento simbólico: ela que a inteligência artificial deixou de ser promessa e se tornou realidade produtiva nas empresas
capa da Time, referência à clássica foto "Men At Lunch" de 1932
, redator(a) da StartSe
15 min
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17 dez 2025
•
Atualizado: 17 dez 2025
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A revista Time nomeou os "Arquitetos da IA" como Pessoa do Ano de 2025. Mas a escolha vai muito além de um reconhecimento simbólico: ela marca o momento em que a inteligência artificial deixou de ser promessa e se tornou realidade produtiva nas empresas.
Toda escolha de Pessoa do Ano da Time carrega um significado que transcende o reconhecimento individual. Quando a revista escolheu "Você" em 2006, estava reconhecendo a revolução das mídias sociais e do conteúdo gerado por usuários. Quando escolheu o computador pessoal em 1982, estava marcando uma virada na história da tecnologia e dos negócios.
A escolha de 2025 — os "Arquitetos da IA" — não é diferente. Mas desta vez, a Time não está apenas reconhecendo uma transformação. Está declarando seu fim oficial como discussão teórica e seu início como realidade operacional.
A frase de Sam Jacobs, editor-chefe da Time, é direta e não deixa margem para interpretação: "2025 foi o ano em que o potencial completo da inteligência artificial entrou em cena, e ficou claro que não há volta ou como optar por não participar. Qualquer que fosse a pergunta, IA era a resposta".
Não é mais sobre "se" sua empresa deve adotar IA. Não é sobre "quando" começar a experimentar. É sobre como você está usando agora — porque todos ao seu redor já estão.
A Time optou por reconhecer pessoas, não a tecnologia em si. Na capa, recriando o icônico "Lunch atop a Skyscraper" de 1932, aparecem os líderes que estão definindo os rumos da IA: Mark Zuckerberg (Meta), Elon Musk (xAI), Jensen Huang (Nvidia), Sam Altman (OpenAI), Demis Hassabis (DeepMind), Lisa Su (AMD), Dario Amodei (Anthropic) e Fei-Fei Li (Stanford).
Cinco deles já são bilionários. Juntos, acumulam uma fortuna de US$ 870 bilhões, segundo a Forbes — boa parte construída nos últimos três anos de "febre da IA". A Time faz questão de comparar: não víamos uma concentração de poder econômico assim desde a Era Dourada (Gilded Age) do final do século XIX.
Há um momento que simboliza perfeitamente 2025: na semana da posse de Donald Trump, enquanto líderes de tecnologia americanos estavam em Washington, uma startup chinesa pouco conhecida chamada DeepSeek lançou um novo modelo de IA que, segundo relatos, rivaliza com os melhores modelos americanos. Os mercados reagiram imediatamente.
No dia seguinte, Sam Altman (OpenAI), Larry Ellison (Oracle) e Masayoshi Son (SoftBank) apareceram na Casa Branca para anunciar o Projeto Stargate: até US$ 500 bilhões para construir data centers de IA nos Estados Unidos.
A mensagem estava clara: a corrida pela supremacia em IA não é apenas comercial. É geopolítica. É estratégica. É definitiva.
Como a própria Time reportou, Sriram Krishnan — que ainda estava aguardando seu crachá oficial do governo — foi convocado à Casa Branca na primeira semana de Trump para fazer um briefing sobre o avanço da DeepSeek. A urgência era real.
Mas entre toda a narrativa geopolítica e a concentração de poder, há uma frase que deveria interessar profundamente a qualquer líder de negócios. Foi dita por Lisa Su, CEO da AMD:
"2025 é o ano em que a IA se tornou realmente produtiva para empresas".
Essa declaração marca uma mudança fundamental. Por anos, a IA foi sobre pilotos, experimentos, casos de uso específicos e muito marketing. 2025 foi diferente.
A Time traz exemplos concretos que ilustram o que Lisa Su está dizendo:
Na Nvidia, a maioria dos engenheiros agora usa ferramentas de IA em seu trabalho. Segundo Jensen Huang, isso ajudou a empresa a quase quadruplicar o número de chips que produz por ano, enquanto apenas dobrou o headcount.
Pare e pense nisso: produção 4x maior com apenas 2x mais pessoas. Esse é o tipo de ganho de produtividade que redefine indústrias.
Na Anthropic, engenheiros usam o Claude Code para ajudar a construir as próximas iterações do próprio modelo. Resultado? O Claude agora escreve até 90% do seu próprio código.
Na AMD, as mesmas ferramentas aceleraram os esforços para construir um ecossistema de software que rivalize com o da Nvidia.
O Cursor, fundado em 2022 por graduados do MIT, se tornou uma das startups de crescimento mais rápido da história com sua ferramenta de coding assistida por IA, atingindo US$ 1 bilhão em receita anual.
Michael Truell, CEO do Cursor, projeta que "uma das maiores histórias dos próximos um ou dois anos será os ganhos reais de produtividade dentro da engenharia de software e coding sendo aplicados mais horizontalmente" para outros setores da economia.
