Potencial disruptivo das fintechs é maior no Brasil, diz CEO da Creditas
Por Sílvio Crespo
12 de Maio de 2017 às 18:25 - Atualizado há 4 anos

Transmissão exclusiva: Dia 08 de Março, às 21h
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O potencial de disrupção do setor financeiro é maior no Brasil do que em países desenvolvidos, na avaliação de Sergio Furio, CEO da Creditas.
A startup recebeu um aporte de R$ 60 milhões em fevereiro e, com isso, já é uma das fintechs que mais captaram investimentos no país. Contando com os aportes anteriores, eles já receberam R$ 90 milhões no total.
Para Sergio, o potencial de disrupção é maior por causa da baixa concorrência entre os bancos e da ineficiência dos processos. Com isso, os custos dos serviços financeiros no Brasil é muito alto, o que é uma oportunidade para fintechs.
Ele conta que a Creditas consegue reduzir o custo de uma dívida dos consumidores de 250% ao ano para 25% ao ano. É uma queda de mais de 200 pontos percentuais.
Já nos Estados Unidos, como a taxa de juros é bem mais baixa, as empresas que usam modelos de negócio parecidos reduzem as dívidas de 12% para 7% ao ano, uma queda de 5 pontos percentuais.
Sergio é espanhol e passou longa temporada no mercado financeiro de Nova York. Conversei com ele esta semana sobre empreendedorismo, o ecossistema de fintechs no Brasil e no mundo, e falamos também da Creditas. Veja a entrevista abaixo.
Quais foram os maiores desafios da Creditas desde a sua fundação?
Sergio Furio: No começo, a gente tinha pouco acesso a capital. Eu banquei a operação durante praticamente um ano e meio, de abril de 2012 a outubro de 2013.
Por conta disso, a gente escolheu um modelo de entrada no mercado, focado muito na educação financeira. Consistia em encontrar clientes para instituições financeiras.
Originalmente, o BankFacil [antigo nome da Creditas] era um jeito fácil de interagir com os bancos. A ideia era que entregando uma melhor educação para o cliente e uma melhor experiência íamos conseguir reduzir os custos de captação de clientes das instituições financeiras e com isso conseguir uma redução do custo dos serviços financeiros em si.
Mas instituições financeiras estavam ineficientes em conversão de clientes, ou seja, em pegar as informações que a gente enviava para elas e gerar negócios.
Então no final de 2013 a gente tomou a decisão de fazer duas coisas: primeiro, a gente focou no crédito com garantia como um produto muito eficiente para poder derrubar a taxa de juros da dívida dos brasileiros.
A segunda decisão foi de que não bastava criar tratar a primeira camada de interação com o cliente, e sim era preciso criar uma plataforma de ponta a ponta. Uma plataforma digital que entregasse crédito para o cliente final.
Com isso nós conseguimos oferecer uma taxa de 1,15% ao mês mais inflação, que é muito abaixo da média dessa indústria.
Durante essa trajetória, houve algum erro ou alguma coisa que, se vocês pudessem voltar no tempo, fariam diferente?
SF: Sim. Acho que nós demoramos a escutar o feedback dos investidores potenciais. Eles diziam que essa camada de marketing era muito difícil de implementar no Brasil.
Então a gente ficou mais de um ano focando em ter uma plataforma de educação financeira muito boa, que finalmente se mostrou não ser o mais relevante. Era muito mais relevante construir uma plataforma de ponta a ponta. Por isso so em 2015 nós recebemos os fundos série A, de R$ 25 milhões – e por sinal dos mesmos investidores que eu tinha demorado a escutar.
Outro erro foi que a gente pensava nossa plataforma somente como tecnologia. A ideia era criar a tecnologia e o cliente faria tudo ali dentro. Isso foi um erro, porque no final de 2014 a gente percebeu que a construção de uma plataforma digital de ponta a ponta iria demorar anos.
Então o que começamos a fazer foi contratar pessoas para falar com os clientes. Ou seja, colocar pessoas onde a tecnologia ainda não estava chegando. Isso é muito mais eficiente e permite um aprendizado muito mais rápido.
Como o senhor descreve o ecossistema de fintech no Brasil hoje, em comparação com outros países?
SF: É um ecossistema muito mais novo em comparação com Estados Unidos, Europa e China, que são muito maduros porque são empresas que começaram em 2007.
Outra característica do mercado brasileiro é que aqui o potencial de disrupção é muito maior do que nos países desenvolvidos.
Nos EUA, os juros no cartão de crédito estão a 10%, 12% ao ano. As empresas que estão fazendo uma disrupção no setor de crédito nos EUA reduzem esse custo para 7%.
Agora, no mercado brasileiro, o consumidor tem um custo no cartão de crédito de 250% ao ano. E o que nós fazemos? Nós colocamos para o cliente um custo de 25% ao ano. É uma redução de mais de 200 pontos percentuais.
O mercado americano é muito maior, com um volume de crédito 30 vezes superior ao brasileiro. O potencial do mercado brasileiro, portanto, não se deve ao volume, e sim à margem. Por isso eu digo que as fintechs brasileiras devem ficar entre as maiores do mundo.
Quais perspectivas vocês veem para a Creditas hoje, depois desse último aporte de investimentos e do FIDC recém lançado?
SF: A gente recebeu R$ 3 milhões em 2013; R$ 25 milhões em 2015 e R$ 60 milhões agora em 2017.
Esse valor que recebemos agora está muito focado em melhorar a plataforma de tecnologia. Já temos uma plataforma de ponta a ponta, mas temos muitas partes que precisam ser automatizadas, experiências que precisam ser melhoradas etc. Então nosso desafio está em atração de talentos em tecnologia, data science e analytics.
Outra peça desse crescimento é o FIDC (fundo de R$ 50 milhões que a Creditas lançou para captar dinheiro que será emprestado aos clientes). A gente espera conseguir parceiros para esse funding no prazo de seis a sete meses.
Também estamos pensando na expansão da nossa base de produtos. Hoje nós temos dois produtos: o refinanciamento de carros e de casas. Estamos pensando muito em lançar também um refinanciamento de reformas e um financiamento para compra de veículos.
Nosso objetivo é manter o ritmo de crescimento atual, ou seja, continuar triplicando de tamanho a cada ano. Queremos manter esse ritmo nos próximos 3 a 4 anos.
Saiba como fazer parte desse ecossistema
Para fazer parte do ecossistema global de fintechs, você pode cadastrar sua startup na MEDICI e na Startse Base.
A MEDICI é uma base de dados que conta hoje com mais de 7.000 fintechs de todo o mundo. Ela pertence à Let’s Talk Payments (LTP), empresa global de conteúdo e pesquisas sobre o setor.
A StartSe Base é a maior base de dados de startups do Brasil, com mais de 5.000 empresas cadastradas.
Registrando a sua fintech nas duas, ela vai ganhar visibilidade junto aos principais investidores nacionais e estrangeiros.
Sobre a Let’s Talk Payments
A Let’s Talk Payments (LTP) é a principal plataforma de conteúdo e pesquisas sobre fintechs no mundo. Mais de 400 instituições financeiras e 90 programas de inovação recorrem à LTP para obter informações sobre as empresas que estão disruptindo o setor financeiro.
Esta entrevista foi realizada por Sílvio Crespo, colaborador regular da LTP, focado no mercado de fintechs do Brasil. Ele é CEO da SGC Conteúdo e autor do blog Dinheiro pra Viver.
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