O fim dos gerentes médios está criando líderes inseguros e empresas ocas: por que o achatamento organizacional cobra um preço alto demais.
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, redator(a) da StartSe
8 min
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19 ago 2025
•
Atualizado: 19 ago 2025
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Na pressa por agilidade, inovação e menos “camadas”, empresas do mundo todo estão achatando suas estruturas organizacionais.
Inspiradas pelas Big Techs, eliminam níveis de gerência intermediária — em nome da eficiência.
Mas o custo dessa decisão pode ser invisível. E devastador.
Segundo a Fast Company, esse modelo vem erosionando o pipeline de liderança: profissionais são promovidos direto de funções técnicas para cargos estratégicos — sem nunca terem aprendido a liderar pessoas, gerir conflitos ou tomar decisões impopulares.
🔹 A liderança deixou de ser uma escada. Virou um elevador sem botão de emergência.
🔹 A McKinsey alerta que o “desaparecimento dos gerentes médios” compromete a execução da estratégia e o desenvolvimento de talentos.
🔹 Já o Business Insider mostra que empresas como Amazon, Microsoft e Meta vêm enxugando suas hierarquias — o que aumenta a autonomia, mas sobrecarrega líderes e deixa uma geração inteira despreparada.
🔹 O Financial Times adiciona um novo dilema: a geração Z simplesmente não quer cargos de gerência média. Vêem essas funções como "purgatórios" entre a criatividade e o caos operacional.
“Menos camadas” parece libertador. Mas quando ninguém mais prepara ninguém… quem ainda sabe liderar?
Estamos substituindo a escada do desenvolvimento por trampolins de visibilidade.
Profissionais que nunca lideraram times estão agora à frente de áreas inteiras — sem musculatura emocional, sem repertório de decisões, sem capacidade de dizer “não”.
O resultado?
Autonomia demais, preparo de menos.
Burnout, insegurança e uma nova forma de solidão corporativa: a liderança solitária.
A crise de liderança não é só uma falha de RH.
Ela revela algo maior: perdemos os rituais de amadurecimento no trabalho.
Num mundo onde tudo é imediato, também queremos líderes prontos em 6 meses — mesmo que sejam imaturos, ansiosos ou politicamente inábeis.
Como escreve Byung-Chul Han em Sociedade do Cansaço, “num mundo de positividade, o conflito se torna insuportável”.
E liderar é, sobretudo, administrar conflitos.
🔸 Nossa cultura organizacional ainda carrega o DNA da hierarquia rígida e do “chefe que manda”.
🔸 Mas startups e empresas digitais tentam copiar a fluidez do Vale do Silício — sem preparar os líderes para esse novo jogo.
Resultado?
Um vácuo perigoso: nem a autoridade do passado, nem a liderança do futuro.
Só profissionais exaustos, tentando liderar com base em e-books e frases de LinkedIn.
A horizontalidade organizacional não é o problema.
O problema é tratá-la como desculpa para não formar líderes.
Sem rituais, sem escadas, sem preparo real, vamos criar empresas ágeis… mas ocas.
E agilidade sem direção é só velocidade rumo ao colapso.
🔹 What We Got Wrong When We Tried Flat Management
📍 Fast Company
📝 Relato dos desafios enfrentados pela startup Buffer ao adotar uma estrutura 100% plana. A ausência de níveis intermediários gerou confusão, perda de clareza e dificuldade em sustentar decisões.
🔗 Leia aqui
🔹 3 Ways Flat Management Structures Can Kill Your Business
📍 Fast Company
📝 O artigo alerta para os perigos das organizações horizontais sem planejamento: excesso de autonomia sem accountability, líderes inseguros e perda de foco estratégico.
🔗 Leia aqui
🔹 The Vanishing Middle Manager
📍 McKinsey & Company
📝 Episódio do podcast McKinsey Talks Talent que debate como a extinção dos gerentes médios compromete a execução da estratégia e o crescimento de talentos nas empresas.
🔗 Ouça / leia aqui
🔹 Stop Wasting Your Most Precious Resource: Middle Managers
📍 McKinsey & Company
📝 Estudo mostra que os gerentes médios dedicam até 75% do tempo a tarefas administrativas — desperdiçando seu verdadeiro valor como formadores de cultura e conexão entre estratégia e execução.
🔗 Leia aqui
🔹 It’s Time to Rethink the Role of the Middle Manager
📍 McKinsey & Company
📝 A McKinsey argumenta que investir em gerentes intermediários bem preparados traz impactos reais em performance, inovação e retenção de talentos.
🔗 Leia aqui
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