Se 2025 foi o ano em que a IA provou seu valor produtivo, 2026 é o ano em que essa produtividade se generaliza — ou em que o gap entre quem usa e quem não usa se torna intransponível.
Aqui estão as implicações práticas:
1. A régua de eficiência mudou
Se seus concorrentes estão usando IA para quadruplicar produção sem quadruplicar equipe, sua estrutura de custos está defasada. Não é sobre tecnologia — é sobre viabilidade competitiva.
2. Coding é só o começo
A observação de Truell é crucial: os ganhos começaram na engenharia de software porque o código é estruturado e verificável. Mas a aplicação horizontal está chegando. Marketing, análise de dados, atendimento, pesquisa — todas essas áreas estão vendo ferramentas equivalentes surgindo.
3. O talento está sendo reconfigurado
Quando o Claude escreve 90% do próprio código, o que significa ser "engenheiro de software"? Quando ferramentas de IA geram análises em segundos, o que significa ser "analista"? As funções não desaparecem — mas mudam radicalmente. Quem não se adapta fica para trás.
4. A escala de negócios será diferente
A Nvidia conseguiu escalar produção 4x com apenas 2x mais pessoas porque a IA multiplica o output individual. Isso muda completamente o modelo de crescimento de empresas. Você não precisa mais contratar linearmente para crescer linearmente.
5. Build vs. Buy se torna mais complexo
Com ferramentas de IA acelerando desenvolvimento, o tempo para construir soluções próprias caiu drasticamente. Isso reequilibra a decisão entre comprar software pronto ou desenvolver internamente.
A Time não fez uma matéria puramente celebratória. O texto é deliberadamente equilibrado, destacando custos reais:
"A quantidade de energia necessária para rodar esses sistemas drena recursos. Empregos estão desaparecendo. Desinformação prolifera à medida que posts e vídeos de IA tornam mais difícil determinar o que é real. Ataques cibernéticos em larga escala são possíveis sem intervenção humana".
E há a concentração de poder. "Há uma concentração extraordinária de poder entre um punhado de líderes empresariais, de uma maneira que não foi testemunhada desde a Era Dourada".
Data centers de IA devem representar 8% de toda a demanda de energia dos EUA até 2030, segundo o Goldman Sachs — eram 4% em 2023. Amazon, Microsoft, Google e Meta anunciaram planos de gastar combinados US$ 370 bilhões em 2025 apenas para construir data centers.
Isso não é abstrato. É infraestrutura física. É consumo de energia. É impacto ambiental. É reorganização geográfica — data centers estão migrando para onde há capacidade energética: fazendas eólicas do Texas, hidrelétricas da Noruega, reservas de petróleo do Golfo Pérsico.
Jensen Huang resumiu bem em sua entrevista à Time: "Cada indústria precisa dela, cada empresa a usa, e cada nação precisa construí-la. Esta é a tecnologia mais impactante do nosso tempo".
Não é hipérbole. É descrição.
A IA deixou de ser uma vertical tecnológica para se tornar infraestrutura horizontal. Assim como eletricidade, internet ou computação em nuvem, ela se torna parte do tecido operacional de qualquer organização.
A diferença é a velocidade. A eletricidade levou décadas para se espalhar. A internet também. A IA está fazendo isso em anos.
Vale lembrar: 75 anos atrás, um computador chamado Mark III apareceu na capa da Time. Era uma máquina de US$ 500 mil construída para a Marinha, que "rugia mais alto que um almirante" e estava ajudando cientistas a imaginar um novo futuro. A manchete? "The Thinking Machine" — A Máquina Pensante.
A Time conecta os pontos: "Estamos agora vivendo no mundo que a máquina pensante — e seus criadores — criaram".
Esta é a terceira vez que a revista reconhece um momento-chave da revolução tecnológica: o computador pessoal em 1982, "Você" (usuários de mídias sociais) em 2006, e agora os arquitetos da IA em 2025.
Cada uma dessas escolhas marcou um ponto de não-retorno. Depois do PC, o trabalho mudou. Depois das mídias sociais, a comunicação mudou. Depois da IA produtiva... tudo muda.
A escolha da Time não é apenas um reconhecimento. É um marcador temporal. Um "antes e depois" claro.
Antes de 2025: IA era experimental, promissora, cheia de potencial. Depois de 2025: IA é operacional, produtiva, inevitável.
Para líderes, a pergunta não é mais "devo investir em IA?" É "como estou usando IA para multiplicar a capacidade da minha equipe?" E "o que acontece se meus concorrentes estiverem ganhando 2x, 3x, 4x mais produtividade e eu não?"
Lisa Su deu o veredito: 2025 foi o ano em que ficou real. 2026 é o ano em que todos precisam estar dentro — ou ficarão definitivamente para trás.
A corrida não está mais começando. Ela já está acontecendo. E a Time acabou de registrar oficialmente que não há mais como fingir que não.
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