A Tesla não está rompendo com nada no mercado de automóveis
Por Lucas Bicudo
9 de março de 2016 às 18:47 - Atualizado há 6 anos

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Se existe uma palavra que é frequentemente utilizada para caracterizar a Tesla no mercado, essa palavra é “disrupção”. A questão é que se trata de uma companhia que cada vez mais levanta a bandeira dos carros elétricos e que hoje, está devidamente motivada a mudar o curso de como lidamos com o conceito de transporte, mirando um futuro cheio de alternativas mais práticas e sustentáveis.
O CEO Elon Musk já divulgou sua visão para a Tesla de 2020. E sabemos que a ideia do chefão não é apenas produzir uma série de carros elétricos e fazer um balanço geral de receitas no fim do mês; ele quer mais… quer acelerar o processo de independência da era do combustível fóssil para toda a humanidade.
Por isso a Tesla é, em teoria, disruptiva. Por isso essa palavra está na boca de analistas que dizem que a companhia é um híbrido entre uma fábrica de automação e uma de tecnologia. Andrea James, da Dougherty & Co., relatou à Bloomberg TV, após fazer um test drive no novo modelo SUV X, que “a presença de um produto Tesla no mercado muda o curso do pensamento das pessoas e de como as coisas são desenvolvidas”.
De fato, a Tesla tem sido uma impulsionadora de inovações. Carros autônomos, digitalização dos controles de veículos, catalisação de energia por meio de baterias sustentáveis… Mas o mercado ainda age como décadas atrás. Nos últimos 100 anos os veículos foram produzidos da mesma maneira – é claro que a tecnologia aperfeiçoou alguns features com o passar do tempo -, mas ainda vemos a produção no molde de quatro rodas e abastecida por gasolina (ou, no caso do Brasil, etanol).
E aí chegamos em uma discussão importante, que bota em cheque toda a adjetivação recentemente utilizada para caracterizar as virtudes da companhia: mesmo que a Tesla chegue na meta de seu CEO para o ano de 2020, ainda estará rodando 500 mil veículos anualmente, enquanto a gigante GM, só nesse primeiro trimestre de 2016, já colocou mais de 3 milhões de carros no mercado. A esmagadora maioria usando gasolina.
Portanto, esse é um grande ponto que nos impede de dizer que a Tesla está rompendo com todas as estruturas vigentes no mercado de automóveis. Seu Model S foi um carro muito vendido apenas dentro do segmento de luxo e, somado ao fato de que existem pessoas que compram um Tesla só por ele ser um Tesla, o argumento de que a marca está mudando o curso do mercado fica difícil de se sustentar.
Seus consumidores são fiéis, mas eles compram um veículo Tesla porque ele é sofisticado e não porque ele é futurista. Menos de 0,5% de todos os veículos vendidos em 2015 carregavam o selo da marca, o que faz da companhia uma especialista em um hyper-nicho do público – e não no mercado em termos gerais.
É também interessante lembrar que grande parte dos consumidores, hoje em dia, não estão interessados em carros elétricos. Isso porque a tecnologia ainda requer uma certa adaptação infra estrutural, com garagens capazes de recarregar veículos elétricos em uma velocidade considerável. Não é simplesmente pegar o carro e sair por aí. É claro que todo esse cenário pode mudar, mas será a demanda do consumidor que irá ditar isso e não intenções disruptivas de uma marca completamente segmentada.
E provavelmente Elon Musk e seu time têm ciência disso. O romantismo por detrás dos rótulos creditados à Tesla ficam a cargo de seus seguidores mais aficionados. A provável mensagem abrigada no discurso do CEO é transformar a marca em apenas “o primeiro passo da transformação” – e não no estágio final da disrupção. Uma prova de que um novo conceito de veículos pode ser tão funcional quanto ao que estamos habituados – mesmo que não esteja ainda atraindo de fato um número expressivo de compradores.

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