Empresas entregam excelência no presente — mas muitas fracassam em criar o futuro. Esse paradoxo, conhecido como ambidestria organizacional, pode ser a linha tênue que separa companhias que seguem relevantes por décadas daquelas que ficam pelo caminho.
Por que isso importa?
- Sobrevivência em jogo: apenas 30% das empresas familiares chegam à segunda geração e menos de 13% alcançam a terceira, segundo levantamento amplamente citado em estudos de sucessão empresarial nos EUA (Teamshares/SBA).
- Gap entre discurso e prática: relatório do BCG (Innovation Systems Need a Reboot, junho de 2024) mostra que 83% das empresas classificam a inovação como prioridade, mas apenas 3% estão prontas para entregar resultados consistentes.
- Investimento crescente: outro estudo da BCG (Companies Are Investing Heavily in Business Building, novembro de 2023) indica que empresas destinam em média 27% da receita anual para novos negócios de alto crescimento.
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O que trava a ambidestria
- Pressão de curto prazo: metas financeiras e cobranças de acionistas puxam quase toda a energia para eficiência imediata.
- Estruturas rígidas: equipes fixadas no “business as usual”, sem espaço para testar modelos novos.
- Cultura avessa ao risco: falhas são punidas, não tratadas como aprendizado.
- Inovação isolada: laboratórios ou áreas que não se conectam ao core e não escalam.
Exemplos de empresas que praticam ambidestria
No Brasil
- Ambev / Zé Delivery: criado em 2016 dentro da ZX Ventures (hub de inovação da Ambev), o Zé Delivery é um caso clássico de ambidestria. Funciona como startup digital — app de entrega direta ao consumidor — mas usa infraestrutura de produção e distribuição da Ambev.
- Magazine Luiza (Magalu): a empresa transformou lojas físicas em hubs logísticos para seu marketplace digital, criou o Luizalabs como polo de inovação e diversificou com aquisições em tecnologia. Equilibrar varejo físico robusto e ecossistema digital fez dela referência em omnichannel.
No mundo
- Amazon: exemplo clássico com a AWS. O negócio nasceu como exploração interna, ganhou autonomia e virou pilar central do grupo, convivendo com o varejo — hoje, core e novo caminham juntos.
- Microsoft: sob Satya Nadella, reverteu estagnação ao reforçar eficiência no core (Windows, Office) e escalar novas frentes (Azure, IA, GitHub). É apontada como case global de liderança ambidestra.
- Zara: mantém excelência em logística e custos enquanto renova coleções em ciclos curtíssimos, testando novidades com base em dados e ajustando rápido. Equilíbrio raro entre disciplina operacional e experimentação contínua.
Ambidestria não exige que a inovação seja sempre futurista ou separada. Pelo contrário: ela dá mais resultados quando a exploração está conectada à operação, permitindo aprendizado mútuo e escala real.
Como aplicar na prática (executivos no comando)
- Zonas de inovação conectadas: como o Zé Delivery dentro da Ambev, explorando novos modelos sem perder acesso a ativos do core.
- KPIs duplos: equilibrar métricas de margem e eficiência com indicadores de aprendizado e adaptação.
- Rotação de líderes: gestores que transitam entre áreas tradicionais e de inovação absorvem ambos os mundos.
- Orçamento flexível: reservar parte da receita para experimentos — conscientes de que nem todos geram retorno imediato, mas alguns mudam o jogo.
- Revisão de cases internos: olhar para sucessos e fracassos próprios para identificar barreiras culturais ou estruturais à inovação.
O que está em jogo
Não se trata de escolher entre manter o hoje ou construir o amanhã. Empresas ambidestras vivem os dois.
O futuro pertence às organizações que tratam crescer e inovar como responsabilidades iguais — não como privilégios de um laboratório isolado.
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