Por que o Brasil não tem nenhuma empresa entre as mais inovadoras do mundo

Por João Ortega
13 de março de 2020 às 16:05 - Atualizado há 12 meses

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A revista norte-americana Fast Company divulga, anualmente, um ranking das empresas mais inovadoras do mundo. Na última lista, o Brasil tinha um representante: o Nubank, que ficou na 36ª posição. Em 2020, porém, nenhuma empresa brasileira entrou na relação da revista norte-americana — apesar de o país ter sido o terceiro a criar mais unicórnios no ano passado.
Aliás, para não dizer que o Brasil ficou totalmente de fora do ranking, a Brex, fintech fundada por brasileiros no Vale do Silício, alcançou o 27º lugar.
Para identificar os motivos pelos quais empresas brasileiras não figuram entre as mais inovadoras é preciso, primeiro, analisar o veículo de mídia que define o ranking. A Fast Company é uma revista dos EUA voltada ao mundo corporativo e, portanto, não é surpresa que sete dos dez primeiros lugares sejam ocupados por empresas norte-americanas (incluindo a Snap, que ficou na liderança). No entanto, a Fast Company colocou, em 2019, a chinesa Meituan Diaping no topo da lista — o que mostra que os jornalistas também olham com atenção para os players do exterior.
A seguir, assumindo que a revista avalia todos os mercados de forma justa, surge a pergunta: o que há de tão inovador nos EUA para que o país domine as primeiras posições do ranking? Se a resposta fosse apenas a concentração de capital em fundos de investimento, a China, por exemplo, teria maior presença na lista. Porém, além das representantes norte-americanas, estão no Top 10 uma empresa da Coreia do Sul (Big Hit Entertainment), uma do Canadá (Shopify) e uma da Áustralia (Canva) — e nenhuma chinesa.
O conjunto dos fatores que tornam os EUA tão dominantes em inovação quando comparados ao resto do mundo podem ser resumidos em uma única palavra: mindset. De acordo com Nelson Nectoux, head de educação executiva na StartSe University, o Vale do Silício deve ser considerado um mindset em si, e não uma região do estado da Califórnia. Embora esta mentalidade esteja chegando aos empreendedores do Brasil, ainda falta um longo caminho para que o ecossistema nacional se equipare ao do Vale — como comprova o ranking da Fast Company.
Mindset do Vale do Silício
O ecossistema do Vale do Silício é formado por grandes empresas, startups, incubadoras, aceleradoras e investidores. Cada uma dessas partes se relaciona com as demais de uma forma colaborativa, focando nas pessoas e, segundo Nectroux, “com o entendimento de que o mundo não é apenas o digital, mas também o offline”. Estes fatores, aliados à abundância de recursos financeiros (se o Vale fosse um país, ele estaria entre as 20 maiores economias do planeta), cria um cenário positivo para a prosperidade e inovação.
Segundo Brian Chesky, cofundador do AirBnb — uma das startups mais importantes que nasceu do Vale do Silício — a cultura de uma empresa é o fator mais relevante no mindset do Vale. “Quanto mais forte a cultura, menos processo corporativo a empresa precisa. Quando a cultura é forte, você pode confiar que todos farão a coisa certa”, resume o empreendedor.
Para Sundar Pichai, CEO do Google, a palavra de ordem no Vale do Silício é diversidade. “Uma diversidade de vozes leva a melhores discussões, decisões e resultados para todos”, afirma o executivo. Ele é apoiado por diversas pesquisas que comprovam que ter equipe e liderança diversa atrai, na média, lucratividade maior.
“Na comunidade do Vale do Silício, as pessoas estão mais dispostas a tomar riscos”, destaca Nelson Nectoux. “Além disso, aqui se valoriza liberdade com responsabilidade em detrimento a comando e controle. Todos esses fatores, somados à uma visão de longo prazo, constituem o mindset do Vale”.

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