Na era da inteligência artificial, liderar exige humildade para desaprender, coragem para questionar e fluidez para reconstruir. Quem não evoluir, será substituído.
Foto: Pexels
, redator(a) da StartSe
6 min
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12 jun 2025
•
Atualizado: 12 jun 2025
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“Qual é a sua vantagem competitiva, agora que o seu maior diferencial — conhecimento e experiência — pode ser superado por um algoritmo treinado em minutos?”
Essa pergunta, incômoda e urgente, está ecoando nas salas de conselho, nos grupos de WhatsApp de executivos e nos bastidores de grandes companhias.
O avanço acelerado da inteligência artificial está expondo um problema estrutural: a crescente desconexão entre o modelo tradicional de liderança e as novas exigências impostas por tecnologias exponenciais.
O que está em xeque não é apenas o domínio técnico de ferramentas de IA, mas a própria essência da liderança como conhecemos. As competências que em outros tempos definiram os executivos de alto escalão: visão estratégica, capacidade de análise, experiência setorial, estão sendo replicadas, aprimoradas e aceleradas por sistemas de IA generativa.
É que as máquinas não apenas aprendem mais rápido: elas não desaprendem.
Nos últimos 20 anos, o topo das organizações foi ocupado por líderes que chegaram lá acumulando know-how, tecendo redes de influência e consolidando práticas gerenciais repetidas com sucesso. Mas esse modelo presume um mundo relativamente estável, onde a experiência do passado serve de bússola para o futuro.
Esse mundo já não existe mais.
O ambiente atual é de reinvenção constante. Modelos de negócio são iterados em semanas, e a capacidade de adaptação passou a ser mais valiosa do que o acúmulo de experiências.
A IA acelerou esse processo: ela fornece insights em tempo real, conecta padrões ocultos e antecipa tendências com uma precisão impossível para a cognição humana.
O resultado? Líderes que antes brilhavam por sua capacidade analítica hoje se veem superados por assistentes virtuais.
Empresas que prosperam diante dessa nova realidade têm líderes com um traço comum: a habilidade de desaprender. Isso exige desapego, humildade e disposição para reconstruir a própria mentalidade.
Aqueles que ainda se apegam a fórmulas antigas estão sendo deixados para trás. Muitas vezes sem perceber.
Um estudo recente da Harvard Business Review mostrou que 67% dos CEOs entrevistados admitem “não compreender suficientemente o impacto da IA em seu setor”.
A mesma pesquisa revela que, entre os executivos que se dizem “à frente da curva”, apenas 12% realmente implementaram estratégias transformacionais com IA no core business. O resto ainda está preso em pilotos tímidos, iniciativas isoladas ou discursos de palco.
O novo papel do líder não é ser o oráculo que detém as respostas, mas o curador que formula as perguntas certas e orquestra talentos humanos e máquinas em tempo real. Isso exige uma combinação rara de repertório multidisciplinar, agilidade cognitiva e coragem de expor vulnerabilidades.
Liderar, agora, é navegar o desconhecido com uma bússola que se ajusta constantemente. Significa reconhecer que, muitas vezes, o estagiário com acesso ao ChatGPT pode ter mais capacidade de gerar valor em uma tarefa específica do que o diretor que passou 15 anos lapidando sua forma de fazer.
A próxima década exigirá lideranças capazes de se reconstruir continuamente. O conceito de “lifelong learning” passa a ser literal: quem parar de aprender, mesmo no topo, será substituído.
Não por um robô, necessariamente, mas por alguém que sabe como usá-lo melhor.
As empresas que entenderem isso primeiro não apenas sobreviverão: vão liderar a reinvenção do capitalismo para a era pós-humana. As outras continuarão promovendo líderes obsoletos e esperando resultados diferentes.
Pergunte a si mesmo:
Provocar respostas e novas perguntas pode dar a você a dimensão do quanto isso é relevante AGORA para a sua organização ou carreira.
Num paralelo muito próximo para quem viveu a era da informatização dos negócios, tem gente digitando enquanto você datilografa.
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Jornalista e Copywriter. Escreve sobre negócios, tendências de mercado e tecnologia na StartSe.
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