Leonardo e Thiago Guedes, da CowMed, levaram inovação às fazendas de leite

Por João Ortega
26 de fevereiro de 2019 às 16:14 - Atualizado há 3 anos

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Empreender sempre requer sair da zona de conforto. Para os irmãos Leonardo e Thiago Guedes, esta saída foi no sentido literal. Os engenheiros de Santa Maria, cidade de quase 300 mil habitantes no Rio Grande do Sul, “arregaçaram as mangas” e decidiram empreender no campo. Eles desenvolveram uma coleira inteligente que monitora a ruminação de vacas leiteiras e consolida informações valiosas sobre a saúde dos animais, o que influencia diretamente na qualidade do leite.
A tecnologia surgiu como um projeto de faculdade, em 2011. Ao ver o potencial que ela teria, Leonardo levou a ideia a Marcelo Cecim, um professor veterinário da Universidade Federal de Santa Maria. De mentor, Cecim passou a sócio dos irmãos no empreendimento.
Depois de um ano de estudo e análise de dados, a ideia se tornou uma startup: na época Chip Inside, que depois virou CowMed. A agrotech foi incubada dentro da Universidade Federal de Santa Maria e o primeiro protótipo foi lançado ainda em 2012.
Pedras no caminho
“Ficamos dois anos sem nenhuma receita e chegamos ao momento de transformar o protótipo em um produto”, diz Leonardo. De mil coleiras produzidas, a maioria foi devolvida por problemas técnicos: permitiam entrada de água no sistema e não resistiam a batidas.
“O difícil é fazer o simples”, conta Leonardo, sobre um episódio que representa como as soluções podem estar mais próximas do que se imagina. “Eu comecei a criar três máquinas: uma para bater a coleira, outra para molhar a coleira e uma terceira para agitar a coleira, testando assim a resistência do produto. Foi aí que meu irmão me perguntou: ‘Léo, por que você não joga ela na máquina de lavar roupa?’”.
Os empreendedores lavaram muitas coleiras em uma máquina doméstica até chegar a uma que fosse resistente a todas as adversidades que uma vaca pudesse encontrar no pasto. Foi só em 2015 que a startup lançou oficialmente seu produto – mas não deu certo. O modelo de negócio, com a venda de coleiras e do sistema de monitoramento, comprovou-se caro e assustou a maioria dos produtores de leite. “A gente quebrou”, relembra Leonardo Guedes. “Em um ano, vendemos coleiras para apenas duas fazendas”.
A coleira inteligente
Leonardo e Thiago decidiram vender parte da empresa a investidores por um valor suficiente para manter-se por mais seis meses. Foi nesse curto período, “com a corda no pescoço”, que desenvolveram um novo modelo de negócio e encontraram o nome certo para a agrotech: CowMed.
Ao invés de vender a coleira individualmente, a CowMed fornece, com uma taxa de adesão e pagamento mensal por animal, a análise remota do rebanho. O hardware identifica os padrões de ruminação e ócio (momentos em que a vaca não rumina nem caminha) e o software relaciona os dados com possíveis doenças. Caso alguma anomalia seja identificada, a CowMed entra em contato com o produtor e este pode tratar o problema com antecedência, o que seria impossível com métodos tradicionais. Além disso, o sistema também identifica os ciclos vitais das vacas, indicando quando ela está no cio, por exemplo.
As mudanças deram certo. Em um ano com o novo modelo de negócio, já havia no sistema mil vacas leiteiras sob monitoramento. Hoje, são cerca de 15 mil animais espalhados por fazendas em onze estados brasileiros. A agrotech recebeu um investimento de cerca de R$ 4 milhões do fundo Criatec.
“O nosso produto impacta toda a cadeia leiteira. Desde as vacas, que ficam mais saudáveis e muitas vezes seriam abatidas não fosse pelo nosso sistema, passando pelos produtores e distribuidores, que tem maior controle de qualidade sobre o produto final, até o consumidor, que recebe um leite melhor”, explica o empreendedor.
Empreendendo fora da cidade
Assim como nas cidades, os negócios do campo estão buscando inovação. O ritmo não é tão acelerado, mas novas tecnologias procuram o enorme mercado em torno do agronegócio. “Em 2011, mal havia resultados no Google se eu pesquisasse por pecuária de precisão”, relembra Leonardo. Hoje, já é um termo comum a empreendedores que buscam maior eficiência neste mercado.
Segundo o engenheiro, entender o mercado fora dos centros urbanos requer muito estudo antes da ação. “Eu demorei quase quatro anos para compreender o negócio do campo”, diz.
A grande chave para o sucesso, no entanto, retorna à noção de que empreender é sair da zona de conforto. “É preciso arregaçar as mangas. A gente cria muita coisa aqui dentro, mas onde gera valor de verdade é lá no campo. É quando acorda cedo, viaja até a fazenda e coloca coleira em vaca. É ali que tudo acontece de verdade. Não dá para conhecer o campo pela internet”, completa Leonardo.

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